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Mais um mês se passou e por sorte os enjôos foram embora. Eu estou me olhando no espelho, a barriga começou a aparecer, também cinco meses e não ter nada seria estranho, ontem nós fomos ao médico ver se é menino ou menina, o Leon vai fazer aqueles chás revelação prós seguidores dele, que estão super empolgados. Já adianto é uma menina, eu fiquei responsável por saber primeiro o que é.

Esses exames mexem comigo de uma forma que eu não suporto, parece que cada vez que você ouve o coração, ou vê como se desenvolveu piora o sentimento.

Eu deveria estar feliz, mas infelizmente não estou, e pra piorar o Leon está estranho, eu não sei o que aconteceu e ele não fala, ele diz que está tudo bem. Hoje ele está na casa dele.

Sabe aquele momento que você vê que fez merda, sou eu neste exato momento e isso está me deixando muito nervosa, porque eu acabei pensando em algo que eu ainda não tinha pensado. Como eu vou ir embora, a mãe dele vai me odiar se eu for embora, vai ser como se eu estivesse abandonando o meu bebê, e no fim é literalmente isso.

Estou andando de um lado pro outro no quarto, e acabo tomando um susto quando a Mari entra.

– Meu Deus, eu bati na porta não sei quantas vezes.– ela entra no quarto e fecha a porta em seguida.

– Desculpa, eu não ouvi.

– O que você tem, parece nervosa.– ela diz se sentando na beirada da minha cama.

– Nada.– eu sento para tentar me acalmar.

– Valie, não adianta mentir pra mim, eu sei que você não tá bem.– eu a olho– Você não acha que compartilhar o que você sente vai te fazer bem?

– Eu não sei o que eu sinto.– eu digo e desvio o olhar.

– Que tal começar, falando o por que você está nervosa exatamente agora.

O conflito interno de falar ou não, assumir um sentimento que nem eu entendo direito as vezes é bem complicado. Eu respiro fundo e resolvo falar.

– Eu não tinha pensado em como seria depois que o bebê nascesse.

– Me explica melhor.

– Eu não tinha pensado que, ir embora depois que o bebê nascer, pra tia Marta vai ser como se eu abandonasse ele e o Leon.

– Entendi, e você acha que tem alguma coisa que você poderia mudar?

– Ficar.– a reação que a Mari teve, é exatamente a que eu imaginaria que ela teria, me olhar com espanto.

– Você não pode estar falando sério.

– Então o que eu faço?– pergunto desesperada.

Eu vejo ela respirar calmamente, enquanto parece que ela está pensando em algo. Agora ela me olha daquele jeito de quem vai arrancar todos os segredos da minha alma.

– Não é só isso.– assim que ela diz, eu me espanto– Existe mais alguma coisa, você não está contando alguma coisa.

Ela espera que eu responda algo, mas eu escolho ficar calada, é melhor, assim eu consigo manter melhor o segredo.

– O bebê é seu, não é?– eu arregalou os olhos em choque– Eu sabia que tinha alguma coisa, é por isso que você está tão tensa ultimamente.

– Não, não é.– eu tento contornar a situação, mas ela me interrompi.

– É sim, dá pra ver, é por isso que você está tão mal, é seu filho.

– Mari, por favor, não fala isso, ninguém pode saber.– digo por fim desistindo de mentir pra ela.

– Valérie, olha pra mim.– eu a olho nos olhos– Por que?

– Por que o que?

– Por que você fez isso, se seu sonho sempre foi ter um filho, por que você está dizendo que esse bebê não é seu?

– Meu sonho sempre foi ter uma família com o Leon, já que eu nunca vou ter isso eu resolvi que seria uma boa ideia realizar o pedido dele, pelo menos alguém ia ficar feliz.– eu falo de uma só vez– Eu pensei que eu iria ficar  bem.

Ela não responde, parece que está analisando a situação, eu também estou fazendo isso, e não está me ajudando em nada, cada vez eu me arrependo mais.

– Eu não sei o que te falar.– ela diz por fim.

– Não precisa falar nada, já foi não tem o que fazer.– eu respiro fundo– Só não conta pra ninguém por favor.

Ela parece pensar antes de responder.

– Tudo bem, eu não conto, mas já vou avisando que isso é muito injusto com os seus pais e com o Valério.

– Eu sei, mas mesmo assim é melhor.

Eu me levanto e vou até o banheiro lavar o rosto, pra ver se melhoro.

– Já sobre o outro assunto.– ela torna a falar– Você deveria conversar com ele e ir contar a verdade para Marta, pelo menos um lado da história vai ficar bem.

– Você acha que ela vai aceitar bem essa história.

– Conhecendo ela, acho que sim, acredito que vá ficar talvez um pouco mais feliz, sabendo que vocês fizeram isso por ela. E eu acho que ela não vai te julgar, se é isso que você está imaginando.

– Certo então é isso que eu vou fazer, me leva na casa do Leon.

– Claro, o Valério já deve ter chegado.

– Vocês não vieram juntos?

– Não, eu vim de táxi logo depois do trabalho e disse pra ele que se ele chegasse não era pra subir, porque eu queria conversar com você em particular.

– Obrigado.– eu falo e a abraço.

Nós descemos, e realmente o Valério já chegou, ele está sentado no sofá olhando concentrado para o celular.

– Oi.– a Mari diz e ele ergue a cabeça.

Ele se levanta guardando o celular, e vem em nossa direção abraçando as duas de uma vez, em seguida ele da um selinho na Mari, e depois me olha.

– Você estava chorando?– ele me pergunta.

– Não.– digo rápido.

– Tá, vou fingir que acredito.– ele nós solta e vai sentar no sofá novamente– E o que nós vamos fazer de bom?– pergunta sorrindo.

– Me leva na casa do Leon.– o sorriso some do rosto dele.

– Sério isso, você vai me pedir pra te levar na casa dele, justamente hoje que ele finalmente não está aqui.

– Por favor, é rápido, é que precisa ser pessoalmente, e eu tô com preguiça de ir andando.– ele olha pra Mari buscando algum tipo de apoio, mas ela confirma que é pra fazer o que eu pedi.

– Okay, vamos logo.

Eu já tinha mandado mensagem avisando ele, mas eu mandei outra, e ele disse que está me esperando.

Mais uma ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora