Enfim sexta-feira, finalmente o Leon vai vir, eu sei que eu não deveria estar com saudade dele, mas quando você está acostumada a ver uma pessoa todos os dias, ou ficar no máximo uma semana sem ver ela pessoalmente, você sente saudade, isso me preocupa, porque quando eu me mudar eu vou ficar muito tempo sem ver ele.
A parte engraçada sobre a saudade é que você não sente de todo mundo, por exemplo eu não sinto saudade dos meus pais, eu posso ficar meses sem ver eles (o que já aconteceu, quando o Valério, a Mari, o Leon e eu, fomos fazer um mini intercâmbio de três meses nós estados unidos, para aprimorar o idioma) e não vou sentir nada, já do meu irmão eu sentia muito mais, depois que ele casou e mudou, no começo eu ficava muito mal, porque não tinha mais ninguém em casa quando eu voltava da faculdade, mas eu me acostumei. Agora o Leon, pensar em ficar sem poder abraçar ele é torturante, o máximo de tempo que eu já fiquei sem ver ele foram duas semanas, e é uma dor estranha, algo difícil de se acostumar. Eu preciso começar a tratar isso na minha mente se não eu não vou ficar bem, eu não vou conseguir concluir meus planos.
A campainha toca, eu vou em direção a porta, assim que abro e o vejo, eu o abraço.
- Saudade?- ele pergunta.
- Muita.
- Eu também.
Ele cheirou meu pescoço, me fazendo sentir cócegas.
- Você tá cheirosa.
- Acabei de tomar banho.- falei me soltando dele e entrando em casa.
- Devia ter me esperado.- ele me olhou dos pés a cabeça- E de pijama?
- O que tem.
- Você não pode atender a porta de pijama, e se fosse um tarado.- ele diz indignado.
- Para de drama, eu sabia que era você.
- Podia não ser.
- Tá com fome?- eu perguntei, mudando de assunto.
- Não muita, mas eu pensei em pedir alguma coisa pra gente comer.- ele responde felizmente aceitando mudar de assunto.
- Eu já pedi.
Ele me olha um pouco surpreso, realmente não é normal eu escolher o que comer sozinha.
- O que você pediu?
- O hambúrguer daquele lugar que você gosta.
- Caramba, eu ia falar pra gente comer isso.
Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, uma buzina toca, anunciando o entregador. O Leon vai pegar os lanches, depois disso nós vamos pra cozinha e comemos.
- Até refrigerante, que milagre em.- ele diz.
- Só de vez em quando.
Ele me olhou por um estante e pareceu lembrar de algo.
- Você está se sentindo bem?
- Sim, por que?
- O seu irmão me mandou uma mensagem estranha, eu até pensei que você tivesse contado, mas ele não foi até lá me matar, então eu tive certeza que não.
- O que ele falou?
Eu pergunto, lembrando que no domingo, no almoço em família, eu realmente não estava nada bem, e estava muito difícil disfarçar.
- Ele perguntou o que eu tinha feito com você.
- E o que você respondeu?
- Nada, eu imaginei o que fosse, que você estivesse se sentindo mal.- ele olhou em volta- por causa de você sabe o que.
- Foi exatamente isso que aconteceu. E por que você está olhando em volta?
- Eu estava vendo se não tinha ninguém por aqui, seus pais não voltaram.
- Voltaram, mas eles estão no trabalho e hoje é sexta, eles vem mais tarde.
Nós jogamos o lixo e fomos pro meu quarto, eu me joguei na cama.
- Você tá muito cansada ultimamente, não?
- A culpa não é minha.- eu falei me ajeitando na cama e ligando a televisão.
- Eu sei.- ele deita na cama se apoiando em um braço e olha pra minha barriga- Posso?- eu digo sim com a cabeça, ele levanta a minha camisa, deixando a minha barriga de fora e passa a mão- É por causa desse bebezinho que você está gerando.
Eu não falo nada, só aprecio a cena, não existe barriga de gravidez, ela não cresceu absolutamente nada, mas mesmo assim ele está fazendo carinho, agora ele deu um beijo e começou a falar com o bebê.
- Ei filha ou filho, tenta não deixar a V tão enjoada, ela é muito importante pra mim, e pra você também, eu não quero que ela fique doente.
Eu quero chorar, eu tenho certeza que acabou de escorrer uma lágrima pelo meu olho, eu logo a seco, e tento encontrar força pra falar.
- Eu acho que ele não tem como fazer nada.
- Provavelmente não, mas não custa tentar.
- Ele não deve nem te ouvir.
- Eu estava estudando sobre bebês, aí eu li em um artigo que eles ouvem na barriga.
Uau, eu li em um artigo, é algo que eu não esperava que o Leon falasse, ele não é a pessoa que mais gosta de estudar, é legal ver ele realmente empenhado em ter um filho.
- Você realmente está super empenhado nisso, não é mesmo.
- Eu falei que eu ia ser um bom pai, e eu vou fazer de tudo pra ser.
- Você acha que é menino ou menina?
- Eu queria que fosse menino.- eu também penso na minha cabeça.
- Por que?
- Porque falam que os meninos parecem com as mães e as meninas com os pais.- eu não sou a mãe, ele me olha percebendo o que falou- Eu só queria que se parece com você.- ele deita a cabeça na minha barriga- E você acha que é o que?
- Menina, eu acho que é uma menina.- eu repito fundo- Infelizmente.- essa parte falei em um sussurro pra mim mesma.
Ele ajeita a minha camisa e levanta.
- Eu vou tomar um banho rápido, enquanto isso escolhe alguma coisa pra gente assistir.
Ele foi pro banho, e eu fiquei escolhendo alguma coisa, como é possível que existam tantos filmes e séries, e você nunca consiga escolher nada, parece que eu já vi tudo que eu gosto, no fim acabo desistindo, quando o Leon sair do banho ele escolhe.
Ele saiu do banho e deitou ao meu lado, eu abracei a cintura dele e coloquei a cabeça em seu peito, ele escolheu qualquer coisa que eu não tenho noção, porque literalmente em segundos eu estava dormindo.

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Mais uma Chance
RomanceAté onde você iria pela sua amizade, deixaria seu sonho de lado e realizaria o pedido do seu melhor amigo, é exatamente isso que Valérie faz, adia o seu sonho de ir para Paris abrir sua própria loja para realizar o pedido do melhor amigo dela, mesmo...