Mais uma Chance

26

Nós chegamos em literalmente cinco minutos, a Mari e o Valério ficaram no carro, enquanto eu ia falar com o Leon.

Eu não precisei nem chamar, ele já estava me esperando na porta, eu cumprimento ele com um beijo no rosto, eu entro e ele fecha a porta. Ele está parecendo um pouco ansioso e está arrumado, o que é estranho porque em casa ele usa roupas simples.

– Você tá bem?– eu pergunto.

– Eu tô, e você?– eu balanço a cabeça dizendo que sim– Então, o que tem de tão urgente pra falar?– ele diz e começa a subir a escada, eu vou atrás dele.

– Sobre a gravidez.– ele se vira pra mim.

Nós já estávamos dentro do quarto, eu sentei na cama dele, enquanto ele continua de pé.

– O que tem?

– Eu acho que a gente devia falar a verdade pra sua mãe.– ele continua me olhando.

– E por que isso agora?

– Porque eu não tinha parado pra pensar que depois que nascesse.

– Eu acho que eu não entendi.

– Se eu simplesmente largar uma criança com você, o que ela vai pensar de mim.

– Eu também não tinha pensado nisso.

Eu espero ele falar mais alguma coisa, mas ao invés disso ele vai para o banheiro. Eu vou atrás dele, ele está arrumando o cabelo.

– Você vai sair?

– Tipo isso.– ele responde meio nervoso, sem tirar o olhar do espelho.

– Tipo isso, o que isso significa?– eu o olho tentando entender o que está de errado– Leon, por que você está estranho esses dias?

– Eu não tô não.

– Sim, você está sim, o que foi, pode me falar.

Ele respira fundo, e depois se vira agora olhando diretamente nos meus olhos.

– Eu vou tipo em um encontro.

Eu não esperava essa resposta. Mas a final o que tem, nós não temos nada.

– E é por isso que você está nervoso? Tipo eu sei que a gente não tem nada então você pode me contar essas coisas.

– É com a Melanie.

– Que?– o som sai sem eu nem pensar direito– Como assim, desde quando, vocês já saíram?

– Calma Valérie.

Calma, como eu vou ficar calma. Na realidade eu deveria, eu não sei nem porque eu não estou.

– Eu resolvi dar uma chance pra conhecer ela.

– Uma chance pra conhecer ela, isso é sério?

– Além disso, é bom pra gente.

– Você não pode estar falando sério, é bom pra quem?, não tem como ser verdade, diz que é mentira por favor.– eu digo com a voz já embargada.

– Desculpa..

Antes que ele continuasse eu saí correndo, ele está me chamando, mas eu não estou disposta a olhar pra ele.

Assim que chego ao final da escada sinto uma pontada forte no pé da barriga, mas mesmo assim eu continuo andando, a dor vai aumentando, quando eu abro a porta a dor está mais forte e minha visão começou a ficar embaçada, eu me apoio no batente da porta tentando voltar ao normal, eu sinto novamente uma pontada mais forte e em seguida algo escorrer na minha perna, eu me curvo um pouco por causa da dor, eu coloco a mão na minha perna pra ver o que era, quando eu olho pra minha mão vejo ela ensanguentada. Antes que eu pudesse ter qualquer reação, eu sinto o meu corpo ser erguido. minha cabeça tomba pro lado e eu consigo ver que o Leon está me segurando, meus olhos começam a pesar, mas eu ainda consigo ouvir vozes.

– O que está acontecendo?– a voz é do Valério.

– Abre logo a porta do carro.– agora o Leon é quem fala.

– O que aconteceu Leon.– ouço novamente meu irmão.

– Mas que porra Valério, vai logo pro hospital.– o Leon diz.

Depois disso eu não ouço mais nada.

                                                  🖤🖤🖤