Quase quarenta semanas, e parece que eu vou explodir. Eu estou extremamente cansada, já não consigo fazer mais nada. Nesse exato momento o Leon está fazendo massagem nos meus pés, enquanto eu falo com meus pais que estão agora na minha futura casa. Eles tiveram que ir resolver alguma coisa do restaurante, e eu aproveitei e pedi pra eles levarem algumas roupas e sapatos que eu não estou usando pois não estão servindo, mas que eu pretendo voltar a usar em breve, ainda tem muita coisa mas quando eu for definitivamente, eu levo.
Eu senti uma dor, a típica contração de treinamento, só que dessa vez pareceu um pouco mais forte, e eu acabei soltando um gemido de dor. O Leon logo me olhou.
- Tudo bem?
- Sim, só mais uma contração.
- Tem certeza? Não quer ir pro hospital?
- Da última vez que nós fomos ao hospital por causa dessa dor foi quando descobrimos que isso era normal, e que na hora certa vai ser bem pior.
- Mas dessa vez realmente está na hora.
- A bolsa não estourou, eu estava vendo que só vale a pena ir pro médico depois que a bolsa estourar.
- Falando nisso, você tem certeza que vai querer parto normal?
- Sim, por que?
- Nada.- eu continuo o olhando- Só é meio assustador.
- Cortar a sua barriga também é bem assustador.
- É você tem razão.- ele se levanta e vem deitar ao meu lado- O que você estava vendo aí que estava te fazendo sorrir?- pergunta olhando pra tela do celular.
- Eu estava falando com meus pais.
- Só isso?
Eu penso um pouco e lembro, não, não é só isso, eu estava vendo a foto de um gatinho que eu pretendo comprar quando eu me mudar.
- Ahh, sim.- eu digo sorrindo- Eu estava vendo um gato que eu quero.
- Você não pode ter gato.- ele diz sério- Você não pode ter nenhum animal, esqueceu?
- Essa raça não tem problema, eles não tem pelos, não dão alergia. Eu já conheço faz tempo, mas como eu fazia faculdade e quase não ficava em casa não dava pra ter um animal de estimação, agora eu acho que vai ser o momento ideal.
- Que raça?
- Donskoy.- eu disse e entreguei o celular pra ele ver.
- Valérie.- ele me encara com uma cara engraçada- Esse gato é feio.
- Não, é fofinho.
- É bem estranho.
- Tá isso não importa, o que importa é que enfim eu vou ter uma gatinha.
- Vai ser fêmea?
- Sim.
- E como vai chamar?
- Tiffany.
- E você tem certeza que não tem alergia?
- Tenho certeza.
- E como você tem tanta certeza?
- Já vi um pessoalmente, e não tive problemas.
- Okay, se você tem tanta certeza.
Ele se virou e colocou a mão na minha barriga como ele sempre faz, mas dessa vez a bebê não mexeu, acho que ela deve estar dormindo.
🖤🖤🖤
Apesar de ter sentido aquela dor mais forte, eu não pensei que ela fosse aumentar ao longo do dia, eu acabei de sair do banho e ela está muito pior. De repente eu sinto algo escores pelas minhas pernas, quando eu olho vejo algo que parece com água.
- Leon.- eu grito e em segundos ele chega.
- O que foi?
- Acho que está na hora.- ele olha pra onde eu estou olhando.
- Okay, calma respira.- acho que ele diz mais pra ele do que pra mim- Tá doendo muito?- ele pergunta preocupado e com a respiração acelerada.
- Não, tá okay, a dor vai e volta, fica calmo.- eu digo, vendo que ele está ficando desesperado.
- O que eu faço?
Eu olho pra ele e em seguida olho pra mim, eu ainda estou de toalha. Primeiro eu preciso me trocar, segundo pegar a minha bolsa (as da bebe já estão no carro), terceiro ir pro hospital.
- Tá, calma, primeiro eu preciso me vestir, pega uma roupa pra mim.
Ele sai e em segundos volta com um sutiã, uma camiseta e uma cueca dele, que são as únicas coisas que eu estou usando nós últimos meses.
- Agora você vai pegar a minha bolsa com os documentos e liga pro hospital avisando.
Assim que ele sai, eu me limpo e me visto. Por mais que eu tenha falado que a dor vai e vem, ela parece ter aumentado nesses poucos minutos. Eu saio do banheiro no momento em que ele encerra a ligação.
- Pronto, liguei pro hospital e liguei pro meu tio, ele já está lá nos esperando.
- Só vou colocar o chinelo.- assim que coloco o chinelo nos pés, digo- Vamos.
Nós saímos do quarto e começamos a andar em direção a escada, novamente eu sinto uma dor, dessa vez mais forte, e acabo parando.
- Tá doendo muito?
- Dessa vez sim.
- Vem, eu te levo.- antes que eu pudesse falar alguma coisa ele me ergue do chão.
- Eu lembrei de algo.- digo lembrando que deveria pegar toalhas.
- O que?- fala enquanto desce a escada.
- Pegar toalhas pra colocar no carro.
- Porque?
- Porque pode sujar o carro.
- Que se dane o carro, é só lavar depois.
Nós já estávamos do lado do carro, ele me coloca no chão para abrir a porta e me ajuda a entrar, depois ele coloca a bolsa no banco de trás. Ele corre pra fechar a porta e volta para o carro em seguida vamos em direção ao hospital.
Já são nove horas da noite e está trânsito, tudo bem que é segunda, mas porque tem que ter tanto carro, a gente já está a meia hora andando devagar, e as dores estão cada vez mais fortes e cada vez vindo mais rápido. O Leon buzina.
- Não vai adiantar.- eu digo.
- Eu sei, mas não custa tentar.
- Não tem um atalho?- pergunto.
- Eu estou tentando chegar ao atalho, o problema é que não tá andando.
Eu reprimi um gemido de dor e ele me olha, ele deita o banco, fazendo com que eu fique mais deitada.
- Eu odeio te ver sentindo dor.- ele fala.
Mais alguns minutos e enfim ele consegue pegar ao atalho para que nós chegarmos ao hospital mais rápido.
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Mais uma Chance
RomanceAté onde você iria pela sua amizade, deixaria seu sonho de lado e realizaria o pedido do seu melhor amigo, é exatamente isso que Valérie faz, adia o seu sonho de ir para Paris abrir sua própria loja para realizar o pedido do melhor amigo dela, mesmo...