Eu resolvi antecipar o voo para amanhã, então só temos mais algumas horas aqui. A Mari e eu trouxemos as crianças no shopping pra eles brincarem. Agora já estamos voltando pra casa dos meus pais.
Quando eu entro na sala eu encontro o Leon sentado no sofá. A Bia pula no colo dele. A Mari chama ela e ela vai sem questionar.
– Eu preciso falar com você.– ele fala pra mim.
– Neste exato momento eu não quero falar com você.– digo a ele.
– Por favor.
– Valie, vai falar com ele.– meu irmão fala, surgindo do nada.
– Por que justo você quer que eu fale com ele?
– Porque é o certo, e é o que você precisa.
Eu quero fazer birra e dizer que não, mas isso não seria nada maduro, eu não posso ficar evitando ele pra sempre, até porque nós temos a Bia. Também tem o outro bebê, mas ele não vai saber desse.
– Tudo bem.
Ele anda em direção a porta e eu entendo que é pra seguir ele. Abre a porta do carro e pede pra mim entrar. Ele dirige sem falar nada. Estaciona o carro, e nós descemos. Quando eu olho o lugar a lembrança vem na minha mente. O lugar do nosso primeiro beijo e também o lugar que ele me pediu em namoro a primeira vez.
– Por que aqui?– eu pergunto.
– Porque foi aqui que começou oficialmente.
Eu me sento em um banco que tem bem ao lado de uma árvore.
– Pode começar a falar o que você quer falar.
Ele se senta do meu lado e respira fundo, como que o que tivesse pra falar fosse difícil.
– Desculpa.– eu olho pra ele– Eu não sei como dizer.
– Se você não falar logo acho melhor irmos embora, eu tenho que arrumar as coisas da Bia, porque amanhã cedo a gente já vai embora.– eu acabo ter pensar em algo que não tinha pensado– Você não deveria estar em lua de mel, o que você está fazendo aqui?
– Deveria. Se eu tivesse me casado.
– Você se casou ontem.– falo e me levanto.
– Não, eu não me casei.– ele levanta e se aproxima de mim– Eu não consegui.
– Como assim não conseguiu, eu vi você trocando os votos.– falo indignada.
– Você não viu não, você saiu na hora.– ele segura minha mão– E se não tivesse corrido, teria visto eu indo atrás de você.
– Você foi atrás de mim?– eu tiro a minha mão.
– Fui, mas eu não consegui ser rápido o suficiente, quando eu fui ver você não estava mais por perto.
– Por quê foi atrás de mim?
– Sério?– eu confirmo– Porque eu não consigo tirar os olhos de você, porque você é meu único foco quando está presente, porque você é minha melhor amiga, porque você é simplesmente a mulher mais linda de todas, porque você sempre esteve comigo nos piores momentos, porque eu te amo.
Meu corpo paralisa, ele nunca me disse isso, ele nunca disse que me amava. Eu o olho sem saber que reação ter. As coisas começam a girar, eu apoio na árvore.
– Você tá bem?– pergunta tocando na minha lombar.
– Sim. É só que..– eu tento respirar– Eu não esperava isso.
– Eu já devia ter dito isso a muito tempo. O que eu fiz foi errado e não deu certo, era muito melhor eu ter tentado de outra forma te reconquistar.
– O que você fez?
– Esse casamento. Ele nunca foi real, foi uma ideia idiota do Thomás e da Melanie. Eu sentia que não ia dar certo, mas no fim, o pior que poderia acontecer era um divórcio dramático que chamaria atenção da mídia.
Eu olho pra ele sem acreditar que ele realmente fez isso. Eu não sei nem se eu entendi direito.
– Você não ia casar de verdade?
– Sim, mas só até você falar que me queria de volta. Na realidade não era nem pra ter chegado tão longe, eu pensei que você fosse falar comigo sobre isso. Mas depois que eu falei que ia casar você se afastou mais de mim.
– E você nao achou que fosse melhor cancelar, ao invés de continuar?
– Pensei, mas o Thomás me convenceu a continuar.
– E a Melanie concordou com isso?
– Ela achou legal a ideia.
Minha cabeça começa a girar, uma náusea forte me atinge. Agora eu apoio as costas na árvore.
– V, você tá bem?
– Sim, eu tô, continua. E depois o que aconteceria.
– Eu te pediria mais uma chance.
Eu olho pra ele, ele está concentrado em mim, dá pra ver que ele está tenso, o maxilar dele está marcado.
– Eu não te daria mais uma chance.– eu falo com dor no coração.
– Como não, nós somos amigos, nós sempre nos damos outras chances.
– Não mais.
– Por que não mais, como não mais?
– Amigos não podem se apaixonar, muito menos namorar. O nosso maior erro foi esse, se nunca tivesse acontecido, nós nunca teríamos nós machucado.
– Eu não concordo com você, acho que poderíamos ter feito as coisas diferentes, eu poderia ter feito as coisas diferente, mas em momento algum eu me arrependo do que nós vivemos.
– Eu me arrependo de muitas coisas.
– Me diz quais, e nós podemos resolver juntos.
– Nós não podemos resolver juntos, porque não existe mais nós dois juntos.
– Se você me der mais uma chance eu posso. Eu posso fazer tudo diferente...
– Mais quantas chances você quer pra continuar me machucando?
Ele para e me olha com tristeza, eu viro as costas pra ele e apoio a minha cabeça no meu braço que está apoiado na árvore. Ele me abraça por trás, e coloca a cabeça no meu pescoço.
– Você sabe porque eu te chamo de V na verdade?– pergunta no meu ouvido.
– Você já respondeu. Porque é mais fácil.
– Eu menti.– ele faz uma pausa– Não é V só a letra. É V–I–E.– ele soletra, eu me viro e olho nos olhos dele, sem palavras.– Você me perguntou se podia me chamar assim uma vez, mas eu disse não, eu me arrependi muito de ter dito não, eu comecei a te chamar assim e você nem percebeu o motivo. Você é meio desligada mas eu quero que você saiba...
Eu nego, ele coloca as mãos na minha cintura nós aproximando mais e coloca a testa dele na minha.
–Você sempre foi minha vida.
Eu não sabia que era possível desmaiar de emoção, até porque isso nunca aconteceu comigo, até esse momento, tudo fica preto de uma só vez.
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Mais uma Chance
RomanceAté onde você iria pela sua amizade, deixaria seu sonho de lado e realizaria o pedido do seu melhor amigo, é exatamente isso que Valérie faz, adia o seu sonho de ir para Paris abrir sua própria loja para realizar o pedido do melhor amigo dela, mesmo...