Mais uma Chance

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O que era pra serem dois dias, se transformou em uma semana. Os meus pais vieram me ver, o Valério e a Mari também. O Leon ficou comigo no hospital, ele literalmente está fazendo de tudo para eu não ficar me mexendo.

E neste exato momento ele está sentado no sofá que fica ao lado da cama, eu resolvo perguntar pra ele o que eu adiei esses dias.

– Como e quando você descobriu sobre a mudança?– ele me olha.

– Fazem umas três semanas.– o tempo que ele começou a ficar mais distante– Eu acabei ouvindo seus pais conversando, eu estava indo pra cozinha quando ouvi eles falando que a reforma da sua loja em Paris já estava quase pronta, então eu só encaixei as peças.

– Como assim?

– Você sempre disse que queria ter uma vida lá, e o fato de você ter dito que não queria ter um filho nesse momento, porque estragaria os seus planos, depois eu juntei tudo e foi isso.

– Por isso que você ficou estranho do nada?

– Sinceramente, sim foi por isso, eu comecei a pensar no que eu tinha feito, e como isso foi injusto com você.

– Eu só adiei quatro meses.

– Mesmo assim, talvez se eu soubesse antes, eu não teria te pedido.

– E você não realizaria o sonho da sua mãe?

Ele me olha de um jeito indecifrável antes de me responder.

– É, eu não sei.– ele respira fundo– E sobre eu ter resolvido dar uma chance pra Melanie.

– Eu não quero falar sobre isso.– eu desviei o olhar dele.

– Só me escuta. Eu estava mal e acabei falando com o Thomás sobre você ir embora, ele me sugeriu que eu desse uma chance pra ela. Mas isso não vai mais acontecer já que ela surtou por eu não ter aparecido aquele dia.– ele se levanta e senta na cama do meu lado– Você não vai falar nada?

– Você quer que eu fale o que, desculpa por não ter te contado, mas eu estava com medo da reação que você teria. E eu estava certa porque a reação que você teve foi justamente essa.– falo um pouco alterada– E convenhamos que isso de dar uma chance pra Melanie não tem nada a ver, não tem sentido algum.

– Okay, você tem razão, a minha reação não foi uma das melhores, mas você tem que me entender, eu vou ficar sem você, tipo eu nem sei o que é isso, a gente se conhece desde os cinco anos, você acha que eu não tô mal.

– Eu acho que está, porque eu também estou, mas tem que ser assim.

– Por que?

Eu não queria falar o porquê, eu não queria que ele soubesse o que eu sinto, que não é só sobre eu fazer uma carreira, mas também porque eu preciso me afastar dele.

– Porque eu sinto que é o certo.

– Mas aqui tem tudo que você precisa, talvez seja até melhor.

– Leon, é um sonho, é algo que eu quis a minha vida inteira.

Ele respira fundo e segura a minha mão.

– Eu vou te visitar sempre, tipo uma vez por mês– eu sorrio pra ele.

– Vai ser caro viajar uma vez por mês.

– Pelo menos eu não vou pagar hotel.

                                               🖤🖤🖤

O doutor me deu alta hoje, ele disse novamente o que eu posso e não posso fazer, e que eu vou ter que continuar tomando remédios, e que vou ter que fazer ultrassom toda semana, até ter certeza que está tudo bem.

O Leon insistiu que eu ficasse na casa dele, e eu acabei aceitando, até porque eu gosto de ficar na casa dele.

                                                🖤🖤🖤

O Leon está levando bem a sério isso de não fazer esforço, nós já estamos em casa faz três dias e eu simplesmente ainda não andei, ele me carrega para todo lugar, eu quero ir no banheiro ele me leva, eu quero tomar banho ele acha que eu tenho que tomar sentada. É sobre isso que nós estamos discutindo exatamente agora.

– O meu tio falou sem esforço.

– Mas é só um banho, eu não vou me esforçar pra tomar banho.

– Por que não pode ser sentada?

– Porque é ruim, eu já fico deitada o dia inteiro, pelo menos pra tomar banho eu tenho que ficar de pé.

– Tá, mas eu te ajudo.

– Não precisa me ajudar.– digo firme e ele bufa.

Eu começo a tirar a roupa já dentro do banheiro, o Leon se vira, o que é muito estranho. Eu termino de tirar a roupa e acabo olhando no espelho, e lembro do que a Melanie tinha falado sobre meus peitos.

– Leon, olha pra mim.

– Por que?– ele pergunta ainda de costas.

– Olha logo.

Ele se vira, e coloca as mãos no bolso da bermuda que está usando. Ele fica o olhar só no meu rosto.

– Você acha que meu peito está maior?

– Que tipo de pergunta é essa.

– Só olha e responde!

Ele enfim desvia o olhar do meu rosto e olha para meus peitos, eu o vejo respirar fundo.

– O que foi, por que você tá assim?– ele olha pra mim.

– Valérie, faz mais de uma semana que eu estou com você vinte quatro horas por dia e eu não posso te tocar. Você tem noção de como isso é difícil.

Eu ainda não tinha pensado nisso, apesar de que eu tenha vontade, o simples fato de pensar que transar agora pode fazer mal pra bebê, a minha vontade some. E eu não imaginei que só olhar pra mim ia fazer ele querer.

– Tá, eu não tinha pensado nisso, desculpa, eu vou entrar logo no banho.

Eu sigo para dentro do box, enquanto ele se senta na tampa da privada. Quando eu ligo o chuveiro eu o escuto.

– E sim, eles estão maiores.– ele diz.