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Eu estou deitada, olhando os últimos desfiles que tiveram, enquanto isso o Leon está fazendo uma live, se desculpando com sós seus seguidores por causa do outro dia, ele contou por cima o que aconteceu, e contou que é uma menina. Ele está sentado na varanda, o que faz com que ninguém me veja, e nem corra o risco de me ver. De repente ele entra e vem sentar do meu lado ainda com o celular ligado.

– O que você tá fazendo?– pergunto sussurrando.

– Tá no mudo e tá virado pra mim.– ele fala relacionado ao celular–Mas eles estão pedindo pra mostrar a barriga. Posso?

Como as pessoas pedem pra ver a barriga dos outros, e agora o que eu respondo.

– Acho que pode.– eu digo.

Eu levanto a camiseta do pijama, expondo a minha barriga que não está tão grande assim, eu tampo metade do meu rosto com a gola da camiseta só deixando meus olhos de fora, caso acabasse aparecendo ninguém me veria.

Ele mostra a minha barriga e começa a fazer carinho e falar com a bebê. Nesse momento eu sinto algo que eu nunca tinha sentido antes, e acho que ele também, pois ele olha pra mim.

– Mexeu?– ele diz.

– Eu acho que sim.

– Filha mexe de novo.– assim que ele fala o movimento de repete.

Eu não sei o que eu estou sentindo agora, é um mix de sensações, quando eu vejo eu já estou chorando. O Leon encerra a live e vem deitar ao meu lado.

– O que foi, por que você está chorando?– ele pergunta.

– Eu não sei.– eu realmente não sei.

– Vem cá.– ele diz e me abraça– Você acha que ela vai parecer comigo.

– Eu acho que sim.– eu não sei se esse assunto vai me ajudar a não chorar.

– Como você imagina que ela vai ser?

– Eu acho que ela vai ter o seu cabelo, só que um pouco mais escuro.

– Eu preferia que ela tivesse o seu cabelo.

– Meu cabelo é sem graça, ele é liso e castanho não tem nada de mais.

– Eu gosto.– eu o olho– E os olhos?

– Tomara que sejam iguais o seu, seria perfeito.

– Ela vai ser perfeita, independente de qualquer coisa. Só que eu espero que ela não tenha toda a minha personalidade.

– Eu gosto da sua personalidade, eu gosto de como você é sociável, de como você é brincalhão, de como você se dedica naquilo que você realmente quer.

– Mas se ela for realmente igual eu, ela não vai se dar muito bem na escola, a não ser que ela arrume uma amiga, igual eu arrumei você.

– Você está dizendo que só é meu amigo porque eu ia bem na escola?– falo brincando.

– Não foi isso que eu quis dizer, mas talvez isso tenha ajudado nos a ficarmos tão próximos.– ele diz rindo.

– Você é fogo, eu aqui dizendo coisas legais e você vai me dizer que só é meu amigo por isso.– ele me olha sério.

– V, eu quis ser seu amigo desde o momento que eu te vi pela primeira vez, sem razão nenhuma, quando eu te vi eu sabia que eu queria ter sua amizade.– eu o abraço.

                                               🖤🖤🖤

                                    Quatro meses depois.

Eu estou no fim da gravidez, felizmente deu tudo certo, mesmo eu tendo que ficar todo esse tempo ainda em repouso, agora já deu trinta e oito semanas, ou seja em cerca de no máximo duas semanas ela nasce. Eu não consegui parar de me culpar e de sentir que o que eu estou fazendo é errado, principalmente quando eu falo com ela e ela parece responder, normalmente eu evito fazer isso.

Nós contamos para a mãe do Leon a verdade, e realmente ela não ficou com raiva de mim, eu não sei o que ela falou em particular com o Leon, mas foi algo que não o deixou feliz.

Hoje eu estou na minha casa após ter convencido o Leon que talvez conversar com o pai dele fosse algo que pra ele seria bom, nem que fosse só pra ele descontar a raiva que ele sente. Eu queria ter ido junto, mas ele disse que queria fazer isso sozinho.

A Mari e o Valério estão aqui, eles estão conversando com a bebê que se mexe em resposta a eles.

– Qual o nome dela?– o Valério pergunta.

– O Leon não decidiu.– digo

– Ele que vai escolher o nome?

– Você esqueceu que a filha vai ser dele.

A Mari me encara, mas decidi não falar nada.

– Mesmo assim, você é a melhor amiga dele, pode decidir.

– Eu acho que não funciona assim.

O Valério se levanta e sai do quarto, para atender uma ligação.

– Como você está se sentindo?– a Mari questiona.

– Bem, principalmente sabendo que ela está bem.

– Eu não estou falando em relação a isso.

– Em relação a tudo, eu fiz uma escolha, está feita, não dá pra voltar atrás.

– Sempre dá pra voltar atrás.

– Como?

– Fazendo o que você realmente quer fazer.

– E decepcionar todo mundo.

– Valérie, você nunca vai conseguir agradar todo mundo, ninguém consegue, mas você precisa ouvir o que realmente você quer, antes de pensar em outras pessoas.

– Amor.– o Valério entra no quarto– Eu vou pra casa, porque eu preciso levar uns documentos pra um cliente, você vai?

Eu a olho e aceno com a cabeça para que ela entenda que eu preciso ficar sozinha.

– Pensa o quanto vai doer em você, antes de pensar o quanto vai doer nos outros.

Ela diz por fim e se levanta, ela me dá um abraço, em seguida meu irmão faz o mesmo e saem.

Eu me deito e fico pensando no que eu faço, o que eu realmente quero fazer, o que eu vou me arrepender mais se eu não fizer. Eu coloco a mão na barriga agora realmente grande, e a bebê automaticamente se mexe, como se quisesse falar comigo.

– Será que você vai me perdoar, independente da escolha que eu fizer.– eu sinto uma lágrima deslizar pela meu rosto– Eu queria muito ser a sua mãe e te dar uma família perfeita, mas eu e seu pai não dá certo juntos. Me perdoa.– a bebê se mexe em resposta a minha fala.

Mais uma ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora