Eu estou tentando abrir os olhos, mas está muito claro, eu ouço um barulho irritante apitando, isso me faz lembrar de quando eu era criança. Eu tento mexer o braço, mas sou impedida por uma leve dor. Eu me esforço para abrir os olhos, e quando enfim consigo vejo um teto branco, olho para os lados e não tem ninguém, só um quarto de hospital como outro qualquer. Eu penso em me levantar, mas acho melhor não.
Enfim resolvo olhar para os meus braços, eles estão cheios de acessos, acompanho um dos tubinhos e vejo que está com uma bolsa que parece ser sangue, os outros eu não sei dizer, olho para o meu peito que está cheio de fios saindo de dentro da roupa hospitalar, eu acompanho os fios e vejo que eles estão ligados a máquina com barulho chato.
A porta do quarto se abre e eu vejo o Leon entrar, de cabeça baixa olhando para a tela do celular enquanto digita algo. Assim que ele ergue a cabeça e me vê ele corre em minha direção.
– Você tá bem?– ele pergunta segurando uma das minhas mãos, antes que eu pudesse responder ele continua– Não precisa responder, você não pode se esforçar.
Eu o olho bem nos olhos, e antes de responder aperto mais forte a sua mão.
– Acho que sim.– percebo que minha voz está fraca– O que aconteceu?
– Espera, eu vou chamar meu tio.
Ele vai pra porta e fala com alguma pessoa, mas não sai do quarto, em seguida ele volta e fica ao meu lado, segurando minha mão novamente.
– Ele já está vindo.– ele diz passando a mão no meu rosto.
Assim que o doutor entra na sala, o meu olhar vai pra ele.
– Você é extremamente forte.– diz enquanto olha para a máquina e escreve algo em sua prancheta– Com licença.– ele diz e pega meu punho, colocando um aparelho de pressão– Eu posso realmente dizer que é um milagre.
– O que aconteceu?– eu pergunto a ele.
Ele tira o aparelho de mim, e anota novamente, ele me olha e parece pensar em como responder a minha pergunta.
– É até difícil dizer isso, mas você quase morreu.– eu continuo a o olhar sem falar nada– Você teve uma condição rara, chamada Síndrome de Help, e normalmente nós não conseguimos salvar a mãe e o bebê.– meu coração acelera e ele olha pro monitor– Mas por um milagre nos conseguimos.– eu solto a respiração que eu nem percebi que havia prendido– Então não se preocupa, você vai ficar bem.
Eu o olho tentando assimilar tudo o que ele falou, é algo que eu nunca ouvi, será que eu poderia ter evitado.
– Agora ela vai ficar realmente bem?– o Leon pergunta.
– Sim, agora ela vai ficar realmente bem.– eles me olham– Você tem alguma pergunta Valérie?
– O que exatamente é isso? E se eu poderia ter evitado?
– Não foi culpa sua.– o Leon diz.
– É realmente não foi culpa sua. A culpa foi minha e do hospital por não ter premeditado isso antes e ter deixado chegar em um nível onde quase foi irreversível. Normalmente essa condição só é descoberta na hora do parto realmente, com alguns sintomas, principalmente o aumento da pressão, mas no seu caso, talvez se eu tivesse verificado mais afundo o descolamento de placenta, pudesse já imaginar algo do tipo.
– Como assim?
– Quando você teve o descolamento de placenta sem uma razão aparente, é porque provavelmente já nove esse aumento da pressão e por isso descolou, como na hora que você chegou ao hospital já estava baixa, não foi associado, e o fato de não ter acontecido novamente de novo também, os seus exames sempre foram perfeitos, então nunca ouve vestígio de nada.– ele respira fundo– Eu realmente sinto muito, eu te devo desculpas por não ter te assistido melhor.
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Mais uma Chance
RomanceAté onde você iria pela sua amizade, deixaria seu sonho de lado e realizaria o pedido do seu melhor amigo, é exatamente isso que Valérie faz, adia o seu sonho de ir para Paris abrir sua própria loja para realizar o pedido do melhor amigo dela, mesmo...