capítulo um.

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- Isso que é vida, minha bebê. - Disse, comendo um camarãozinho e tomando um gole de cerveja.

- Os dias de glória chegam pra todas as gostosas. - Fabi disse, anotando o pedido que tinha acabado de chegar.

- Certeza que não quer ajuda?

- Garota, não! É seu dia de folga, curte aí. Tirando que hoje ta tranquilo, daqui a pouco abro até uma cervejinha também, que mereço.

- É, ta de boinha, né?

- Deus, não estou reclamando do movimento dos outros dias, meu bolso de mãe solo agradece, mas finalmente. Precisava de paz.

- A gente tem que combinar uns dias de paz, né? Travar a agenda por uns três dias seguidos e ir eu, você e nossa pretinha lá pra região dos Lagos.

- Amiga, por favor, tudo o que eu preciso. Mas sabe do que preciso antes?

- Han...

- Fazer o meu cabelo, dona Michelle. Me arruma um horário, nunca pedi nada.

- Mulher, eu to tentando, mas ta foda. Só se a gente fizer de madrugada.

- Topo tudo, só não aguento mais meu cabelo. - Ri, sentindo meu celular vibrar.

Michelle: Fala, Matheuzinho. - Fabi revirou os olhos, me fazendo rir.

Matheus: Oi minha preta linda, como você tá?

Michelle: Iiiih... - Ouvi ele rir.

Matheus: O que você ta fazendo?

Michelle: Até o momento, sendo feliz, mas sinto que isso vai acabar assim que você falar o b.o.

Matheus: Não é B.O, mas tem um amigo meu que tá com o cabelo triste, tipo, coisa horrível mesmo, no nível Só Michelle Resolve.

Michelle: Certo, e você quer minha ajuda? Não é pra fazer de graça não, né?

Matheus: Não, mas... Precisava ser hoje.

Michelle: Hoje??

Matheus: Agora, pra ser sincero. Não me mata, sei que é sua folga. - Suspirei.

Michelle: Pois avise seu amigo que cobrarei o dobro. Pô, tava comendo meu camarãozinho, pedi até Heineken, tem noção?

Matheus: Te pago uma porção e um balde, prometo. E pode cobrar até o triplo. - Suspirei.

Michelle: Ta, do que ele precisa? Trança, recuperação?

Matheus: Uma maquininha. - Ouvi risada no fundo. - Recuperação nega, que tá foda. Cabelo dele é cacheado, mas tipo... Não é que nem o da Fabi, é menos. Não sei explicar.

Michelle: Boa, me liguei. Passa o endereço pelo WhatsApp pra eu ver como chega.

Matheus: Não, ele vai pagar o ub... Vai pagar sim senhor, ele vai pagar o uber Mi. Tá no quiosque?

Michelle: Tô, mas pode mandar lá pra casa, vou pegar as coisas ainda.

Matheus: Beleza, a gente vai mandar. Valeu nega, juro que pago o balde e outra porção.

Michelle:Vou cobrar. Quando puder pedir aviso, tá? Faz um dez aí.

Matheus: Fechou, beijo. - Mandei beijo e desliguei, fazendo birra tal qual Olivia.

- O que pegou? - Fabi perguntou, enquanto eu pedia um uber pra casa.

- Tem um amigo do Matheus precisando fazer o cabelo.

- Hoje?

- Agora agorinha. - Dei um golão na cerveja.

- A mulher negra tem paz? -Enchi a boca de camarão, enquanto ela ria.

- Certeza que não. - Mexi na carteira, pegando o cartão.

- Para que tu nem comeu, guarda isso.

- Sabe que tenho seu pix e vou transferir de qualquer jeito, né? - Ela riu.

- Você é uma teimosia, cara. - Ri.

- Fortaleça o corre da sua melhor amiga, bora, maquininha. - Ela passou, paguei e peguei minha bolsa. - Vida, tchau, tá? Foi bom enquanto durou.

- Tchau minha gostosa, depois me fala de quem era o cabelo.

- Espero que seja bonito pelo menos, pra compensar a volta que tô perdendo aqui. - Olhei pros surfistas que estavam sentados na mesa perto da areia, enquanto ela.

- Tu não vale nada, tá?

- Graças a Deus. - Mandei beijo, vendo o carro parar no acostamento. Ela deu tchau, ainda rindo e eu entrei no carro.

Cheguei em casa, tomei um banho rápido pra tirar a areia do corpo, me troquei, coloquei os produtos e dois pacotes de jumbo na bolsa só de precaução e dei ok pro Matheus pedir o uber.

O motorista começou a fazer o caminho de volta pra praia e a cada minuto que passava no carro vendo o dia lindo que tava lá fora, me dava uma dorzinha no peito.

Olhei pra tela do celular do motorista vendo que não iriamos tão longe, era 20 minutos de casa e pelo caminho, imaginei que fosse na Barra da Tijuca.

Quando vi que faltavam cinco minutos, mandei mensagem pro Matheuzinho, parando na frente de um condomínio de casas minutos depois. Assim que desci, vi ele saindo do portão, me aproximando.

- A cara de felicidade de quem perdeu o diazão de folga na praia.

- Lembre disso não, pelo bem da nossa amizade. - Ele riu, me abraçando.

- Valeu pelo favor, nega. - Abriu o portão pra mim e eu entrei.

- Depois de ver esse condomínio vou pedir mesmo o triplo, fique ciente meu amigo.

- Só casão, né? Fico de cara.

- Onde você tá me metendo, garoto? Não ta me mandando fazer cabelo de miliciano não, né? Que você conhece todo tipo de gente. - Ele gargalhou.

- Não cara, que visão é essa que tu tem de mim?

- A pior possível. - Nós rimos.

- E meu amor como tá?

- Linda e gostosa como sempre. - Ele colocou a mão no peito.

- Consigo imaginar. - Ri. - É aqui. - Falou, enquanto iamos em direção a uma casa de esquina.

Entrei pedindo licença, mesmo sem ver ninguém na sala, mania que tinha. A porra da casa era enorme, até chegar no teto teria que escalar umas dez de mim, sem brincadeira.

- Chegou sua salvadora. - Matheus disse, enquanto saímos pra área da piscina.

Rapaz...

incomum || gabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora