especial.

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Suas mãos massagearam nos meus pés e eu fechei os olhos, me espalhando na cadeira.

- Rapaz... Nunca fui triste.

- Dor muscular por estar na reta final da gravidez? Não. Dor muscular porque ficou dançando forró até às duas da manhã no Uruca. - Gabriel disse, me fazendo rir.

- Tomando uma jarra de suco de laranja porque é saudável? Não. Tomando suco de laranja porque tá de ressaca da cachaça do Uruca. - Ele gargalhou.

- Tá, juiz apitou o fim de jogo, parabens pela vitoria. - Ri e ele olhou pra janela. - Tava morrendo de saudade daqui, ainda bem que deu pra vim antes dele nascer, que agora, só daqui um ano.

- Já vou descer do avião levando o divo pro bloco do Timbalada. - Ele riu, puxando a cadeira e ficando do meu lado.

- E eu bem do lado, filha. Tô doido em um bloquinho.

- E vamos, bê. - Ele ficou me encarando por alguns segundos.

- Ano que vem, no caso...

- Negativo, daqui duas horas.

- Se eu for doido e você maluca, talvez a gente vá mesmo. - Não aguentei e ri.

- Você fala como se os dois batessem bem. Vai ser um levinho, amor.

- Em Salvador???

- Não confia?? Tem um aqui perto que é de boa, orla da praia, som bom, da pra ficar bem lá no fundo e escutar. Só pra não passar batido. Tu vai fantasiado com Kaynan e fica tudo certo, fim de papo. - Ele ficou me encarando mais um pouco.

- Tu gosta de dar ideia pra maluco, né? Que ódio. - Rimos. - Você ta se sentindo bem? Certeza que é tranquilo pra você? Eu que se foda, não ligo, me preocupo com vocês dois só.

- Tenho, dengo. É bloco de bairro e eu tô ótima, sentindo nada. Não viu no forró ontem?

- Cara, a primeira grávida disposta que conheço, tu é de outro mundo, não é possível. - Ri.

- Vamo? É meu último desejo grávida, prometo. - Ele revirou os olhos.

- Vamos mulher, vamos. Mas se você inventar de dar a luz em pleno bloco, Michelle...

- Vou nada, bobo. A gente vai se comportar né, pretinho de mamãe? - Passei a mão na barriga e Gabriel se afastou, fazendo o mesmo.

- Ou pretinha de papai. Tô puto com minha intuição, porque sigo sem desconfiar o que é. As vezes olho pro seu rostinho, idealizo uma pretinha com sua cara. Depois olho pra sua barriga, parece de menino. Zero moral pra chutar.

- Eu também me pego nessas. Olho pra nós dois, imagino um pivetinho. Mas ia set tão gostoso uma pretinha também.

- O único convicto disso é o Zion.

- Cruadão de whisky no modo pitbull brabo. Ih, cruadão de whisky no modo pitbull brabo. Puxa o cabelo dela... Vai pitbull enraivado. Uh uh uh uh uh pitbull enraivado. - Fez o passinho, enquanto nós só olhávamos. - Bom dia meus pais, bom dia minha princesa. - Beijou a mão do Gabriel, minha testa e minha barriga.

- Essa eu vou contar pra mainha.

- Pare com isso que nem tem palavrão. - Nos encaramos. - Te compro um açaí depois.

- Pois ficarei calada então.

- Ó paí sua esposa... Perturbação, rapaz. - Não aguentei e ri. - Ouvi meu nome, elogio?

- Quase. Falando que o único que não muda de opinião sobre o sexo do nenê é você. - Gabriel disse.

- Jamais, princesinha do tio vem aí. Sempre soube. Eu lá tenho cara de tio de pivete?

incomum || gabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora