quarenta e dois.

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Eu estava em águas. Completamente em águas.

Mas se eu tava em águas, Gabriel estava em Rios, ao lado do dj, enquanto eu, Navas e Kauê ficávamos no lateral, perto, mas pra fora do palco.

- Aê, essa próxima meu parceiro Gabriel me pediu pra dedicar pra uma pessoa especial, logo essa irmão? Te laçaram cria? - Ele fez sinal de "já era" e eles riram, enquanto Orochi começava a cantar Sobre Nós.

Ele me olhou e me mandou um beijinho, enquanto eu ria, balançando a cabeça negativamente.

- Vocês estão me fazendo deixar de amar a vida de vagabundo, não vou perdoar, ein? -  Navas soltou.

- Já era pai, felizmente virei apoiador do casal.

- Quem não quer que Gabichelle aconteça, ou é azedo ou quer beijar um dos dois. - Luan soltou.

- Gabichelle é muito ruim, cara. - Eu disse, gargalhando.

- Aceita cunhada. - Navas passou o braço pelo meu ombro e eu voltei a focar no show, já que ele puxou Vermelho Ferrari, minha favorita.

Assim que acabou o show, ele saiu do palco, vindo na nossa direção.

- Prometo não subir mais no palco, disse ele. - Brinquei e ele riu, me abraçando. - Foda-se o que eles dizem sobre nós então? - Citei a música.

- Foda-se, minha preta. O que pra eles é errado pra nós é conto de fadas. - Citou outro trecho, me fazendo rir. - Você pode não gostar de mim da mesma maneira, pode me ver só como pau amigo, mas foda-se também, vou deixar pro Gabriel sóbrio do futuro chorar. Hoje é sobre nós.

- Oxe oxe oxe, de onde tirou isso?

- Ué, soltei que era apaixonado por você e tu deu um mordidão no hambúrguer e aumentou a música, entendi seu recado. - Gargalhei, acariciando seu rosto.

- Eu só sou muito ruim de falar isso, disfarçar foi a solução, mas achei que tivesse óbvio.

- Não tá, fala aqui pra mim. - Gargalhei.

- Você é o cão, né? Que ódio. - Ele riu, segurando minha nuca e arqueando a sobrancelha, me fazendo rir e me dar por vencida. - Sou apaixonada por você, dengo. - Ele deu um sorrisinho.

- Se puder falar de novo amanhã só pra confirmar, Gabriel do futuro provavelmente não vai lembrar.

- Aí Gabriéu você ainda vai me mataaar. - Soltei, após ficar por bons minutos parada no meio do salão lembrando de sexta, passando Sobre Nós da playlist. Estava dando gatilho.

Estava desde cedo aqui terminando de arrumar os últimos detalhes e agora de fato estava ficando com minha carinha.

Tudo pintadinho, espelho instalados, cadeiras no lugar, porra, tudo ficando do jeitinho que eu queria.

Tinha marcado de mostrar pra dona Joana e ela, pontual que é, ligou no horário combinado.

Mi: Tava contando os minutos pra ver minha carinha, né?

Joana: Te confessar que tava, viu? Morro de saudade de ver minha bebêzinha de mãe todo dia.

Mi: É, é? Te mandar uma selfie toda manhã então.

Joana: Mande meu amor, mas manda naquele temporário, viu? Tô com memória não. - Gargalhei. - Eai, me mostra. Tô ansiosa. - Disse animada, me fazendo rir.

Mi: Eu ainda não terminei de arrumar 100%, mas veja só. - Virei a câmera. - Aqui a visão completa, da entrada. - Fui mostrando cada cantinho pra ela, que via tudo com um sorriso no rosto.

Joana: Meu Deus, Mi. Que coisa linda que ficou!! E essa vista pra praia? Arrasou muito.

Mi: Gostou, mainha?

Joana: Ficou sua cara. - Sorriu. - Reescreveu tua trajetória em uma cidade diferente, traçou seu objetivo e bateu o pé até conseguir conquistar. Meu peito fica feliz demais de saber que botou uma mulher foda nesse mundão. Te admiro demais, minha nega.

Mi: Êh êh, sem me fazer chorar aqui. - Nós rimos. - Sendo tua filha, não tinha como ser braba, né? Também te admiro muito e tudo isso é por nós. Amo você. - Sorri.

Joana: Mamãe te ama mais. - Mandou beijo. - Fui a primeira a ver, é?

Mi: Olha, relativamente sim. Fabi foi a primeira a ver o espaço. Gabi viu meio caminho andado, mas beirando finalizar assim, foi a primeira sim.

Joana: Hm, Gabi... - Gargalhei e apoiei o telefone na mesa, começando a tirar algumas coisas da caixa, enquanto falava com ela.

Michelle: Comece não, Joana. Na verdade, comece sim, que tenho algo pra te falar.

Joana: Fale que fingirei surpresa. - Gargalhei.

Michelle: Tô fazendo merda?

Joana: Ta feliz?

Michelle: Tô.

Joana: Ele te trata bem?

Michelle: Trata.

Joana: Em tooodos os sentidos? - Gargalhei, ela era impossível.

Michelle: Sim, mulher.

Joana: Então não tá. Imagino que a realidade de vocês deva ser bem diferente em alguns aspectos, mas se entre os dois há conexão e tu sente que ele é um cara legal, só vai. Ligue para estereótipos, nem para o que dizem. Vá gozar e ser feliz que tu merece. - Ri. - Tirando que, se conquistou até Zion, realmente deve ser resenha.

Michelle: Esse aí já foi falar, né?

Joana: Primeira coisa que contou quando chegou aqui, sabe que ele é boca de sacola.  - Rimos. - E se virar coisa séria, só traga pra mainha conhecer, né? Que também não é palhaçada, querendo namorar minha neguinha assim como se nada. - Gargalhei.

Michelle: Pode deixar que eu levo. E tô pensando assim mesmo. Tô feliz, tô segura... Curtindo o que temos, se não der certo, ok, pelo menos vivi uma parada gostosa.

Joana: Isso, minha garota. Tá linda, tá gostosa, tá nova. Vá viver.

Nessa de conversar e arrumar, passei horas conversando com a bonita, desligando quando já estava de noite.

Assim que terminei os detalhes da decoração, sentei no sofá, exausta. Peguei o celular como se já não fosse hora de voltar pra casa e vi notificação dele.

incomum || gabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora