cinquenta.

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- Aperte o cinto, que a viagem já vai começar. Assina o contrato é proibido se apaixonar. One, two, three! Venha com força, mete a louca - Zion dançou na porta da cozinha, colocando a mão no rosto e rebolando. - Bom dia, meus pais.

- E aí pivete. - Gabriel disse rindo e fazendo um toque com ele.

- Como vai lindo pra escola.

- Aprendi com você. - Fez biquinho e eu virei o rosto, recebendo seu beijo na bochecha. - Não é pra contar pra mainha que tava cantando essa música.

- Vá achando que não vou contar.

- Não vai, que o boca de sacola da família sou eu e não aceito dividir meu posto. - Ri, servindo tapioca pra ele, enquanto Gabriel servia o suco. - Que isso, vou ter esse tratamento todo dia quando for morar com vocês no Rio, é? - Gargalhei, sentando na frente dele.

- Aí o senhor sonhou muito, minha criança.

- Sonhou nada pô, eu fecho. - Gabriel ajudou e eu ri.

- Não quer nossa presença na mesma casa que você, é? - Os dois cruzaram os braços.

- Lógico que não. - Brinquei e eles riram.

- Deixa meu parceiro, deixa ela. Vai pra lá, fica em casa e aí quero só ver ela querendo visitar.

- A gente não vai deixar não, viu? Até vamos, mas uma vez por semana.

- Que não é festa. - Não aguentei e ri.

- Coitados, não vivem sem mim.

- Por isso que você pode ir uma vez por semana, pô. - Gabriel soltou e eu dei uma cutucada em seu pé, que riu.

Tomamos café nesse clima e o bonitinho  que sempre ia a pé pra escola, já que era perto, pegou a moral de ir de carro com vistinha pra praia no caminho.

- Desde quando isso, bonita? - Disse, enquanto voltávamos pra casa comigo dirigindo.

- Desde os 18, meu dengo. Mas como não tenho carro nem aqui, nem no Rio, a carta fica de enfeite, gastei atoa.

- E eu sendo seu motorista particular?

- Tô pagando mal? - Ele riu.

- De forma alguma. - Acariciou minha nuca.

- Mas se for aquele seu carro vermelho, viro a sua na hora. - Ele gargalhou.

- Nem se me pedir muito, filha.

- Veremos.

- Sabe que sou gado teu e uma hora vou ceder né? Cachorra. - Apertou minha nuca e eu me arrepiei.

- Viu, o que vamos fazer hoje? Quer conhecer o que? - Mudei de assunto.

- Pior que eu tava afim de ficar em casa com você, sabia? No mesmo programa de ontem, mas só nós dois.

- Obrigada, meu Deus. - Rimos. - Te levaria pra onde quisesse, mas tô morta de cansada. Em compensação, vou fazer um almocinho show pra gente, espia.

- Minha melhor decisão então. Sou amarradão na sua comida.

- Seu tempero me deixa bolada é um mel misturado com dendê. - Cantei Zeca Pagodinho, batucando no volante. - Vai se apaixonar aí depois da minha especiaria.

- Amor, a gente namora, já sou apaixonado por você.

- Aé. - Ele gargalhou. - Não acostumei ainda, cara.

- Demorei, né?

- Porra... As vezes acho que somos amigos coloridos ainda.

- Foi mal, minha preta. Mas vai se acostumando, ein? Já te aviso.

incomum || gabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora