Tinha acordado umas três vezes com o Gabriel se revirando na cama e a quarta, foi com ele andando pelo quarto.
- Amor?
- Oi preta, te acordei? Desculpa.
- O que aconteceu?
- Nada, só perdi o sono. - Sentou na cama, acariciando minha perna por cima do cobertor.
- Tá tudo bem?
- Tá, amor. - Segurou minha mão, a beijando, mas foi aí que peguei o bonito no pulo, sentindo sua mão gelada e suada.
- Dengo... Tá tudo bem? - Olhei em seus olhos, sentando na cama.
- Não. Eu tô sentindo alguma coisa, mas eu não sei o que é. Eu acordei me sentindo agoniado, achei que era calor, mas começou a piorar, tô me sentindo sufocado parece. - Me aproximei dele.
- Posso? - Perguntei, antes de toca-lo e ele assentiu. Coloquei a mão em seu peito, sentindo seu coração extremamente acelerado. - Amor, acho que você ta tendo crise de ansiedade. Vem, vamos tomar uma água.
Levantamos e fomos até a cozinha, peguei água gelada e sentamos do lado de fora, tomando um ar.
- Vamos treinar a respiração, tá? - Sentei de frente pra ele, que assentiu, repetindo meus movimentos. - Tu já tinha sentido isso antes? - Perguntei, conforme ele começava a fazer sozinho.
- Já. De 2019 até 2021 eu tive bastante, mas nunca assim, só comia muito, tipo muito mesmo. Mas agora parece que tô tendo um ataque cardíaco que não me mata nunca.
- Não para não, amor. - Ele voltou a fazer os exercícios e eu dei espaço pra ele, com medo de ficar perto e sufoca-lo ainda mais, mas ele procurou minha mão pelo banco e assim que segurei nas suas, ele as entrelaçou forte.
- Tá melhorando, preto? - Ele negou, deixando uma lágrima escapar, que eu tratei de secar com a ponta do dedo. - Tá, o que você fazia quando sentia ansiedade naquela época?
- Exercicio, correr me ajudava muito.
- É o que vamos fazer então.
- Agora? Não preta, é mais de três, tu acorda cedo pra trabalhar amanhã. Vai passar...
- Bora se trocar. - Beijei a mão dele.
Nós fomos pro quarto, coloquei um shorts de malha, uma camisa dele e prendi o cabelo em um rabo de cavalo, enquanto ele só colocou uma camisa e o tênis. Fui pra cozinha, peguei duas garrafas de água, enquanto ele pedia o elevador. Assim que fechei a porta, ele me olhou.
- Amor, é sério, pode voltar a dormir se quiser. Eu corro sozinho de boa.
- Água com gás que você gosta, né? - Ele me encarou, dando uma risadinha e um selinho em seguida.
- É, teimosia. - O elevador chegou e nós entramos. Ele estava tentando disfarçar, mas percebia que seus dedos se movimentavam sempre. Porém, conforme fomos nos movimentando pra trocar de roupa, percebi que ele ficou um pouco menos agitado, então talvez a corrida realmente funcionasse. Eu espero, pelo menos.
O condomínio dele era gigante, então nem precisamos sair pra rua pra exercitar, apenas fomos o contornado pelo lado de dentro mesmo, até porque, era o mais seguro, né? Vide ser literalmente de madrugada.
Bom, ele correu. Eu aguentei acompanha-lo no mesmo ritmo só na primeira volta, dali em diante ele foi que foi e eu fiquei na caminhada, deixo o posto de atleta totalmente pro bonito.
E foi volta, viu? Mas até que eu estava gostando, estranho ou não, amava a dorzinha que dava no corpo por estar forçando algum musculo.
- E aí amor, cansou? - Apareceu atrás de mim, com a camisa no ombro.
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incomum || gabigol
Fanfiction"Não tem como te decifrar incomum Em cada curva sua inconfundível Só sei que me pegou de um jeito incomum"