capitulo seis

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- Te apresento o melhor japa desse Rildy. - Colocou a caixa na mesa, abrindo, o olhei e ele gargalhou. - Não, vou até arrumar a mesa no jeito pra você ter a experiência completa.

Fechou a caixa de novo, voltando com diversos pratos e potinhos, botando cada comida em um prato e enchendo os potinhos de molho, enquanto eu olhava de braços cruzados, segurando o riso.

Ele foi pra cozinha de novo, trazendo um vinho e duas taças.

- Por favor... - Puxou uma cadeira e eu sentei, rindo.

- Obrigada. - Ele riu da própria bobeira, sentando na minha frente. - Vai, tu que vai me guiar. Qual como primeiro? Tem ordem?

- Eu maceto tudo, mas essas são as entradas, que é umas paradinhas só pra enganar a fome. Esse chama ceviche, experimenta. - Peguei os palitinhos e comi. Ele gargalhou da minha expressão. - Achou ruim??

- Achei. - Fui sincera e ele riu.

- Ta, vamos começar de novo. Esse aqui é bom. - Esticou um prato com vários filézinhos, parecia ser salmão. Depois de um 7x1 pros palitinhos, consegui pegar.

- Esse é massa, curti.

- Aí o que que eu vou fazendo? Como esses menores antes e depois vou pros com recheio, que levam arroz e tal. Molho? Não faço a minima ideia da combinação, só vou colocando.

- Ótimo guia. - Ele riu. - Ta, vou explorando então.

- Ceviche a gente cancela, mas o resto é bom, confia. - O olhei desconfiada, rindo e seguindo a dica dele de começar pelos pequenos. Ele ia observando cada expressão minha, se divertindo com as minhas caras. É mole? - Cara, posso te perguntar um negócio?

- Diga. Nossa, esse aqui... - Revirei os olhos. - Me pegou.

- Curtiu? Esse é salmão com molho de manga acho.

- Delicia demais. Mas qual era a pergunta?

- Eu queria saber do teu relacionamento, tô chocado que tu veio pra cá na cara e na coragem ainda. - Ri.

- Cara, a gente se conheceu em um grupo do Facebook, tipo Afrodengo, sabe?

- Não faço a minima ideia.

- Ai, Gabriel. - Ele gargalhou. - Enfim, antes existiam grupo de Facebook pro pessoal se conhecer, aí geral postava foto, flertavam por comentários, ih, maior bobeira. Enfim, eu postei uma foto lá e ele comentou, como não era boba, chamei pra conversar, mas imaginando que não ia dar em nada porque eu era daqui, né? Só que deu. Começamos a conversar todo dia, tava chegando perto do final de ano e por coincidência ele foi passar a virada lá, e aí que fudeu tudo, vivi o famoso amor de verão Dezembro e Janeiro todo, aí no último dia ele me pediu em namoro.

Ele ouvia tudo como se quem assistisse a novela das nove, o que me fez rir de novo.

- Eu, bobinha que era, aceitei. Ficamos um ano indo e voltando, eu bem mais que ele, que inclusive era ó, show, um principe, fazia promessas, juras de amor, falava que queria casar e vivia pedindo pra eu vir pra cá pra morarmos juntos, eu? Vim, e aí meu amigo, passei foi o inferno por dois anos seguidos.

- Ele era escroto?

- Cara, o bicho simplesmente morria de ciúmes, não podia usar um shorts curto no calor desse Rio de Janeiro, mas era eu sair nos dias de folga que ele botava outra lá em casa. - Ele arregalou os olhos.

- Mentira? E era amante fixa ou várias?

- Os dois, é mole? Tinha uma que era fixa, mas além dela ele ficava com outras também. Essa fixa ele bancava e tudo, visse? Descobri depois. Aí teve um dia que uma cliente minha desmarcou em cima da hora, era sexta, ele tava de folga, voltei pra casa como? Com cervejinha, uma comidinha pra gente curtir juntos, já sabe o que vi quando cheguei, né?

- Cê ta de sacanagem, Michelle...

- Te digo, pô. - Bebi um gole de vinho e ele riu.

- Que filho da puta, cara. Tô até sem palavras. - Rimos.

- Foi o caos na época, aí depois que comecei a morar ali na Freguesia. Só separar do querido que a vida até andou.

- Sempre assim, né? Mas é aquilo, quem nunca foi corno, que atire a primeira pedra.

- E tu já foi, é?

- O que? Tu não achou o chifre enquanto mexia no meu cabelo? - Rimos. - Papo reto, tu nunca ouviu falar não?

- Eu não. Imagino com quem, disso eu já ouvi falat, mas dos chifres não fiquei sabendo não.

- Com ela mesmo. Já que tu contou, vou contar também.

- Ah ta, achei que fosse ter que perguntar. - Ele riu.

- Tipo, a gente se envolvia desde 2015 acho, envolvia não, nós namoravamos já. Só que antes disso, ela namorava com o Lucas Lima, tu conhece?

- Nunca ouvi falar. - Ele pegou o celular, me mostrando.

- Esse aqui.

- Ah já vi, nossa o que ele fez na cara? Ta ruim ainda, mas tá melhor.

- Pra mim continua feio.

- Ê, já vi que ta doído ainda, mas han. - Ele gargalhou.

- Pô, resumidamente, ela terminou com ele, começamos a ficar, namoramos, só que a gente brigava muito, tipo muito mesmo, e nessas brigas que a gente tinha ele me metia a gaia firme com o moleque.

- E tu não metia nela?

- Depende de época. - Ri, balançando a cabeça negativamente. - Nessa época não, fui corno no silêncio, tanto ainda perdoei depois, mas se for contar ficamos juntos quase 6 anos, e nesses anos aí trai sim.

- Pô, 6 anos é muito tempo.

- É, maior tempão. Nunca completamos um ano em paz, mas não teve um ano que não voltamos também.

- E estão juntos ainda? - Foi minha vez de perguntar, né? Não sou boba.

- Nada, agora terminamos de vez.

- Ah sim. - Ri e ele me olhou.

- Papo reto, pô. - Riu também. - Confesso que desses seis, acho que três a gente voltava por amor mesmo, amei ela pra porra. Mas depois foi palhaçada. De 2019 pra cá comecei a fazer terapia por conta da libertadores e acabei percebendo que era pura dependência emocional, principalmente da minha parte. Primeiro que ela cagava na minha cabeça e eu continuava atrás, segundo que eu queria ela como namorada mas queria outras mil mulheres, alguma coisa de errado tinha aí.

- Além de tu ser safado. - Ele gargalhou.

- Na época eu era, tá? To mudado.

- Medicado ele é ótimo. - Ele riu de novo.

- Exato. Mas é pô, era sinal de que sentimento ali não tinha mais, tava por carência, dependência, preso em uma história que já tinha acabado. Hoje já tenho uma outra visão de relacionamento.

- Foda que te entendo, era muito dependente também. Depois que a gente entende isso da uma liberdade do caramba, né? Vira toda a cabeça, que eu, jurava que com 25 já estaria casada e com dois moleques. - Ele riu.

- Exato! Eu tinha essa mesma visão, depois que me jogaram choque de realidade fiquei me sentindo um menino. Namorar de novo agora só quando tiver uma conexão e gostar da pessoa de verdade, tô novão ainda, tem chão.

- Isso aí. Sigo essa mesma filosofia e estou aqui, 3 anos solteira e feliz. Quando encontrar alguém que tenha conexão e que me respeite, penso se vale largar essa paz. - Ele riu.

- Isso aí, minha parceira. - Brindamos. - Ta bem gostando, né? - Perguntou, me olhando comer.

- Esse aqui é show também. - Peguei um hot roll, passando no tarê, enquanto ele ria, me observando.

incomum || gabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora