trinta e um.

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Gabriel POV.

- Nossa, me deixa respirar menina. - Soltei assim que abri a porta do banheiro, vendo Dhiovanna mexendo no celular.

- Ih, lavou essa mão?

- Não, vou passar a ceia toda com mão de saco. - Ela ia me responder mas gargalhou.

- Porra, por que Deus? Por que me deu um irmão homem? - Ri. - Não sabia que era o bonito no banheiro, pra sua informação. Mas ja que nos encontramos...

- Tô com pressa, não posso falar agora. Qualquer coisa entra em contato com meu assessor. - Ela riu, cruzando os braços. Fiz a mesma pose que ela, me dando por vencido.

- Achei uma graça, tá?

- Obrigado. - Ela riu.

- Mas sério, tá rolando faz tempo?

- Um pouco antes da liberta. - Ela se chocou mais uma vez e eu ri. - Mas não é nada sério, ainda somos amigos acima de tudo, é só as vezes que rola só.

- Tô passada, juro. Tava reparando vocês diferentes hoje, mas achei que era minha mente vendo coisa por shippar vocês. Chocada demais.

- Mas vem cá, o que tanto te choca também? Sou feio, é? - Nos encaramos, rindo segundos depois.

- Óbvio que não, mas é que pô... Mi é diferente das garotas que tu fica, no bom sentido. Gatona, mulherão, sabe? Tu sempre fica com menininha futil, com todo respeito. Aí achei legal.

- Hm. - A olhei desconfiado, a fazendo rir. - Mas aê, fica entre nós, tá? Segredo de estado.

- Lógico que fica, mas... Por quê? Tu não tá falando isso porque tá escondendo a garota não, né? Que tu já ficou com umas bem piores e deixava a família toda saber, mesmo que rolasse a pouco tempo. E querendo ou não, da liberta pra cá já faz um bom tempinho, ein?

- Não cara, mas é que... É diferente. - Ela arqueou a sobrancelha. - Nossa relação, no caso. Eu não sei muito bem o que somos, nem o que sinto por ela. Mas sei o quanto gostam dela, o quanto ela gosta de vocês, e só não quero apressar as coisas.

- Promete?

- Lógico, Dhio. Tu acha que ela pensa isso?

- Pô Gabi, se eu tô ficando com o cara há um tempinho, ele me chama pra passar o Natal junto com a família e quando chego aqui, ele me trata como se eu fosse os dos manos dele, enquanto no quarto tava me beijando escondido, acharia sim.

- Tô tratando ela dessa forma, é?

- Tá. - Riu. - Mas isso eu, né? Que sou chata e surtada. Mi parece ser mais pé no chão. Acho que teria te falado se estivesse incomodada. Foi uma dúvida minha mesmo e se tu disse que não, confio em você.

- Pô, agora tô me sentindo mal, nem me liguei. Só tava com medo de apressar as coisas e ela não gostar, acho que pesei a mão. - Cocei a nuca, colocando a mão na cintura. - E o que você acha que eu faço? - Ela me encarou e riu. - O que?

- Você fica meio burro quando tá apaixonado.

- Mas quem falou que eu tô apaixonado, minha filha? Acabei de te falar que somos amigos, mas temos um lance casual também quando bate a vontade, só. - Ela me olhou debochada.

- Já que são tão amigos, tu sabe o que tem que fazer mais do que eu, né? Ou pelo menos, deveria. - Fiquei a encarando, que riu, entrando no banheiro.

Suspirei e fui até a sala, olhando o pessoal. Nunca faziamos algo grande no Natal, ficava só nós quatro ou vinha uma parte mais próxima da família, que era o caso desse, que estavam minhas tias e alguns primos.

Pousei os olhos nela,que ria de alguma coisa com a minha mãe e minha prima falavam, dando um sorrisinho.

- Olha o gatão aí. - Tia Zezé soltou, colocando um pudim na mesa e me fazendo despertar.

- E aí, tia. - Me aproximei, a abraçando e beijando o topo da sua cabeça, já que ela era baixinha que nem dona Linda. - Certeza que não vai abrir exceção pra comer a ceia antes da meia noite?

- Nunca, tradição é tradição. - Revirei os olhos e ela riu, me abraçando de lado. - E sua amiga, ein?

- Gostou dela, tia?

- O que tem de gente boa, tem de linda Só amiga mesmo?

- Ela é mesmo, mas sim, só amigos.

- Pela carinha que tu tava ali parado, se são amigos, você não vê ela dessa forma. Mas me limito a dizer que é a cara da nossa família, independente da forma que faça parte dela. - Ri, beijando o topo da cabeça dela de novo e simplesmente não respondendo, até porque não tinha o que responder mesmo. Ficava puto que não passava nada por essa mulher, observava tudo e errava pouco.

Apesar da minha perturbação na orelha da tia Zezé pra comer, meia noite não demorou pra chegar e daí pra frente, virou oficialmente uma festa digna da família Barbosa Almeida.

Ou seja, cachaça e forró. Os vizinhos não deviam entender nada.

"Dorme comigo sem compromisso.
Se a gente acordar amigo, eu juro que eu desisto.
Dorme comigo paga pra ver, que gente vai tá namorando quando amanhecer"

Nossos olhares se encontraram enquanto eu dançava com a minha mãe e ela com a Dhio, seguramos o riso simultaneamente e ela desviou o olhar, balançando a cabeça negativamente.

- Trocou, quero dançar com minha gata. - Dhiovanna, que dançava com a Michelle, soltou, olhando pra minha mãe. Mas sabia bem o motivo da troca de dupla e agradeci mentalmente por isso.

Trocamos de dupla e segurei sua cintura, que balançava no ritmo da música.

- Rapaz, jurava que tu era durinho.

- Que isso, pega o gingado. - A girei, ouvindo ela rir e colando nossos corpos em seguida.

- Gostei de ver.

- Vamos dar uma volta? - Perguntei baixinho.

- Agora? - Olhou pelo quintal.

- É. Eles nem vão dar falta. - Olhei também, vendo que geral além de alto, estava distraído com alguma coisa.

- Bora. - Disfarçamos dançando mais um pouco e logo ela entrou. Esperei alguns minutos e fiz o mesmo caminho, pegando uma garrafa de champanhe e saindo de casa.

incomum || gabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora