cinquenta e seis.

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- Bora minha carreta!! - Gabriel gritou do outro lado da piscina, enquanto eu e Fabi, tentávamos ensinar Nina, Marília e Camila a dançar pagodão, ao som de Oh Polêmico, canetada do Rodi.

Era. Era pra ser um churrasco tranquilo na casa do Arrasca, mas algo saiu do controle.

A desculpa do churrasco era comemorar o início da temporada, desculpa porque já tinha começado faz tempo. Tava boa parte do elenco, alguns que até nunca tinha visto fora de campo.

Geral se falava, mas era inevitável as panelinhas.

Tinha a nossa oficial, com Fabi, Matheus, João e Mylla.

A nossa quando tava geral, que acrescentava Rodi, Arrasca, Camila, Nina e agora o Vidal.

E o pessoal mais calmo, que era o Miteiro, Pedro, BH e afins.

E tinha David Luiz. Primentamente, em que momento da minha vida eu ia imaginar estar em um churrasco com David Luiz? Exato, nenhum. O tanto de fic que li na adolescencia com esse querido na época da fatídica copa de 2014...

Enfim, o senhor David Luiz intercalava entre os dois grupos. O cara era uma simpática e unia todas as tribos que nem o Norvana.

- Michelle promete que vai me levar pro Carnaval do ano que vem? Nunca pedi nada. - Mylla fez sinal de súplica.

- Ah también quiero. Vejo os vídeos toda vez e fico morrendo de vontade.

- Gente, é muito gostoso. - Nina disse.

- Eu tô esperando meu momento ainda né, até Gabriel Gol já levou e eu nada. Medo de me apresentar pra sua outra melhor amiga? - Fabi cruzou os braços, me fazendo gargalhar e abraçar ela de lado.

- Para de ser ciumenta, garota. Levo todas, ano que vem nós vamos. Só nós e sem bocar torta. - Falei um pouco mais alto.

- Que isso você é aquele porco daquele livro Ordem dos Animais? - Rodi soltou.

- Revolução dos Bichos, cara. - Matheus disse e nós gargalhamos.

- É, isso ai. Sua namorada aí Gabriel. Favor levar embora.

- Vai ela achando que vai sozinha, me disfarço. Ouviu fia? Me disfarço, aparecer lá bem de fininho. - Ri, mandando beijo pra ele.

Nós ficamos conversando, Nina e Cami foram pra perto dos meninos, que agora estavam na churrasqueira, e a Mylla foi até onde estavam as bebidas, voltando com uma garrafa de cerveja em uma mão e um copinho de cachaça na outra e nós três fomos pra cozinha fazer caipirinha com a Fabi.

- Amigas, vocês já perceberam - Virou o copinho com cachaça, enquanto eu e Fabi arqueavamos a sobrancelha. - Que a maioria das meninas não falam com a gente?

- Já reparei. - Fabi soltou.

- Eu nunca me liguei não.

- Menina, não falam, viu? - Abriu a cerveja. - Não, tem umas que falam,mas a maioria não fala. E não é de agora não, é de sempre. Eu tentava me aproximar, mas assim que eu chegava, o clima ficava diferente, aí parei de tentar me aproximar e até de vim nas festas, churrasco e afins.

- E você se incomoda com isso, amiga? - Fabi perguntou, provavelmente notando, assim como eu, que aquilo era mais um desabafo do que qualquer outra coisa.

- Com essa parte não. Entendi que o problema que elas viam em mim, primeiramente é porque sou pobre. - Rimos. - Sou estagiária, me fudendo com a faculdade, moro com meus pais lá na zona norte, nada muda. Segundo que elas acham o que tudo mundo acha, né? Que sou feia pro João.

- Já ouviu elas falando, é? - Perguntei, indignada mas não surpresa.

- De forma explicita não, mas sabe aquelas pessoas passiva agressiva? Ficavam comentando disfarçadamente, dando dicas do que eu podia mudar "ai seu cabelo ia ficar tão lindo de tal jeito" "acho tal estilo lindo, ia valorizar super seu corpo". E tudo brega, ia ficar padronizada que nem elas.

incomum || gabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora