trinta.

4.9K 353 23
                                    

Tá... Eu realmente gostava muito da família do Gabriel. Eles me pediram pra ir mais cedo pra lá ao invés de ir de noite e dava pra ver que estavam fazendo de tudo pra eu não me sentir sozinha.

Tia Linda fez até Vatapá de acompanhamento e Moqueca, enquanto eu chegava junto no Tiramissu de sobremesa.

E no momento, a mulher negra colocava seu belo vestido, seu bom salto, e soltava o cabelo pós terminar de se maquiar, pronta pra comemorar o aniversário de Jejê.

Bateram na porta e eu atendi, vendo Gabriel todo arrumadinho. Nos medimos e ele  respirou fundo, colocando as mãos na cintura.

- As vezes eu acho que você faz de propósito. - Ri, abrindo um pouco mais a porta, enquanto ele entrava.

- Gostou da nova versão que usa salto? Vai ser minha nova personalidade do próximo ano.

- Babo em todas as versões. - Me fez dar uma voltinha. - Queria te dar uma parada, enquanto geral tá se arrumando ainda. - Mexeu no bolso, tirando uma caixinha comprida.

- Sabe que não precisava, né?

- Sei. - Ri, o olhando e abrindo a caixinha em seguida. Era um colar dourado, com um pingente com o mapa da Bahia.

- Ah, Gabriel. - Ri, segurando. - É lindo demais, eu amei.

- Sei do quanto gosta de onde veio, quando vi, não teve como não pensar em você. - Sorri de novo, o abraçando, torcendo para que meu pouco peito disfarcasse o quão rápido meu coração tava batendo.

- Eu comprei uma coisa pra você também.

- Ih, brincou?

- Brinquei nada e tô passada pois acho que dividimos o mesmo neurônio. - Abri minha mochila, pegando uma caixinha também.

Ele deu um sorrisinho e abriu, puxando o colar, que tinha um pingente redondo com um trecho de Levanta e Anda do Emicida em formato de redemoinho.

- Você já falou o quanto essa música representa pra você, achei que faria sentido carregar ela junto.

- Agora você me quebrou. - Riu, lendo a frase.

- E esse é pra você perder a virgindade de show do Emicida, já que me fez perder a do Ret. - Entreguei os ingressos, enquanto ele riu.

- Tô até sem graça, gosto demais desse cara.

- Pô, fico passada que tu já foi em todos os shows do mundo, menos no dele. - Ele riu. - Mas vi que esse cai na nossa folga, nada mais justo. Quer dizer, na sua folga, né? Não precisa necessariamente ir comigo, vai com quem quiser. - Corrigi e ele riu.

- Se não for com você, vou cantar Baiana pra quem? - Segurei o riso, enquanto ele se aproximava. - Obrigado, minha preta. Essas são nossas aliança então? - Levantou os colares, enquanto eu gargalhava.

- Deixa eu colocar vai, garoto. - Ele riu, virando, enquanto eu colocava o colar nele, virando automaticamente pra ele colocar o meu.

Segurei o cabelo e assim que ele fechou o colar, beijou meu pescoço delicadamente, me abraçando por trás.

- Senti sua falta nessas duas semanas. - Virei, passando o braço pelos seus ombros e semicerrando os olhos, fazendo ele rir. - Te juro.

- Acredito, porque também senti. - Acariciei seu rosto e foi a vez dele de fazer a mesma feição que a minha. - Mesmo indo no pagode quase todos os dias, tal qual o senhor.

- O que piora mais ainda as coisas, né?

- Demais. - Ele riu, observando meu rosto com um sorrisinho. Selei nossos labios e senti as borboletas no estômago junto com o frio na espinha.

Aprofundamos o beijo e senti sua pele arrepiar, enquanto os dois davam um sorrisinho no meio dele.

- Amiga, tá bom? - Entrou no quarto e nós nos separamos.

- Aprendeu tudo menos bater na porta, né? - Ele soltou, mas ela não respondeu, ainda nos olhando chocada, me fazendo rir.

- Não sei se estou passada ou feliz. Apesar que hoje vocês não estavam disfarçando nada.

- Michelle é péssima disfarçando mesmo. - O  olhei, rindo.

- Tu encarando ela de dez em dez minutos não configura disfarce não, gatinho.

- A voz de Dhiovanna é a voz de Deus. Mas respondendo sua pergunta, tá linda demais.

- Linda do irmão, realmente roubou a beleza da família.

- Cretinos, não mudem de assunto. - Nós rimos. - Eu atrapalhei uma primeira vez ou...

- Não, agora vamos descer. - Gabriel tocou nos ombros dela, a direcionando pra porta, enquanto ela se chocava ainda mais.

- Tá rolando faz tempo???

- Ouviu minha mãe chamando a gente? - Me olhou.

- Ouvi, deve estar precisando de ajuda.

- Vocês são sonsos demais. - Gargalhei, fechando a porta atrás da gente.

Eles desceram na frente e eu dei uma respirada funda pelo susto, rindo da situação logo em seguida.

incomum || gabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora