cinquenta e sete.

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Matheus POV

- O que foi, cara? - Gabriel perguntou, reparando que eu o olhava.

- Você tá estranho. Olho fundo, cara de cansado,  tá de ressaca? - Ele riu, pela primeira vez no dia.

- Antes fosse, irmão. - Passou a mão no rosto, olhando pra vidro e cantando baixinho a música que tocava.

- Sou algum qualquer? Tô aqui esperando tu contar. - Ele riu. - Tá nervoso pro jogo?

- Briguei com a Michelle, só isso.

- Ué, do nada? Sairam de boa do churrasco ontem.

- Pois é. Lembra aquele cara que falou com ela lá no ano novo?

- Não faço a minima. - Ele estalou com a boca.

- Enfim, ela encontrou um cara que ela ficava no dia do jogo lá, ele mandou mensagem bem quando eu tava com o celular dela na mão, dando em cima na caruda, tá ligado? Não abri a conversa, mas li pela notificação. Fiquei puto pô, me sentindo otário, ela nem me contou.

- Como que ia contar sendo que ela nem tinha visto?

- Que viu ele.

- E ia contar pra que? Tu conta toda vez que encontra quem tu já ficou por aí? Mas han, e aí?

- E aí que foi isso, brigamos meio feio, estamos sem se falar, maior merda. Acho que a gente nunca tinha brigado assim não.

- Entendi... Foda, né?

- Fala Matheus, fala...

- Você já sabe, meu mano.

- To errado?

- Obvio? O cara que dá em cima da mina e tu brigou com ela? Qual o sentido disso? Os dois são meus amigos, quando os dois errarem vou apontar igual e nessa situação, pra mim, tu ta errado. E digo mais

- Pra quem não ia falar nada. - Segurei o riso pra não perder a credibilidade da bronca.

- É que mano, com todo respeito, mas essa tua sindrome de chifrudo vai fazer tu ficar sozinho. Michelle não é a Rafaella, irmão. - Ele suspirou.

- Eu sei....

- Pois não parece. Não tem cabimento tu ficar descontando o que aconteceu lá atrás nela. A conhecendo, sei que ela te ama muito, mas não vai ser o suficiente pra fazer ela ficar não, caso vire uma parada recorrente. Aí de duas uma, ou tu vai perder a mulher que ama e viver com essa cara de quem não dormiu a noite toda. Ou vai perder a mulher que ama, viver com essa cara e casar com uma mina que não gosta de você, mas vai ficar caladinha quando tu der dessas por motivos que sabemos bem. Pô, se liga.

- Ainda me chamou de feio. - Não aguentei e ri.

- Hoje tu tá, puta merda. Olheira, cabelo amassado... Lamentavel. - Ele gargalhou.

- Vai se fuder, Matheus. Mas tá, eu perguntei de otário, sei que tô errado, no que falei e em como falei. E tô puto porque a gente viaja amanhã de madrugada já e nem vou conseguir me desculpar pessoalmente. Não queria fazer por mensagem.

- E nem deve, falou merda pessoalmente, vai se desculpar pessoalmente também. Mas assim, tenta se aproximar aos poucos nesses dois dias, mandando mensagem, respeitando o espaço dela e quando voltar, conversam.

- Certo... - Respirou fundo de novo, colocando a camisa na cara e bufando, enquanto eu ria fraco, balançando a cabeça negativamente.

- E nem sei como pedir desculpa. Levo flor? Ela vai me esculachar, né?

incomum || gabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora