setenta e um.

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- Eitaa. - Soltei, assim que o bonito entrou no carro batendo a porta. - Jogo foi ruim?

- Foi péssimo.

- Desculpa não conseguir ter vindo, tá?

- Tu nunca vem mesmo, mais do mesmo. - Soltou.

- Ó, se tiver putinho a ponto de descontar o que rolou em campo, em mim, já me fala que hoje eu to na paz, ein? - Ele bufou, aumentando o som e olhando emburrado pra janela, tal qual uma criança de cinco anos, enquanto eu segurava o riso.

Sempre que ele voltava de jogo assim, a gente dava um tempo antes de conversar. Ele, com certeza ia ser um cavalo. E eu, ia devolver o coice que não nasci pra ficar quieta. Ambos sabiam disso e não conversar era a melhor saída.

Fomos pra casa em silêncio, comigo cantando baixinho e olhando a vista enquanto dirigia. Como disse, estava na paz terrível.  Dias e dias, porque em alguns, quem tava virada no cão era eu, mas tenho desculpa, ok? Hormônios.

Hoje era aniversário do Matheus, ia ter festa pós jogo e aparentemente a derrota não abalou ele não, já que assim que cheguei, vi ele mandando foto todo arrumado com a Fabi, ambos com uma taça cheia na mão. Amo meu casal.

A mulher estava regradíssima e assim que cheguei, já fui comer, que já tinha até passado do horário da minha janta. Esquentei minha boa marmita, comi e subi, vendo que ele tinha acabado de sair do banho, só de toalha. O medi na cara dura e entrei no banheiro sem dar um piu, tomando banho na paz de Cristo.

Sai e passei creme na frente do espelho, observando meu corpo. Agora já dava pra ver levemente uma barriguinha. A querida estava grávida? Tinha apenas comido demais antes de ir pra festa? Segredo.

- Desculpa, tá? - Soltou assim que entrei no closet pra escolher minha roupa, enquanto ele já estava vestido. Murmurei e ele me abraçou por trás, beijando meu ombro. Virei, passando os braços em volta do seu pescoço.

- Amor... Cê sabe que tava errado, né?

- Eu sei, fico me sentindo malzão quando sou grosso com você.  Me desculpa.

- Não. Na briga entre você e o Gago hoje. - Ele arqueou a sobrancelha. - Posso não ir pro estádio ver ao vivo, mas sempre te assisto. - Ele suspirou.

- Você achou?

- Achei. Os dois estavam de frente pro gol, não tinha porque ele te passar a bola. No lugar dele, tu iria passar?

- Não...

- Então pronto, bê. Se ele te passasse tu poderia empatar o jogo? Sim, mas ninguém passaria cara. Não tinha porque tu ficar tão puto. Você tem que ser mais calmo, João ouviu atoa. - Dei um selinho nele, voltando a procurar alguma roupa.

- É que eu já tava puto. Jogo foi ruim, eu fui muito ruim em campo, geral me vaiando. Vi a chance ali, sabia que tava melhor posicionado e quando ele perdeu por bobeira, estourei. - Voltou pro banheiro, enquanto eu pegava um vestido tomara que caia que batia um pouco abaixo do joelho, grudadinho, que deixava minha barriga toda querendo se amostrar.

Confesso que to doida pra me ver barrigudinha, viu?

- E pra melhorar ele foi grossão, aí que explodi mesmo. É cada uma, custava ele... - Me olhou assim que entrei no banheiro, dando um sorrisinho.

- Pode continuar, tô ouvindo. - Coloquei a bolsinha com a maquiagem na pia e prendi os dreads.

- Não, nem vale mais a pena. Você ta linda demais. - Me abraçou por trás de novo, acariciando minha barriga, enquanto eu ria.

- Eita como é nego doce. - Ele riu.

- Vocês me fazem perder a postura, da não. - Segurou minha mão, me fazendo dar uma voltinha. - Mas sou mesmo, inclusive, trocaria mil vezes essa festa pra gente ficar de Netflix hoje. - Acariciei seu rosto, rindo.

incomum || gabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora