incomum || gabigol

sessenta e oito.

- Dhio te contou?

- Até ela sabia?? - Na primeira frase eu já tava no auge da minha indignação.

- Ela foi a primeira a saber, preta.

- Preta a sua pomba. - Ele arregalou os olhos, segurando o riso. - Venha de apelidinho não, Gabriel. Como que tu me fala uma porra dessas com essa cara lavada?

- Mas como é que você queria que eu falasse??

- Antes de eu descobrir pela boca dos outros. Porra, se tu ainda tinha sentimentos por ela, era só simplesmente não se envolver comigo. Eu virei o que? Step? Cara, eu não to acreditando nisso não, na moral véi.

- Acho que

- Na real, nem vou dar barraco, nunca fui disso. Faça o que tu quiser. Quer voltar pra ela? Volte. Só não ache que vou fazer parte dessa graça, viu?

- Preta, a gente...

- E outra

- Mulher. - Segurou minha mão. - Acho que estamos falando de coisas diferentes. - Uepa.

- Como assim?

- Vamo lá, do que você ta falando? - Peguei o celular e mostrei a foto pra ele, que bufou. - Puta que pariu.

- Eu que o diga. - Ele bloqueou o celular,me olhando.

- Ontem eu errei, mas foi em não ter te avisado que ia sair depois do jogo. Evitaria tu ficar passando mal sozinha em casa. Sozinha não, mas você entendeu, não tava contigo em um momento que você precisava. Mas só isso.

- Han... - Cruzei os braços.

- Fui pra All In com os moleques só pra desestressar, ia ficar pouco, tanto que nem bebi e lá sim, encontrei a Rafaella. Essa era a primeira parada que queria te falar, que da última vez que tu encontrou ex seu, deu briga, entao queria evitar. A segunda era que, ela me chamou pra conversar, pra avisar que tava querendo comprar uma casa no mesmo condomínio dos meus pais e perguntou o que eu achava disso. Falei que não ligava, não morava mais lá, não tenho mais nada a ver com a vida dela e fé. Provavelmente foi quando tiraram a foto. Eram só essas duas coisas que tinha pra falar.

- Hm... - O olhei e ele riu.

- Eu fiquei na All In uns trinta minutos e se soubesse o B.O que ia dar, vide essa foto, nem tinha me dado o trabalho. Mas rolou só isso, nada além. Até porque tava de fato geral, inclusive Matheus, então se tivesse feito merda o discurso ia cair por terra, porque com certeza ele já ia ter te falado.

- Dei barraco atoa então, né?

- Um pouco, mas pra quem já deu por uma mensagem, não sou ninguém pra julgar. - Ri fraco, revirando os olhos.

- Desculpa?

- Quero flores. - Rimos. - Tu achou que eu tava te traindo com a Rafaella, cara?

- Lógico, vocês tiveram a maior história. Saber que tu tava me traindo ia doer, mas com ela doaria o dobro.

- Isso ta totalmente fora de cogitação, preta. - Se aproximou. - Nós estamos de boa?

- Ainda não... Calma, quer dizer, estamos. Mas quero te perguntar uma coisa antes e preciso muita da sua sinceridade, por toda a consideração e respeito que temos um pelo outro, mesmo que vá doer.

- Sim senhora.

- Você não sentiu nada quando viu ela não?

- Indiferença. Nem coisas boas como sei lá, cinco anos atrás, nem coisas ruins como a dois. Simplesmente não senti nada.