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Anna

Chego na floricultura 10h50 com uma escolta de seguranças a rodo, três vão ficar na porta de olho em quem entra e em quem sai, e dois vão ficar dentro da loja.

Falei pro Pierre que não tinha necessidade desse tanto de homem aqui porque pode espantar meus clientes, mas segundo ele quem vem até aqui já sabe de quem eu sou mulher.

Coloco minha bolsa no armário do estoque e volto para conferir umas coisas no caixa e dar uma olhadinha no site da loja.

Estou concentrada no meu trabalho quando começo a ouvir um burburinho do lado de fora e os dois seguranças que ficam aqui dentro saem apressados até lá.

Penso se vou ou não até lá, mas a curiosidade me corrói por dentro de acabo indo ver o que tá acontecendo.

Quando chego perto da porta vejo uma cabeleira loira e me dou conta de que é a Carine, puta que me pariu, o que essa mulher quer agora? Não tenho um dia de sossego nessa terra.

Lopes: Ae patroa, ela disse que quer falar contigo e que é urgente. — Ele vem até mim e olha pra fora.

Anna: Se o Pierre souber que ela tá aqui... — Respiro fundo e coço a nuca. — Trás ela pra dentro mas quero vocês segurando ela, não sei o que essa louca quer e poder fazer algo comigo. — Ele acena com a cabeça e faz um sinal para trazerem ela. — Te dou dois minutos pra falar o que tu quer, mas saiba que o Pierre vai ficar sabendo disso.

Carine: Eu não me importo, posso ser uma filha da puta mas a situação saiu do controle. — Ela fala ofegante e eu olho pra ela sem entender nada. — Eu conheço sua mãe, fui eu que falei pra ela que tu tá esperando um filho do Pierre.

Anna: Qual o seu problema? Tu sabe muito bem o que ela causou na minha vida, tá sendo x9 agora por que?

Carine: Dinheiro cega o ser humano. — Ela ri sem humor. — Ela voltou pra cá porque tá desesperada atrás de dinheiro, e como viu que tu tá com o Pierre achou o pote de ouro no final do arco íris....mas ela foi idiota em achar que você ficaria com pena dela quando visse ela.

Anna: Ela tá devendo alguém? — Balança a cabeça em positivo. — Quem?

Carine: Aquele cara que tava com ela ontem no carro é um dos viciado em pó que ela conheceu na rua, os dois começaram a usar droga junto e virou uma bagunça, começaram a dever traficante pelo rio todo...só não foram no vidigal por conta do Pierre. — Ela limpa a garganta e continua. — Como ela soube que tu tava com ele e ele tem muita grana, tentou chegar em você pra pedir dinheiro pra poder pagar as dívidas dela...ela ia te ameaçar ontem, mas como a contenção chegou antes ela deu um jeito de dar um migué.

Anna: Onde você quer chegar com isso? Fala logo!

Carine: Ela tava armada ontem Anna! E como não conseguiu então ela me mandou uma mensagem hoje cedo dizendo que tava se preparando pra vir aqui na sua loja escondida, ela vai vir aqui tentar te ameaçar com arma e tudo até você dar o dinheiro! Pensou até em te sequestrar pra ameaçar o Pierre com o resgate, ela é louca! Eu sou um lixo de pessoa e eu assumo, mas não podia ver ela querendo fazer mal pra uma pessoa que tá esperando um bebê.

Anna: Meu Deus! Alguém liga pro Pierre e avisa isso, eu preciso sair daqui. — Falo desesperada e corro pra dentro da loja pegar minha bolsa e quando estou prestes a entrar no estoque vejo a Raquel saindo de lá com um arma apontada pra minha barriga, meu coração gela na hora.

Meu. Deus.

Como ela entrou aqui?

Anna: R-raquel, por favor... — Levanto as mãos em rendição e sinto uma lágrima escorrer pela minha bochecha.

Raquel: Você acha que eu sou burra, filha? — A rispidez em sua voz me assusta, ela se aproxima mais de mim e eu dou um passo pra trás. — FICA QUIETA AÍ.

Ela pega algo no bolso e quando vejo é um molho de chaves da floricultura, observo bem um dos chaveiros e percebo que é da dona Virgínia.

Não. Não pode ser.

Anna: Como você conseguiu essas chaves? — Falo trêmula querendo não pensar no pior.

Raquel: Calma meu bem, aquela velha ordinária jamais trairia sua confiança assim! Tive um trabalhinho pra conseguir isso aqui, mas no fim deu tudo certo. — Ela sorri feito o diabo.

Anna: O que você fez? — Falo entredentes e ela começa a dar risada. — O QUE VOCÊ FEZ RAQUEL?

Os seguranças entram naquele espaço no momento em que grito, todos apontando suas armas para a mulher a minha frente.

Me assusto quando ela pega pelo meu pescoço e me deixa a frente dela me fazendo de escudo humano, ela simula um mata leão para que eu fique imobilizada e permanece apontando sua arma para minha barriga.

Raquel: Se tentarem alguma gracinha eu não penso duas vezes antes de atirar nela. — Ela fala alto enquanto aperta mais o braço em meu pescoço. — E responde sua pergunta, eu matei aquela velha que você tanto ama. — Sussurra no pé do meu ouvido.

Anna: NÃO! — Eu grito desesperada e o pavor toma conta do meu corpo. — Por favor, meu Deus...

Raquel: Não existe Deus aqui, nunca existiu. — Ouço o destrave da arma. — Cadê seu maridinho?

Anna: Quanto tu tá devendo? Eu te dou o dinheiro, mas por tudo que é mais sagrado...se ainda existe algum tipo de humanidade dentro desse seu coração, não atira! Meu filho....pelo amor de Deus!

Raquel: Eu vou fazer um favor pra ti, melhor do que ter uma criança no meio dessa sujeira...imagina a vergonha de falar que é mãe de filho de bandido? — Tento me desvencilhar dela mas é inútil, além dela ser bem mais alta que eu ela é bem mais forte. — Fica quieta! — Sobe a arma para minha têmpora.

A todo momento eu peço para as forças maiores me tirarem viva daqui, eu não posso morrer....

Vermelho Fogo [M] Onde histórias criam vida. Descubra agora