Anna
Mal percebo que já chegamos em casa e sou levada nos braços do Matheus até o quarto, ele me coloca com calma na cama e sorri fraco.
Pierre entra logo em seguida e me olha.
Pierre: Chamei a Clarisse pra vir aqui te ver, bora lá tomar um banho... — Ele respira fundo. — Vem. — Seguro em sua mão e ele me leva até o banheiro, me senta na tampa do vaso sanitário e retira minha roupa com calma, aproveita pra tirar a dele e coloca todas dentro do cesto que fica no canto.
Levanto para me olhar no espelho mas ele me puxa para um abraço, onde esconde meu rosto em seu peitoral nu.
Pierre: Melhor tu não olhar... — Sinto meus olhos arderem pois sei do que ele tá falando, os respingos de sangue daquela mulher ainda estão em mim.
Ele me carrega até dentro do box e sinto a água quente caindo em nossos corpos, sinto o relaxamento instantâneo tomar conta de mim.
Anna: Eu não aguento mais isso, Pierre... — Soluço alto enquanto ainda permaneço com a cabeça colada ao seu peito. — Só queria uma vida mais tranquila.
Pierre: Boneca, eu te garanto que metade dos teus problemas foram resolvidos hoje com a morte daquela mulher. — Ele segura meu rosto com as duas mãos me fazendo olhá-lo. — Não vou garantir que tua vida seja 100% tranquila daqui pra frente, tu sabe quem eu sou e com o que eu mexo...tem sempre uma parada pra pegar nois desprevenido, mas pode ter certeza que faço do céus e terras pra isso não respingar em tu e nem na nossa cria.
Anna: Eu sei amor, apesar do choque de ter visto uma pessoa ser morta na minha frente...eu sinto um alívio imenso em saber que eu nunca mais vou ver ela. — Envolvo meus braços em sua cintura para abraçá-lo. — Eu sou imensamente grata por ter você na minha vida, e sei que vai fazer de tudo pra proteger a gente. Eu te escolhi pra ser meu, principalmente pra ser pai do nosso filho...vai dar tudo certo.
Ele sorri e beija meus lábios calmamente, sinto sua mão espalmar minha barriga com carinho.
Pierre: Tô ansiosão pra saber se tu vai ser cria da favela ou patricinha igual tua mãe. — Dou risada.
Anna: Nunca fui patricinha, bobão. — Reviro os olhos em brincadeira e ele beija meu nariz. — Logo logo vamos saber... — Ouço alguém quase derrubando a porta do banheiro e gritando do lado de fora.
Rô: ANNA ESTRELLA SE TU NÃO SAIR DESSA MERDA EU VOU DERRUBAR ESSA PORTA! — Olho para o Pierre e começamos a gargalhar. — NÃO TEM GRAÇA, ABRE.
Anna: Já vai! — Grito de volta e termino o banho, perdi as contas de quantas vezes esfreguei meu rosto e corpo onde respingos do sangue estavam em mim.
Enrolo uma toalha na minha cabeça e seco rapidamente meu corpo, pegando uma camiseta limpa do Pierre e colocando.
Saio do banheiro da suíte e dou de cara com quatro pessoas me olhando intensamente.
Preto, Íris, Rô e Clarisse.
Anna: Oi... — Falo baixo e vou em direção a cama me sentar.
Rô: Anna, o Preto me contou tudo! Que absurdo tudo isso, graças a Deus vocês estão bem. — Ele se aproxima e me abraça, dando um beijo no topo da minha cabeça.
Anna: Agora tá tudo bem amigo, graças a Deus você não tava lá na hora... — Acabo me lembrando da Virgínia e meus olhos sem enchem de lágrimas e começo a chorar novamente. — A Virgínia, Ronald! — Olho para ele com os olhos arregalados e ele me abraça mais forte.
Rô: Não pensa nisso agora Anna, por favor! — Ele afaga minhas costas tentando me confortar. — A família já foi avisada do ocorrido, amanhã será o enterro... — Choro compulsivamente não querendo aceitar isso.
A única pessoa que me ajudou no momento em que eu me vi sem saída, simplesmente morreu por nada.
Anna: Ela não merecia isso, não merecia esse fim...eu odeio toda essa situação de merda! — Digo entredentes com raiva. — Que inferno.
Dra.Clarisse: Anna, eu sei que você está nervosa por tudo que aconteceu hoje mas você precisa se acalmar! — Ela se aproxima de mim e coloca um medidor de pressão no meu braço. — Se continuar assim teremos que levá-la ao hospital, sua pressão não pode subir muito por conta do bebê.
Íris: Eu vou descer lá na cozinha e preparar um chá de camomila pra você Anna, se acalma por favor. — Ela sorri triste e beija minha testa, logo saindo do quarto.
Dra.Clarisse: Deita na cama da forma mais confortável que você achar, vou medir sua pressão. — Me aconchego nos travesseiros atrás de mim e me deito na cama, fecho os olhos e respiro fundo tentando ao máximo me acalmar. — Isso, respira fundo e solta devagar....vai dar tudo certo.
Sinto o aparelho apertar meu braço e depois de alguns minutos ele se solta, a doutora observa e me olha.
Dra.Clarisse: Bom, sua pressão subiu pouca coisa...nada que influencie negativamente o bebê, mas por via das dúvidas vou colocar o estetoscópio na sua barriga pra ouvir o coraçãozinho. — Ela sobe a camiseta até mostrar minha barriga e coloca o objeto gelado em todas as partes e sorri aliviada. — Está tudo dentro do conformes, graças a Deus.
Anna: Amém doutora, muito obrigada de verdade. — Sorrio para ela e Íris entra no quarto com uma xícara rosa fumegante e me entrega.
Íris: Bebe com calma tá? Vai te fazer dormir igual uma princesinha. — Dou uma pequena risada e dou a primeira golada no chá, sentindo o gostinho doce descer pela minha garganta.
Pierre: Tá tudo tranquilo minha patroa? — Ele sai do banheiro e se deita ao meu lado, abaixando a cabeça para beijar minha barriga.
Anna: Tudo certinho, a doutora examinou e tá tudo bem com a gente papai. — Ele sorri e beija minha bochecha.
Pierre: Já pode vazar vocês pô, nosso quarto virou bordel agora é? Minha mulher quer descansar. — Todo mundo gargalha e eu dou um beliscão na barriga dele. — Menos pra tu doutora, foi mal ae.
Dra.Clarisse: Que isso, você está mais que certo! Vamos deixar eles descansarem, qualquer coisa pode me ligar que eu venho correndo. — Ela se despede da gente e sai pela porta do quarto.
Íris: A gente tá indo também Anna, qualquer coisa pode nos gritar que a gente vem correndo. — Me dá um beijo na testa e sai.
Preto: Preciso tomar um banho e dormir por três dias diretão. — Respira fundo nos olhando. — Falou aí vocês, qualquer coisa da um salve. — Ele bagunça meu cabelo e da um toque na mão do Pierre, saindo igualmente.
Rô: Sobrei e to indo também, se cuida Anninha. Amo você pra sempre. — Ele beija minha testa também e eu sorrio. — Tchau Pierre. — Meu namorado acena com a cabeça e finalmente ficamos sozinhos no quarto.
Anna: Que dia do caralho, meu Deus. — Bebo o último gole do chá e deixo a xícara em cima da mesinha ao lado da cama, me viro e fico de frente para o Pierre. — Não sai do meu lado.
Pierre: Nunca vou sair do teu lado, nunca. — Ele se ajeita e beija a ponta do meu nariz. — Vê se dorme e descansa, você precisa estar forte pra esse bebezao aí dentro ficar saudável...eu te amo branquelinha.
Sorrio e fecho os olhos sem forças nem uma pra poder responder, sinto meu corpo completamente pesado e cansado.
Os dedos do Pierre passam por todo meu rosto me fazendo um carinho gostoso, estou onde eu realmente sempre deveria estar.
Em casa, em família e com as pessoas que eu amo.
Sinto que a partir de agora uma nova fase se iniciará, e tudo ficará dentro dos conformes.
Eu mereço um pouco de paz, todos nós merecemos.
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Vermelho Fogo [M]
FanfictionMe jogaram na malandragem irmão, eu voltei liderando a gangue.. SEGUNDA TEMPORADA NO PERFIL.