Vermelho Fogo [M]

83.

Pierre

"Eu te amo, Pierre."
"Oi papai."
"Eu vou ser pai, porra!"

Os dias em que mais fui feliz na minha vida simplesmente passam pelos meus olhos enquanto tento encontrar forças para sair daquele carro, sinto que tô meio que delirando...a pancada na cabeça foi forte.

A primeira vez que a Anna disse que me amava, quando descobri que ia ser pai, momentos em que fui o homem mais feliz desse mundo.

Não posso avacalhar agora, a Anna e o Theo precisam de mim.

Respiro fundo sentindo todos meus ossos doerem mas ignoro isso completamente, vejo que o vidro da frente do carro tá todo trincado e decido começar a chutar para ele quebrar e eu conseguir sair dali.

Levanto um pouco o corpo do banco e tiro o cinto, pego a arma que estava no cós da calça e deixo destravada enquanto chuto o vidro com os pés com toda minha força até vê-lo se quebrando por completo e eu consigo sair dali.

Curvo um pouco o corpo sentindo a vertigem e um enjoo tomar conta de mim, respiro fundo endireitando a coluna e tiro a camisa usando ela para limpar o sangue da minha cabeça.

Vou atrás do carro no porta malas e forço aquela parte destruída afim de conseguir pegar a bolsa com as armas, e depois de muito esforço consigo tirar dali e a coloco no meu ombro.

Olho para cima do morro e vejo alguns dos meus homens descerem correndo até mim.

Pierre: QUE PORRA ACONTECEU CARALHO? — Eu grito enquanto vou em direção a eles. — Quem foi que bateu no meu carro?

Tião: Nois não tem ideia chefe, quando tudo aconteceu o carro simplesmente meteu o pé.

Pierre: Ajuda os cara que tão ali dentro do carro, capotou uma par de vez! — Aponto pro carro caído próximo a nós. — Vou voltar pra estrada e ir atrás de todos esses filhos da puta, tenta entrar em contato com o Lopes porque ele me ligou falando que o prédio tava sendo invadido. Preciso saber como tá a minha mulher!

Subo o restante do morro correndo e vou até o carro da segunda contenção, entro no banco do passageiro e o motorista já mete marcha pro galpão, sem eu precisar falar mais nada.

Caco: Tu tá bem pô? Carro capotou uma par de vez. — O meu motorista me pergunta prestando atenção na estrada a sua frente.

Pierre: Agora não tô sentindo mais porra nem uma, mas quando o corpo esfriar eu tô é fodido. — Respiro fundo e abro o porta luvas pegando uma garrafa de água e bebendo tudo em grandes goles. — Só quero acabar com toda essa merda e saber como tá minha mulher e meu filho.

Caco: Tamo tentando entrar em contato com o Lopes desde aquela hora mas só dá caixa postal, e o resto dos seguranças nem sinal. — Passo a mão na nuca nervoso, não quero pensar no pior. É merda atrás de merda.

Pierre: Manda mais um comboio lá de São Paulo pro prédio, preciso urgente saber como tá a situação lá. — Falo com meu segurança no banco de trás e ele acena em positivo com a cabeça, mandando um rádio pra galera lá de SP.

Leko: Já foram acionados chefe, logo chegam lá e vão dar um parecer pra nois. — Balanço a cabeça e passamos o resto da viagem em silêncio, 10 minutos depois já chegamos próximo ao galpão.