Vermelho Fogo [M]

92.

Anna

Abro meus olhos com calma e espreguiço todo meu corpo, não tive crise essa noite e agradeço muito por isso pois eu precisava de descanso.

Tateio a cama com a mão e vejo que o Pierre não está, estou pronta pra berrar ele quando olho ao lado da cama e tem uma bandeja de café da manhã em cima de uma mesinha, sorrio e o Theozinho se mexe na hora.

Anna: Estamos com fome, né filho? — Acaricio meu ventre e percebe que dormi nua, pego a camisola na cabeceira da cama e a visto rapidamente. Sento com perna de índio na cama e trago a bandeja com comida para perto de mim.

Tem suco de laranja, mini pães de queijo, croissant de presunto e queijo, uma fatia de bolo laranja e um bowl com morangos picados e iogurte.

Como tudo que tenho direito ali e quando estou terminando o suco de laranja ouço alguém bater na porta desesperado.

Anna: Pode entrar. — Falo alto para pessoa entender e quando observo a Íris entra igual um furacão e tranca a porta atrás de si com a chave. — O que aconteceu?

Íris: Olha Anna eu sei que você precisa ficar de repouso por conta do babado que aconteceu lá em SP, mas agora você tem cadeira de rodas e nem precisa se preocupar em andar. — Olho para ela paralisada sem entender bulhufas e ela retoma o ar e volta a falar. — Eu quero te levar lá no shopping pra gente comprar o enxoval do Theo, vamo gastar o dinheiro do Pierre.

Anna: Sim sim, a gente pode ir sim e... — Não consigo terminar a frase quando ouço praticamente alguém tentando arrombar a porta. — O que tá acontecendo Íris?

Íris: Você concorda em ir no shopping comigo? — Aceno com a cabeça e ela sorri vitoriosa, e antes que consigam arrombar a porta ela destranca e aparece o Pierre com uma cara de raivoso e o Preto ao seu lado. — Ela aceitou e vai comigo.

Pierre: Tu conseguiu me tirar da graça, Íris. — Ele respira fundo e me olha se aproximando de mim para me dar um selinho. — Essa maluca trancou eu e o Preto pra fora.

Anna: Tudo isso pra eu ir contigo no shopping? — Dou risada e ela balança a cabeça concordando e sorrindo.

Pierre: E tu não vai. — O quarto fica em silêncio e eu olho em seus olhos deixando meus ombros caírem. — Você precisa repousar e o shopping não é o melhor lugar pra tu ir e se estressar.

Anna: Eu vou sim, eu tenho a cadeira de rodas e tenho certeza que a Íris vai fazer a maior parte do trabalho e vai cuidar muito bem de mim. — Respiro fundo e endireito o ombro, me sentando na ponta da cama. — Não vai me obrigar a ficar presa aqui até o nascimento do Theo, se tu não quer que eu caia numa depressão é melhor aceitar.

Pierre: Tu só devia sair dessa casa pra ir na tua terapia, e não passear em shopping. — Dou um riso seco sem acreditar naquilo que eu ouvi.

Anna: Não sei se te interessa, mas vamos comprar o enxoval do seu filho e não passear atoa igual duas madames. — Estico os braços para Íris que vem de prontidão me ajudar a levantar, estralo as costas e olho mais uma vez para ele. — Coisa que eu tenho certeza que você nunca ia se propor a fazer, nunca abriu a boca pra falar que ia comprar sequer um berço e fazer o quarto do Theo no quartinho de hóspedes que tem aqui.

Vou até o guarda roupa pegar um vestido longo rosa e uma toalha para levar ao banheiro, enquanto ando até lá percebo que ninguém falou mais nada, principalmente o Pierre.

Dou de ombros e me tranco no cômodo já me despindo e entrando debaixo do chuveiro, tomo um banho rápido, me seco, passo desodorante e perfume e coloco meu vestido.

Saio do quarto e vejo que somente o Pierre está ali sentado na cama, ignoro ele e pego uma sandália aberta para colocar nos meu pés e passo uma maquiagem básica no rosto, gostando do que vejo.

Pierre: Vou mandar uma contenção pra ir junto com vocês lá. — Balanço a cabeça e começo a procurar minha cadeira de rodas pelo quarto e não a acho. — Já tá no carro da Íris, quer ajuda pra descer?

Anna: Sim. — Ele se levanta da cama e se aproxima de mim, me pegando no colo e imediatamente me levando escada a baixo e saindo da casa onde o carro da Íris está estacionado na calçada.

Íris: Prefere ficar na frente ou quer ir atrás?

Anna: Vou na frente contigo. — Ela sorri e abre a porta para mim e o Pierre me coloca com cuidado no banco e trava o cinto.

Pierre: Toma cuidado, qualquer parada me manda mensagem. — Aceno em positivo e ele me dá um beijo calmo nos lábios. — Eu te amo.

Anna: Eu também te amo. — Sorrio fraco e ele se afasta fechando a porta, a Íris entra logo em seguida e da partida no carro descendo o morro e indo em direção ao shopping.

Íris: Bofe possessivo o teu, hein amiga? — Ela da risada e observo o retrovisor vendo um carro preto seguindo a gente, a contenção do Pierre.

Anna: Acho que agora tende a piorar pelo o que aconteceu, eu até entendo ele de verdade...Mas não quero ficar enfiada dentro de casa, fiquei muito magoada pelo jeito que ele disse deu ter que sair de casa só pra ir na terapia. — Observo a praia de copacabana pela janela e sinto um bolo se formar na minha garganta. — Não quero que me tratem como doente, eu sei que preciso marcar a terapia mas isso não é forma de se falar, ainda mais perto de outras pessoas.

Íris: Não é fácil amiga, mas olha, a terapia realmente vai ser muito boa pra ti. — Viro o rosto e observo seu perfil enquanto presta atenção no trânsito. — Eu tive que começar a fazer por conta daqueles acontecidos, e te falar? Tem me ajudado a beça a lidar com vários sentimentos, e o Matheus me ajuda muito também.

Anna: Eu vou marcar amiga, eu prometo. E fico muito feliz por você e o Matheus estarem sendo felizes, vocês se combinam demais. — Sorrio e ela da uma risadinha tímida.

Íris: Ai eu amo aquele preto gostoso, só me dá dor de cabeça mas eu não consigo largar. — Demos risadas e seguimos o resto do caminho até o shopping em silêncio, vez ou outra comentando sobre algo.

Estou mega ansiosa para comprar as coisinhas do Theo, acho que era o que eu mais estava ansiosa depois do chá revelação.

Pretendo comprar MUITA coisa e quero ir atrás também das coisinhas para o quartinho dele.

Anna: Será que depois a gente pode passar no BK? Theo tá enlouquecido pra comer um lanche bem gorduroso com batata e cheddar. — Ela da uma risada alta e me olha com a sobrancelha arqueada.

Íris: Só ele tá enlouquecido ou a mamãe também? — Dou um tapa leve na coxa dela e ela da mais risada ainda. — Foi o que eu pensei.