Anna
O desespero toma conta do meu corpo quando percebo que estou perdendo muito sangue, filho eu te imploro, seja forte.
Respiro fundo e acelero o carro pela estrada, observo o aplicativo do waze e vejo que em menos de dez minutos vou estar no aeroporto.
Chego ao local e deixo o carro de qualquer jeito em frente ao portão, desço correndo e vou em direção a casinha do segurança que fica ali, ele percebe uma movimentação e sai do seu lugar vindo até mim.
Anna: Moço pelo amor de Deus, eu sou a mulher do Pierre! — Ele franze a sobrancelha e relaxa, claramente se lembrando de mim. — Eu preciso sair daqui AGORA, sabe se o piloto está por aqui?
Segurança: Calma senhora, o que aconteceu? — Ele me olha de cima a baixo mas para o olhar nos meus pés. — Você tá sangrando? — Olho para baixo e vejo que o sangue já está pingando pelos meus pés.
Coloco as mãos na cabeça e olho para o céu, pedindo a Deus que nos salve.
Anna: Eu acho que tô perdendo meu bebê. — Minha voz sai como um sussurro trêmulo e o homem a minha frente arregala os olhos. — Me tira daqui.
Segurança: Vem dona, vou te levar até a pista. — Por incrível que pareça ele puxa uma cadeira de rodas de dentro da casinha e faz eu me sentar ali, me apresso sentindo dores e lágrimas começam a cair pelo meu rosto. — Vamos salvar você e essa criança.
Ele se posiciona atrás da cadeira e começa a me levar pela pista e visualizo a jatinho do Pierre ali, uma ponta de esperança começa a se acender dentro de mim.
O segurança que não sei o nome começa a gritar pelo piloto e segundos depois o mesmo aparece descendo as escadas do jatinho apressadamente.
Segurança: Seu Jaime, a mulher do Pierre precisa de ajuda! — Ele trava a cadeira de rodas no chão e me pega no colo enquanto começa a me levar para dentro do jatinho com o piloto atrás dele.
Jaime: O que aconteceu, Anna? — Ouço a sua voz assustada atrás de mim e o segurança me coloca sentada em umas das poltronas, seu Jaime olha para o estado que está minha calça e fica pálido na mesma hora. — Seu bebê!
Anna: Eu preciso voltar pra São Paulo AGORA, por favor, tentem entrar em contato com o Pierre. — Soluço e um choro sôfrego sai da minha garganta. — Eu não posso perder meu bebê...
Aeromoça: Eu fiz curso de primeiros socorros, eu posso te ajudar por hora mas a gente precisa sair agora Jaime. AGORA! — Uma mulher vem até mim e se abaixa a minha frente, me olha nos olhos e da um leve sorriso. — Eu vou te ajudar.
O piloto se apressa a ir na cabine e o segurança fica ao meu lado a todo momento, a aeromoça sai por hora e volta minutos depois com água quente e toalhas.
Aeromoça: Com licença dona Anna. — Ela se abaixa novamente a minha frente e começa a retirar meu tênis e minha calça moletom, tento não olhar mas meu instinto me sabota e abaixo os olhos vendo que a poltrona de branca foi para vermelha, manchando com meu sangue.
Respiro fundo e o desespero toma conta de mim, coloco as mãos no rosto e choro tudo que nunca chorei na vida.
Anna: POR FAVOR MEU DEUS. — Eu grito e choro ao mesmo tempo, custando a acreditar que aquilo está acontecendo. — Meu filho não...
Aeromoça: Anna, sei que o tanto de sangue pode assustar mas na maioria das vezes pelo nervoso que você passou, a placenta pode ter se descolado. — Ela pega a toalha e molha na água morna, passando o tecido com calma nas minhas pernas e na região íntima, me limpando. — Não sei o que aconteceu, mas se apegue no fato de que você vai sair daqui direto pro hospital e vai ficar tudo bem com seu bebê.
Balanço a cabeça em positivo e me apego em suas palavras, desde que comecei a sangrar não senti mais o Theo mexer.
Coloco as mãos em meu ventre e peço a Deus que permita que meu filho sobreviva, não sei se vou conseguir viver minha vida em paz sabendo que não consegui segura-lo comigo.
Anna: Pierre... — Sinto minha pressão caindo cada vez mais e sei que a qualquer momento posso desmaiar. — Liguem para o Pierre. — Aponto para meu celular caído no chão do jatinho.
Segurança: Dona Anna, consegui falar com seu marido e ele já está ciente do que está acontecendo aqui, ele já está te esperando no aeroporto do Rio onde vamos pousar daqui uma hora, seu Jaime já vai decolar.
Anna: Eu vou desmaiar... — Dou um último suspiro e sinto meu corpo todo adormecer, e a única coisa que me lembro é de ter ouvido tiros na lataria do jatinho e uma gritaria, não sei se estou delirando ou em sã consciência.
Não tenho mais forças para lutar naquele momento, apago completamente deixando a escuridão tomar conta de mim.
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Vermelho Fogo [M]
FanfictionMe jogaram na malandragem irmão, eu voltei liderando a gangue.. SEGUNDA TEMPORADA NO PERFIL.