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Anna

Não vou fazer absolutamente nada antes de ouvir o que o Pierre tem a me dizer sobre isso.

E é com esse pensamento que entro em casa calmamente com meu filho dormindo nos braços e o Preto no meu encalço igual cachorro abandonado, ele não disse nada a viagem toda até aqui e eu agradeci muito por isso.

Subo as escadas até o quarto do meu filho e coloco ele deitadinho em seu berço e deixo a bolsa dele em cima da poltrona de amamentação, saio dali para ir ao meu quarto e pego uma roupa de ficar em casa e corro para banheiro tomar um banho rápido.

Me seco e coloco meu shorts de academia da shein e um top combinando, penteio o cabelo, passo um desodorante e saio dali voltando para o quarto do Theo.

Quando entro vejo que o Preto está sentado na poltrona velando o sono do Theo, e quando me vê sorri fraco.

Anna: Não precisa falar nada, e obrigada por estar aqui com a gente. — Respiro fundo passando a mão no rosto tentando não surtar. — Eu provavelmente teria quebrado essa casa se o Theo não tivesse aqui.

Preto: Tu pediu pra eu não falar nada mas eu vou falar sim, tu pode ter certeza que o Pierre não tem filho algum por aí a não ser o Theo. — Observo ele falar e mordo meu lábio inferior. — E não tô falando isso porque ele é meu irmão não, tu sabe que eu não gosto de coisa errada.

Anna: Eu só queria entender porque tudo tem que ser dessa forma, só tomação de cu cara. — Olho pra cima e sinto meus olhos começarem a marejar. — Sempre tem uma praga pra infernizar a gente, a criança não tem nada a ver com isso, mas eu tô pedindo muito a Deus que isso seja invenção dessa maluca...P-porque eu não vou aguentar isso.

Preto: Anna, papo reto? — Ele se levanta e vem em minha direção pegando nas minhas mãos. — A favela inteira já passou a pica na Bruna, até eu pô, só não pegou mulher porque ela não curte senão já tinha pegado. Ela é uma vagabunda, da a buceta pros cara em troca de lança...Já consegue se ligar né?

Anna: Eu vi a maldade no olhar dela, Matheus. — Ele me abraça com força e coloco meu rosto em seu peitoral o abraçando de volta. — Eu quero muito acreditar que isso é mentira dela, mesmo me sentindo mal tendo criança envolvida nisso.

Preto: A verdade vai vir a tona parceira, pode me escutar. — Ele beija o topo da minha cabeça e ouço a porta do quarto sendo aberta, quando olho para trás vejo que é o Pierre.

Pierre: Vamo conversar. — Ele me olha com uma expressão séria e sai do quarto provavelmente indo em direção a sala, volto meu olho para o Preto que respira fundo.

Anna: Fica de olho no Theo? — Ele acena com a cabeça e eu sorrio fraco saindo do quarto e descendo as escadas, já no final vejo que o Pierre está sentado no sofá com os braços cruzados e olhando para a TV desligada.

Vou até ele e me sento no outro canto do sofá, ele me olha e espalma a mão ao lado dele me chamando para sentar ali.

Pierre: Faz isso comigo não branquela. — A voz rouca dele toma conta dos meus ouvidos e eu respiro fundo me arrastando pelo sofá até ficar completamente ao lado dele. — Aquela parada que tu escutou lá no postinho..

Anna: Foi um choque pra mim, não vou mentir. — Olho em seus olhos e mordo minha bochecha por dentro antes de voltar a falar. — Eu preferi não surtar porque antes quero que você me explique o que realmente tá acontecendo, não vou fazer nada antes de ouvir da sua boca tudo. Eu sei que você teve sua vida marota antes de mim, e tudo bem! Mas eu não vou aguentar se esse filho for seu, Pierre.

Pierre: Bagulho é o seguinte: Tu foi a única mulher que eu transei sem camisinha em toda a minha vida, consegue me entender? Eu sempre fui cuidadoso, sempre usei proteção e sempre via se não tinha furado ou saído do lugar. — Ele fala com firmeza e sinto meus olhos marejarem novamente.

Anna: Eu realmente quero acreditar nisso, de verdade, por isso antes de fazer qualquer coisa eu te esperei. — Limpo uma lágrima que caiu do meu olho e volto a olhar bem no fundo dos seus olhos. — Eu só não sei o que falar agora.

Pierre: E nem precisa, eu só vou fazer esse teste de DNA pra provar pra tu que essa criança não é minha, mesmo eu tendo certeza absoluta que não é porque eu conheço o tipo de mulher que a Bruna é e provavelmente ela não sabe nem quem é o pai, quero tirar essa história a limpo pra deixar tu em paz com a parada. Única mulher digna de um filho meu só vai ser você, daqui até a minha morte.

Anna: E-eu... — Antes que eu possa falar ouço o chorinho do meu bebê e olho para trás vendo o Matheus com ele no colo vindo na nossa direção, estendo o braço e ele me entrega o pequenino. — Acordou meu bem.

Preto: Tentei fazer ele voltar a dormir mas não sei fazer essas coisas ainda. — Sorrio fraco e ele coça a nuca sem graça. — Tô indo lá, qualquer parada sabe onde eu tô.

Pierre: Valeu aê. — Ele sai pela porta da frente e eu me levanto com o Theo indo em direção as escadas. — Anna?

Anna: Sim? — Olho para trás e respiro fundo pela milésima vez tentando não desabar.

Pierre: Eu te amo.

Anna: Eu também. — Falo baixo e me viro novamente subindo as escadas e indo em direção ao quarto do Theo, fecho a porta atrás de mim e decido dar um banho com camomila nele para se acalmar mais.

Deixo ele um pouco no berço e pego a água do chuveiro para encher a banheira, coloco no suporte que fica ao lado do trocador e vou até ele para tirar toda a sua roupinha.

Anna: Bebê tá dodói da vacina, judiação de mãe. — Sorrio beijando seu pescocinho e sinto o cheirinho gostoso que só ele tem, coloco ele com cuidado na banheira e começo a molhar ele aos poucos e sinto o mesmo relaxar.

Passo o shampoozinho nos cabelos, condicionador, sabonete no corpo e massageio levemente o local onde foram aplicadas as vacinas, que está um pouco avermelhado.

Enxáguo ele e o enrolo na toalhinha e ponho em cima do trocador, coloco uma fralda limpa, escolho uma roupa confortável e visto ele com um body de calor e uma bermudinha de pijama já que resolveu esquentar o tempo agora de manhã.

Seco seu cabelinho com a toalha e penteio rapidamente observando que seus olhos estão fechando aos poucos, pego ele no colo e o aninho em meu peito e peço para a Alexa colocar um som ambiente calmo.

Dez minutos após ele já está molinho em meus braços e decido colocar ele no berço, ajeito sua cobertinha e fecho a janela do quarto junto com a cortina, ligo o ar condicionado nem tão quente e nem tão frio.

Olho para o relógio e vejo que ainda são 10:30 da manhã, e pelo tanto de coisa que aconteceu hoje parece que se passaram três dias em poucas horas.

Não sinto coragem no momento para sair do quarto e encarar o Pierre, sei que está sofrendo tanto quanto eu, mas preciso digerir mais essa situação toda.

Me sento na poltrona de amamentação e ajusto ela para ficar alta onde fica minhas pernas, pego a mantinha do Theo que estava ali e me cubro, caindo no sono em poucos minutos.

Vermelho Fogo [M] Onde histórias criam vida. Descubra agora