Kyara Santos
Kyara: Sera que já dá pra sair? - a Maiara negou com a cabeça.
Maiara: melhor nem tentar, vai se eles ainda estão ai.
Kyara: Mas a gente não ta ouvindo tiro ja tem um tempo, minha mãe ta sangrando muito, não tem como eu continuar aqui - respirei fundo - Maiara fica aqui um pouquinho, não deixa ela dormir, eu vou ligar pro meu pai.
Assim que eu peguei meu celular, meu corpo tremeu, meu celular lotado de ligação do meu pai, ele provavelmente deve estar desesperado, se não tiver saído atrás da minha mãe no tiroteio.
–Pai? Pai? Alo?
–Filha!? Pelo amor de Deus! Você sabe da sua mãe - a voz de choro era notável.
–Pai calma! A mãe ta comigo, trouxeram ela aqui, ela tomou um tiro no braço e ta com bastante sangue.
– Eu disse pra ela não sair filha, eu falei que tinham avisado, mas ela quis ir e eu nem pude ir junto, tava tomando banho e ela não me esperou, porra!
–Pai eu preciso que você fique calmo,
–Como eu fico calmo? Filha!
– Eu preciso que tu venha aqui na loja buscar a mãe pra ir no posto, se eles ja tiverem ido embora.
– Eu ja chego ai, não quero saber se eles já estão embora - antes que pudesse responder, ele desligou.
Kyara: Meu pai ja ta vindo - a Maiara assentiu e continuamos fazendo o que dava, segurando o pano no braço dela.
Não demorou muito pro meu pai bater no portão e ja abrirmos, correndo com a minha mãe pra dentro do carro.
Maiara: Qualquer coisa me liga, ta? - assenti entrando no carro.
Eles ja tinham ido embora, as ruas em cometo silêncio até o posto, ninguém sai mais de casa hoje, maior perigo.
Chegamos e o posto já estava com umas pessoas, a maioria era vapor, pelo jeito a coisa foi feia, porque estava com bastante.
Pai da Kyara: Alguém ajuda minha mulher! Por favor! Ela ta gravida! - ele gritou desesperado enquanto eu ajudava ele com a minha mãe.
Enfermeiro: Coloquem ela aqui - chegou com a maca - preencha a ficha dela ali no balcão.
Preenchemos a ficha e ficamos esperando agoniados e mais pessoas começaram a chegar, o negócio tava ficando cheio e ja nem tinha mais enfermeiros pra entender,
Pai da Kyara: Eu vou la perguntar, a gente não tem notícias da sua mãe - passou a mão no rosto.
Kyara: É porque ta muito cheio, as vezes nem tem vaga.
Pai da Kyara: Ta maluca? Tua mãe ta grávida, tem prioridade na fila, ela não pode perder esse bebê não - negou com a cabeça - eu vou la.
Nem deu tempo de eu segurar ele. O posto ta cheio não adianta querer passar na frente, eles tão atendendo como pode.
Pereira: Como ta sua mãe? - apareceu atrás de mim, me dando um susto - foi mal, mas eai?
Kyara: Não sei, ninguém veio falar nada ainda, meu pai acabou de ir la no balcão, mas ninguém disse nada até agora.
Assim que eu terminei de falar, deu pra ouvir os gritos do meu pai e eu ja levantei correndo, com a Pereira, pra ver o que tinha acontecido.
Pai da Kyara: Minha mulher ta grávida, eu não quero saber se vocês ja colocaram ai que ela não corre tanto riscos como antes, ela precisa de cuidados.
Pereira: Qual foi? - encostou do lado deles, ajeitando a arma que estava na cintura escondida.
Enfermeira: Seguinte, ele ta querendo um quarto pra mulher dele, mas aqui não é hospital, os que tem pra emergência, estão ocupados.
Pai da kyara: Eu tenho certeza que cheguei bem antes desse monte de gente.
Pereira: Ela ainda ta no risco?
Enfermeira: Não tanto como antes-
Pereira: Mas ainda ta? Não ta? - ela assentiu - tu ta ligada que não da pra ir em hospital agora, bota ela em um quarto pô, eu também tenho certeza que eles chegaram antes - ela tentou falar, mas a Pereira cortou - sem desculpa, se ela perder esse bebê, eu venho atrás de tu - falou com a mão encima da arma na cintura.
Enfermeira: Vamos fazer o possível - saiu rápido deixando só nós.
Pai da Kyara: Pô de verdade, valeu mesmo - fez um toque com a Pereira - eu nem sabia mais o que fazer.
Pereira: É o certo pelo certo, foi eu que levei ela la na kyara, sei quanto tempo ela ta ai, se pudesse, era pra ela ta em um hospital.
Pai da Kyara: Valeu mesmo, de verdade - deu um abraço de lado.
Kyara: Vai beber água, relaxa um pouco, agora ela fica melhor - ele assentiu indo e assim que ele virou as costas eu dei um beijo na Pereira abraçando a mesma - obrigada de verdade mesmo, eu não sei o que a gente ia fazer aqui, o posto ta cheio, muito obrigada - dei um selinho demorado nela.
Pereira: Pô, de nada, tua mãe não podia ficar naquela situação e eu to ligada, que eles dão prioridade pra quem nem precisa, so por medo - assenti - mas teu pai ta bem ali, não é tão legal tu ficar assim comigo não, pelo menos não do jeito que eu to.
Kyara: Eu sei, mas eu queria te agradecer - dei um último selinho me afastando dela - mas e tu toda machucada e esse negócio na perna? - apontei pra faixa na perna dela.
Pereira: Muita coisa pra te contar, melhor você esperar ter alguma notícia da sua mãe, tudo ficar melhor, te prometo que não vou esconder nada. Mas eu só vim pra trocar esse curativo, porque ta doendo demais e saindo sangue. Pai da Ale morreu e eu tenho que dar uma força - falou a última parte baixo, me fazendo arregalar o olho assustada.
Kyara: Caralho... Vai logo la então.
Pereira: Vou indo, assim que der, a gente se encontra, me manda mensagem falando da sua mãe, eu ja vou pegar meu celular.
Me despedi dela e voltei a sentar com o meu pai, em um silêncio só nosso, observando o tanto de pessoas atingida, eu não sei como eles não perderam esse morro dessa vez, tem muito morador aqui também.
Presenciar esse tipo de coisa, só mostra o quão desumano são esses "heróis da humanidade", minha mãe sendo uma mulher negra, moradora da favela, eu não duvido nada, que ela está nessa situação, só por pura vaidade desses merdas.
MARATONA 2/5
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INDESTRUTÍVEL (Romance Safico)
Fanfiction𝐑𝐉-𝐑𝐨𝐜𝐢𝐧𝐡𝐚 "Eu a amo! Mas será que realmente vale a pena lutar, por alguém que te machuca todos os dias?" Essa fic conta a história da Agatha pereira e Kyara Santos, duas mulheres realmente incríveis, mas eu não diria que isso representa o...