Kyara Santos
Uma semana depois
Semana muito pesada, dono do morro morreu, muita gente morreu, na verdade. Morador e vapor também.
O morro todo ficou em luto, as coisas continuaram funcionando dois dias depois, mas não foi a mesma coisa, uns preferiram não abrir, assim como a Maiara e outros, abriram normalmente, mas não foi a mesma coisa.
Ja vinheram muitos repórteres pra gravar dentro da favela, e foi tudo liberado, de tão desumano que foi o que fizeram, não atacou casa de ninguém, mas os que estavam fora de casa, se deram muito mal.
Assim como minha mãe, que agira está com a gravidez de risco, repouso total e é uma tortura ver ela dessa forma, ela que é bem agitada, não pode nem sair da cama.
Minha irmã veio dar as caras, dois dias depois, disse que estava na amiga, com medo de subir aqui e acontecer alguma coisa.
Meu pai no dia seguinte, teve que voltar a trabalhar e eu falei pra Maiara que não ia ter como ir, ela falou que não tinha problema, que não ia abrir, mas era pra eu pegar o computador da loja e trabalhar em casa, atendendo alguns pedidos e um dia da semana ir separando, no caso, hoje.
Pereira sumiu, mas sempre me mandando mensagem, disse que não ia poder me ver, porque o morro ta corrido, sem dono nenhum e que ela nem sabe o que fazer, mas precisava conversar comigo.
Arrumei minhas coisas indo direito pro sala onde estava minha mãe e minha irmã.
Kyara: Vou descer la na loja, separa uns pedidos, ta bom? - minha mãe assentiu dizendo que estava tudo bem - qualquer coisa me liga.
Morro em plena sexta ta começando a ter um pouco de barulho, mas não é nada demais também, só voltando aos poucos, depois de uma semana em silêncio.
Entrei na loja e ja vi ela toda limpa, até tinha esquecido de perguntar pra Maiara sobre algum prejuízo, se teve algum...
Ela é uma ótima patroa, virou uma amiga, mas o profissional, ainda conta, ela é compressível, mas ainda sim, não posso abusar disso.
Organizei o que tinha pra organizar e quando ia saindo, ela apareceu na porta.
Maiara: Por pouco eu achei que alguém tava roubando a minha loja - ri junto com ela.
Kyara: Eu combinei com você que ia vir aqui hoje - falei dando espaço pra ela entrar.
Maiara: Achei que seria depois do almoço - sentou na cadeira olhando a caixa dos pedidos e eu confirmei - então ta tudo certo... Como ta a sua mãe.
Kyara: Ainda de repouso, ta deixando ela agoniada, mas nada que incomode muito, ela fala que ta sentindo só uma dorzinha, onde ta o tiro, mas o bebê ta bem.
Maiara: que bom né...
Saimos juntas e como ela estava de carro, por causa dos pedidos, acabou me deixando em casa.
Maiara: Segunda eu tenho que conversar com você, até... - fiz cara feia.
Kyara: Vai me deixar na ansiedade, Deus ta vendo viu - ela riu dando partida no carro.
Abri a porta de casa, com a minha mãe tentando ir sozinha pra banheiro e minha irmã sentada no sofá.
Kyara: Ta maluca? Vitória - ela me encarou assustada e eu fui em direção a minha mãe - ta doida de deixar a mãe andar sozinha assim pela casa?
Mãe da Kyara: Ta tudo bem filha, eu que não quis ajuda, ja to conseguindo andar melhor.
Kyara: Mas não é "querer", ela tem que ta ciente que tu não pode - levantei a tampa fo vaso e ela sentou.
Mãe da Kyara: Tu ta me tratando igual uma criancinha - riu e eu continuei séria.
Kyara: Se tivesse espaço aqui em casa, eu ainda ia atrás de uma cadeira de rodas - ela riu mais, negando com a cabeça - vai me gastando mais.
Ela terminou de fazer o que tinha que fazer e acabou preferindo ficar no quarto.
Trato igual criancinha sim, não deixo fazer esforço, ta com fome eu faço comida, ta querendo isso ou aquilo, eu faço os dois. Não suporto a ideia, de deixar a mãe de lado, sabendo dessa situação, agradeço muito por não ter acontecido algo pior.
Hora do almoço e eu ja fui adiantar, eu não sou la aquelas coisas, mas da pra comer, da pra alimentar todo mundo, sem ninguém reclamar.
Kyara: Tem como tu pelo menos fazer a salada? Vitória! - ela olhou pra mim - tem como?
Veio com o bico no rosto. Se depender de mim, morre com esse bico, não vou ficar passando pano não, todo mundo sabe que se tu é morador, não tem desculpa pra subir, ela teve a cara de pau de ficar dois dias fora.
Mariana: Cheguei! - entro com uma sacola na mão.
Kyara: Vou até colocar mais água no feijão - ela olhou mim feio.
Mariana: Eu só não vou embora, porque eu trouxe bolo pra minha tia - empinou o nariz.
Kyara: Pra mim também - empinei o nariz igual - folgada...
Mariana: Falando sério agora - falou terminando de rir - tu faliu com o paçoca?
Kyara: Acredita que eu nem falei direito com ele? Só perguntei se ele tava bem, se tava vivo, ele disse que sim, que na hora, tinham colocado ele em um posto mais "calmo".
Mariana: Ele disse que os de frente tão chegando aí amanhã, disse que la na boca, tão pipocando demais, porque aqui tão sem ninguém no comando...
Na hora me veio a Pereira na cabeça, eu nem sei muito dessa vida dela, mas eu sei que ela era a braço direito dele, não tem como esperar diferente...
MARATONA 3/5
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INDESTRUTÍVEL (Romance Safico)
Fanfiction𝐑𝐉-𝐑𝐨𝐜𝐢𝐧𝐡𝐚 "Eu a amo! Mas será que realmente vale a pena lutar, por alguém que te machuca todos os dias?" Essa fic conta a história da Agatha pereira e Kyara Santos, duas mulheres realmente incríveis, mas eu não diria que isso representa o...