cap 47

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Agatha Pereira

Fiquei na birra mesmo, to nem ai! Quer me tirar de maluca, não entendi. Ela sabe que eu gasto ela, mas ela não devolveu na brincadeira. Agora me responde, ela vai ficar gostosinha, pra quem?

O foda é que a mulher estava gostosa mesmo, me maltrata demais. Um vestido que dava pra ver a bunda dela de longe, mas estava uma delícia, eu não podia negar.

Fiquei sustentando a minha marra o caminho todo, mas estava louca pra comer ela dentro desse carro, garota uma diaba, me vicia!

Mas foi aquilo, né? O que uma cerveja não faz?

Relaxei legal com meus crias, nada de ficar louca hoje. Pode bobiar dois dias seguidos não, quem ficou nos ponto ontem, eu liberei tudo, curtir um pouco ai, mas quem não ficou, ficou nos seus postos, fuzil não sai do meu lado.

Pode parecer que eu quero me amostrar, bagulho de quem comanda mesmo, luxar com o dinheiro ai, ficar mostrando bebida, arma, mulher... Mas o meu papo é outro!

Polícia invadiu, porque algum filha da puta abriu a boca, quem me garante que não vão fazer o mesmo comigo? Ninguém me garante! Não confio nem na minha própria sombra.

Kyara me chamou falando alguma coisa no meu ouvido, mas minha cabeça estava voando, ainda com o barulho, não escutei nada.

Pereira: Não entendi, po - ela negou, apontando com a cabeça e eu olhei.

Porra! Os pais dela bem aqui na nossa frente, ta de gastação, como pode isso? Bem no dia que eu to armada, e nem to disfarçando e os crias que estão comigo, ta igual.

Kyara: Eu acho melhor a gente ir la, se eles vierem aqui, vai ser pior - olhei pra ela feio - adianta me olhar feio assim não, eu conheço os pais que eu tenho. Deixa tua arma ai, e vamos la rapidinho.

Pereira: Po olha como eu to - ela olhou pra mim sem entender - olha a minha situação, teus pais vão me olhar feião, eu to aqui com fuzil po.

Kyara: Pereira, meus pais não são idiotas, eles ja devem ter ouvido o teu nome por ai, eles sabem que você ta comandando o porra toda agora. Isso iria acontecer uma hora ou outra - eu ia falar, mas ela não deixou - ta com medo de que? A mulher luta em uma guerra contra um bando de polícia e quer vir falar que ta com medinho do sogrão - disse rindo - me poupe, Pereira.

Deixei meu fuzil na cadeira e ja falei pros caras ficarem de olho, ja levantei logo com a Kyara, a mulher ia me arrastar de qualquer jeito mesmo.

Kyara: Oi mãe, oi pai - falou assim que chegamos e eu me mantive posturada, mesmo com o pai dela me julgando com o olhar até o último.

Pai da Kyara: Oi filha - falou dem tirar o olho de mim - eai - me cumprimentou de longe e a mãe dela só balançou a cabeça.

Kyara: Gente eu sei que não é o melhor momento pra ta falando pra vocês, mas enfim, essa aqui é a Pereira, com quem eu to agora...

Deu nem tempo de respirar, ou os pais delas perguntarem, a mulher fala mais que a boca, em qualquer situação. Pra quem disse que estava com "medo", elas ta bem.

Pai da Kyara: E tu? Fala nada não? - olhou pra mim.

Pereira: Falo po, to com a tua filha, eu queria ter uma outra oportunidade pra ta falando com vocês, mas acabamos nos encontrando aqui.

Pai da Kyara: Meu ouvido ta funcionando hoje também, não precisa esperar outro dia - a mãe da Kyara bateu nele com as costas da mão, do mesmo jeito que a Kyara faz.

Pereira: To ligada... - assenti - então vamo fazer assim, vou pegar uma mesa pra gente. Ta tudo cheia, mas eu arrumo uma, ou vocês estão tranquilos?

Mãe da Kyara: Vou mentir não, a gente aceita. Ta grávida não é fácil, meus pés já estão doendo - assenti.

Pedi pra eles esperarem e ja mandei uns menor trazer. Negócio foi rápido, acharam rapidinho e a gente ja tava tudo acomodados.

Pereira: Querem comer, beber alguma coisa? Pode falar que eu arrumo pra vocês - falei me ajeitando na cadeira.

Mãe da Kyara: Eu que não vou negar, podia arrumar pra mim uma daquelas porção de batata? Qualquer coisa eu pago, mas é porque a gente tava indo pra fila.

Eu não vou negar é nada, qualquer coisa que eles falassem eu estava aceitando, mas eles não abusaram também, a mãe dela só pediu a batata e o suco. Sinceridade? Pelas coisas que eu ja ouvi nas bocas, que os sogros usam e abusam do dinheiro dos caras, aqui ta na tranquilidade.

Troquei umas ideias maneiras com eles, o papo é o mesmo, os dois ficaram de bico, todos cheios de resposta grossa, mas a mãe aqui é a paixão de todos, rapidinho eles ficaram tranquilos, ja abaixaram a guarda.

Kyara: Mãe vamos dançar essa? Deixa a batata ai, ja ja você volta pra comer - a mãe dela riu e acabou indo.

Ficaram na rodinha de frente pra gente, mas um pouco longe, os conhecidos tudo, se ajuntaram com elas, até o paçoca foi la.

Pai da Kyara: Vou soltar o papo com tu sozinha agora - olhei rapido pra ele, assentindo - eu sei quem tu é, o que tu faz, quem trabalha pra tu, é como se fosse meu filho - apontou com a cabeça pro paçoca - o papo que eu vou dar, é sério, eu sei como funciona o relacionamento em uma vida de crime, nem sempre eu fui dessa vida onesta que eu tenho hoje, mas independente de qualquer coisa, eu quero que tu respeite a minha filha. O relacionamento é de vocês, mas eu quero que tu tome consciência das coisas que você faz com ela.

Pereira: To ligada, mas ela não ta com uma menina não, eu sei da minha postura.

Pai da Kyara: Eu sei que tu não é uma menina e a Kyara também não tem maturidade de uma, ela é bem mais pra frente, mas você ja reparou na idade dela? - assenti - quando eu e a mãe dela descobriu de vocês, a gente conversou, não vamos proibir o relacionamento, mas eu espero que você tenha responsabilidade e ela também tenha, relacionamento não é brincadeira, e muito menos, dentro do mundo em que você vive, então toma cuidado com a Kyara.

Paçoca: Cheguei no momento errado, foi mal ai - chegou falando embolado, sentando no meu colo - mas eai Pereira, ja se entendeu com o sogrão? - riu me abraçando - o tio é tranquilo po, pode falar.

Pai da Kyara: Já ta assim? Muleque - falou rindo e eu também não aguentei.

Paçoca: Sabe o que é tio? - ele respondeu com um "hum" - eu queria uma anestesia pra parar a dor no meu pé, e eu achei em! - apontou pro pé - cachaça!

Pereira: Maluco demais... - neguei rindo e puxei a cadeira da kyara - senta ai vai.

Paçoca: Ela não gosta de mim, ta vendo tio? - negou, sentando na cadeira - não deixa mais ela namorar com a minha irmãzinha.

Pereira: Paçoca te manca! - empurrei ele de leve - olha a tua mulher ali - apontei pra duda e ele me olhou de cara feia.

Paçoca: Eu não quero mais tua prima não! Ela me largou la rindo, e eu tava igual uma lagartixa.

Pai da Kyara: To sabendo disso não em... - ele olhou pro paçoca.

Paçoca: Conta logo Pereira, me zoa de novo - negou tomando a bebida que trouxe e eu ri.

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INDESTRUTÍVEL (Romance Safico)Onde histórias criam vida. Descubra agora