O Soldado, O Poeta e o Rei [Em Revisão]

Saída perigosa

Então no meio de várias folhas há uma passagem, e lá está, uma enorme fogueira acesa enquanto a música ao som de tambores tocava, os gritos de alegria em uníssono som completava a batida, eles riam, dançavam, pulavam, pareciam alegres.
Kairo me puxa pela mão me enturmando no meio deles, ele me arruma uma bebida não muito forte para mim experimentar, tem sabor de maçã, mas o álcool está presente

– eu não posso beber, Lion me mataria -entrego o copo em sua mão

– Adalia –o mesmo me devolve o copo– aproveite

Olho ao redor ainda um pouco insegura, e então crio coragem tomando todo o líquido de uma vez que estava no copo. As pessoas a minha volta comemoram o meu feito e Kairo grita "viva a Adalia!" E então todos começam a bradar meu nome. Reajo diante disso com um sorriso largo, alguns sacudiram meu ombro e outros me deram abraços, sem perceber eu estava no meio deles dançando e cantando ritmos repetitivos.

Foram horas de diversão e distração, quando me dei conta, vejo os primeiros raios de sol surgirem entre os montes.

– eu preciso ir! –digo à Kairo correndo de volta para a trilha

– espere! Você vai voltar amanhã?

– no mesmo horário -grito para o mesmo ainda correndo

Antes que os raios solares pudessem tocar o vilarejo eu havia chegado bem antes, ofegante paro em frente a porta de casa. Ao recuperar meu fôlego entro dentro da mesma, de imediato tiro os sapatos dos pés e pulo em minha cama, não acredito que virei a noite acordada, não percebi como o tempo passou tão rápido.
Minhas pálpebras pesaram e então o sono tomou conta do meu ser, me lembro de estar em um estado de sonolência e despertamento onde escutei a voz de Lion me chamando na porta enquanto batia na mesma, mas estava tão cansada que não tive forças para me levantar e ir atender

No meio da tarde me levanto ainda sonolenta, porém melhor que antes, abro a porta de casa vendo o vilarejo ativo e pela posição do sol já deve passar das três da tarde

– você não parece bem, criança –disse Lion atrás de mim

– que susto! Não pode aparecer assim de repente

– achei que fosse essa noite no encontro dos experientes mas você faltou

– eu disse que estava cansada

– achei que estivesse recuperada pois você foi dormir bem cedo ontem. Mas hoje você sai às quase quatro da tarde. Você tem certeza de que está bem, criança?

– sim, mestre. Eu apenas não quis sair hoje, o sol está quente e ontem ele não me fez muito bem

– você tem razão. Passarei na sua casa hoje para tomar um chá e por o assunto em dia, quero lhe contar algumas coisas

Continuo meu caminho para lugar nenhum pois estou apenas andando sem rumo no meio de toda essa gente. Ontem foi uma loucura e hoje quero ir de novo, não acredito que consegui cruzar a cerca e conhecer toda aquela gente. Eles não sofrem ou são terrivelmente perturbados, são alegres e me receberam muito bem em seu meio. Mas algo dentro de mim me incomoda

Eu devia estar feliz, mas...

No meio do caminho vejo Kairo comprando cerejas na banca da senhora Kênia, hesito em falar com ele, então apenas fico parada no meio do caminho olhando para o mesmo para ver se ele vai me notar no meio de toda essa multidão. Seus olhos rapidamente me encontram e em questão de segundos ele desvia, a senhora Kênia o entrega o saco de cerejas e o mesmo me olha com um sorriso frio e segue seu caminho
O que aconteceu? Por que ele não falou comigo de uma forma mais simpática?

– Adalia! –diz Rise vindo apressadamente na minha direção– por onde andou ontem? Não te vi na roda de conversa com as pessoas experientes

– eu estava muito cansada ontem, o sol quente me deixou sem forças

– você realmente estava cansada, porque você não perde uma nem se estiver doente

– onde esteve ontem a tarde? Procurei por você em todos os cantos mas não te achei –perguntei a ela tentando fugir do assunto

– estava fazendo coroa de flores com as anciães. O que fará essa noite?

– pretendo ler um livro e tomar um chá quente antes de dormir. Por que?

– estava pensando em te visitar, mas se eu for atrapalhar eu posso voltar outro dia

– você pode ir cedo, porque á meia noite estarei na cama. Lion também vai me visitar hoje, você pode ir também se quiser

– vou falar com ele, até mais tarde –diz ela voltando para trás para tentar achar Lion

Fico ainda andando pelo vilarejo, quando os raios alaranjados começaram a surgir entre as montanhas, corro para as colinas para ver o por do sol como sempre costumo fazer.
Ao chegar lá, mais uma vez sinto paz, é como se a cada fim de tarde, toda vez que o sol reflete nas nuvens, minhas forças se renovassem, depois de um dia aflito. 

Ao cair da noite fui até minha casa, e como esperado, Lion estava lá preparando um chá junto com Rise, minha amiga.

– vocês realmente vieram

– encontrei Rise no meio do caminho, ela quis se juntar a mim então eu permiti

– como vão as coisas? Está tudo sob controle? Os soldados voltaram para resgatar os exilados? -perguntei

– eles vão voltar quando estiverem recuperados. Agora é o tempo de descanso e de contar suas experiências. E está tudo bem também -disse Lion enquanto colocava a água no copo

– eu hoje fiz geleia de amoras. Pensei que fosse dar errado porque na última vez queimou -disse Rise

– e me serviu mesmo assim -digo entre risos

Lion vem até nós com os copos de chá, ele nos conta histórias de experiência de vida. Tempo depois ele e Rise se despedem de mim, dizem que está ficando tarde e que precisam descansar. Rise concorda com ele enquanto se alonga para espantar o cansaço, ela me abraça e então se dirige até a porta junto com Lion.

Quando deu meia noite eu novamente fui para trilha e lá estava Kairo me esperando com algo nas mãos

– olá! Espero não estar atrasada

– não está. Isso é para você –o mesmo põe na minha vista um colar feito com flores

– que lindo! –abro um largo sorriso

O mesmo põe em meu pescoço e ajeita meu cabelo que ficou bagunçado. Seus olhos brilham ao me olhar então ele mais uma vez segura minha mão e me guia para a festa.
Novamente as pessoas me recebem bem e ficam felizes por eu ter voltado, bebi a bebida de maçã feita pelos cervejeiros de forma artesanal e também experimentei uma mistura de cereja e vinho que algumas pessoas fizeram

Ficou incrivelmente bom, acho que tenho uma bebida favorita

– Kairo, quero te perguntar uma coisa –digo com o tom de voz elevado por conta da música alta

– pode falar –o mesmo responde

– por que você não falou comigo hoje mais cedo na feira? Achei você estranho

– você não sabia, mas Lion estava por perto. Eu não quero encrenca para você, então achei melhor fingir que não te conhecia

– entendi

Ele me puxa para mais perto dele aproximando nossos rostos, então ele leva sua boca até meu ouvido que gentilmente toca minha orelha

– em breve não vamos precisar nos esconder