- vocês lutaram contra os magos negros? -perguntou surpreso- como? Só vocês sobreviveram? Quem salvou vocês? Quem e o que são vocês?
- se acalme, senhor -disse Meraki- somos gente do bem e não vamos fazer mal. Nós sobrevivemos graças aos seres reluzentes que imagino terem sido enviados pelo nosso amigo Poeta
- o Poeta! -o mesmo abre os braços com animação- ah, que saudade dele
- o senhor senhor conhece? -perguntou Takeshi
- sim, a muito tempo atrás! Tínhamos uma amizade única... -suas feições se tornaram tristes antes que Ele pudesse completar sua fala- mas eu me afastei dele depois de tudo que aconteceu. As vezes eu tento falar com ele mas... eu não acho que ele queria falar comigo depois de tanto tempo
- ele disse que quer -soou a voz de Takeshi de repente- ele me diz que sente mais saudade de você do que você dele e que ele nunca esteve distante, mas você estava longe e por isso não conseguia ouvi-lo. Ele também lhe diz que quer muito voltar a conversar com você todas as tardes como faziam antes e que ele não está bravo com você, pelo contrário, ele perdoa você por tê-lo esquecido. Ele também diz que viu quando você se afastou do seu povo não querendo ceder a escuridão que eles mesmos causaram, ele se orgulha orgulha seu ato e diz... eu quero aceito você de volta
O senhorzinho começa a chorar como um bebê, ele abraça abraça próprio corpo e então Takeshi por um impulso involuntário de seu corpo o abraça. Ele sussurra algumas coisas no ouvido do velhinho e entre soluços ele diz palavras de gratidão para o Poeta.
Depois de poucos minutos Takeshi se separa do abraço, o velhinho enxuga seu rosto e com um sorriso ele nos olha e diz- obrigado por terem chegado até aqui. Não partam ao amanhecer, pois a perna dela está ferida. Partam depois de um tempo até que ela se recupere
- obrigado, senhor -agradeceu Meraki
A noite no momento da ceia, depois do velhinho tratar os ferimentos dos meninos, nos sentamos à mesa para comermos. Depois disso, nos sentamos ao redor da lareira para nós esquentar já que esta noite está muito fria
- contarei a vocês a história do povo que cedeu as trevas. Este povo era o meu povo, nossa cidade era linda, cheia de cores e vida! As crianças brincavam livremente em segurança e os adultos eram gentis uns com os outros, não havia ódio entre nós e se brigávamos ao amanhecer, ao anoitecer estávamos em paz novamente. Até que um dia um homem conheceu oque havia nas festas e nas cidades sombrias e contou a todos o quão divertido era. Nós tínhamos leis e ninguém as respeito mais, comecaram a trazer a maldade para nossa cidade, os jovens se deitavam com as ninfas dos lagos sabendo que são criaturas repugnantes, mas muito belas aos olhos...
- o que aconteceu a partir daí? -perguntei
- nasceram raças mestiças e sabíamos que não podíamos nos misturar com seres, criaturas ou pessoas que por origem são perversas. Mas ninguém estava se importando. Essas crianças mestiças eram ruins por natureza graças a seus pais ou mães, não demorou muito para que assassinatos começassem a acontecer em nossa cidade. Invasões, brigas, violência contra mulheres, irmãos escravizando irmãos, festas, orgias... tudo que há de mais profano e contra leis que existe! -disse o velhinho com desprezo- percebendo eles que eu não ia me juntar, começaram a querer me persuadir, a mostrar a maravilha das trevas... nao demorou para a cidade que antes era iluminada pelo sol ganhar uma densa nuvem negra em cima da mesma. Não quis ter parte com a escuridão então fugi para este local isolado a 19 anos e... agora vivo aqui
- 19 anos é muito tempo. O senhor não tem família ou amigos? -perguntou Meraki
- todos eles me esqueceram, não se importam. Acredito que achem que eu esteja morto. Eles começaram a aprender magia, visitavam os magos negros e ninguém podia contra eles -sua voz dele começa a embargar como se quisesse chorar- ah, meu amigos! Eu sinto saudade, como eu queria salvar vocês! -lamentou ele
- não há nada que possamos fazer para ajudar seus amigos e família?
- eu tentei, mas eles recusaram qualquer tipo de salvação. Minha esposa... meus filhos... todos me desprezavam, sabe como é ser desprezado pelas pessoas que você mãos ama? Lembro-me de ir até o mais alto monte e gritar para qualquer força ou qualquer um que pudesse me escutar para que salvasse minha família, e então, uma brisa suave tocou meu rosto e soprou para outra direção. Alguns dias depois, um Soldado bate na minha porta dizendo que infelizmente eles não quiseram ser salvos e que a própria escuridão transborda de seus corações. A partir deste dia ele fez uma viagem comigo me levando até o Poeta para que eu não ficasse totalmente só. Esta pessoa maravilhosa e incrível cuidou das minhas feridas emocionais em seu jardim particular onde eu sentia enorme paz e prazer. Até mesmo quando voltei para minha casa ele esteve comigo, dentro de mim, em meu coração, dividimos um só corpo nos tornando um
- então o senhor parou de falar com ele -disse Takeshi
- sim -disse com pesar- eu acabei deixando a carência e a solidão serem maior do que a presença do Poeta, e ele não brigava comigo em relação às minhas escolhas. Acabei cedendo e... me relacionei com uma ninfa do lago. Ela veio até mim enquanto eu me banhava no lago. Foi uma relação de meses até que ela tentou me matar. Mas a matei primeiro... depois deste dia, depois de fazer coisa horríveis e ter machucado o Poeta, não tive mais cara para chamá-lo para uma conversa. Estamos sem nos falar a seis anos. Mas este ano é diferente, porque vocês trouxeram ele
- na verdade ele nos trouxe aqui. Ele nos deu a instrução de descer até sua casa. Mas não sabíamos que além de nos dar abrigo ele queria consertar uma relação antiga -digo ao mesmo
O velhinho deu um sorriso sincero, largo e brilhante
- a propósito, não perguntei seus nomes
- me chamo Meraki. Estes são meus amigos Adalia e Taleshi.
- eu me chamo Uriel. Agora, contem‐me sua história. Como conheceram o Poeta e por que estão vagando por terras desconhecidas?
Contamos a ele toda a nossa história, o começo de tudo e até mesmo como encontramos Takeshi. Há um brilho de admiração nos olhos de Uriel, ele sorri encantado com nossa trajetória.
Quebra de tempo
Durante a madrugada enquanto todos dormiam, meus olhos se abrem por conta de um pesadelo que tive mas não me lembro como ele era. Me levanto silenciosamente querendo um pouco de ar fresco na janela então de repente ouço vozes e risadas.
Na ponta do pé vou até a cozinha vendo Uriel conversar e rir bem baixinho com alguém, pelo ambiente gostoso e caloroso formado ali, eu sabia que era o Poeta, estou feliz por eles terem voltado a se falar... ou melhor... por Uriel ter voltado a falar com ele.Na manhã seguinte acordo com um cheiro muito convidativo de algo que ainda não consegui identificar.
Ao me levantar da cama, vou até a cozinha ver oque cheira tão bem.Uriel está de um lado para o outro terminando de por a mesa do café, ele está cantarolando uma música enquanto fica na ponta dos pés para pegar algo em cima do armário
- você acordou! -exclamou ele- vamos, chame os outros, eu fiz um café muito bom para vocês
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O Soldado, O Poeta e o Rei [Em Revisão]
FantasyCriada em um vilarejo por um mestre, a jovem Adalia leva uma vida simples sendo aprendiz de guerra para ajudar outros jovens exilados nas florestas sombrias e resgatar aqueles que precisam da cidade perdida. Adalia não sabe seu lugar de origem, muit...