A luz da esperança

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Adalia narrando

Escorada no canto da parede observo o rapaz que ainda está no chão, agora ele dorme pois está sem força, mas não paro de dizer a mim mesma que se eu tivesse tido mais coragem ele não estaria assim. Eu poderia salva-lo, eu poderia lutar contra aquele dementador. Mas meu corpo respondeu ao medo. Talvez a culpa seja minha

Vejo uma mão estendendo um prato de comida para mim, o dono dessa mão é do rapaz que possui um olho de cada cor

– você precisa comer

– obrigada –pego o prato de sua mão

– meu nome é Kaizer, a propósito

– Adalia

– vai mesmo ficar se culpando pensando no que poderia ter feito pada salva-lo mas não fez?

– como sabe disso?

– eu observo as coisas. Conheço esse olhar de pesar pata a vítima e ao mesmo tempo seu lábio inferior da uma pequena tremida demonstrando repulsa por si mesma. Não foi culpa sua, qualquer um teria a mesma reação que você

– você é realmente bom –figo impressionada com a comida no canto da boca

– esse Eu Sou... o nome dele é Poeta, não é?

– sim. Eu antes o conhecia apenas como Poeta, mas agora ele me apresentou um outro nome

– "no princípio era o verbo. O verbo estava com o Rei e o verbo era o Rei" essa frase até hoje permanece permanece um mistério para mim

– como você sabe sobre ela? Você mora nos campos próximos do Soldado?

– eu era o melhor soldado dele. Eu invadia cidades como essas, resgatava os cativos, derrotava monstros junto com o Poeta –um sorriso nasce em seu rosto enquanto ele fala, mas logo se desfez para se tornar um semblante triste– mas nesta última missão eu acabei sendo preso e não consegui mais sair. As trevas apagaram a luz e o desespero passou a ser minha rotina. As vezes eu sinto falta deles... Tenho para mim que os três, Soldado, Poeta e Rei, são a mesma pessoa mas em ocasiões diferentes

– e como isso seria possível?

– tem muita coisa que não é possível e eles fazem. Isso vai permanecer sendo um mistério até que eles queiram nos contar, ou melhor, lhe contar. Não acho que ele vá me dizer alguma coisa

eu quero sim. Quero contar tanta coisa a você

Kaizer me olha assustado tentando identificar de onde veio essa voz.

– quem disse isso

– eu, o Poeta

– você também está ouvindo, não é? Eu não estou louco? –perguntou a mim

– sim. Eu estou ouvindo

Animado ele sorri como criança mas tenta se conter ao máximo. Logo Kaizer se levanta indo até o lado de fora, foi nesse tempo em que o rapaz que estava dormindo acordou confuso.
Vou até o mesmo pondo o prato de comida no chão, seus olhos arregalados procuram por algo, ele está inquieto e não diz uma palavra

– se acalme! Você está bem?

– eu fui atacado

– eu sei, eu vi, mas está tudo bem agora. Como você se chama?

O Soldado, O Poeta e o Rei [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora