Chá da tarde

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– o cozido está pronto –diz o Poeta aparecendo na porta da cozinha– por favor, venham comer, deve fazer um tempo que não comem uma refeição decente

Nos dirigimos até sua cozinha deixando-o muito feliz pois nasceu um sorriso largo em seu rosto. A parede de sua cozinha também é verde abacate assim como sua calça, há um jarro de girassol no centro da mesa e dois pequenos jarros de margaridas em cima do armário baixo e outro perto da pia. A luz solar que invade sua janela deixa tudo mais lindo, os pássaros cantavam do lado de fora e uma pequena borboleta amarela entra pela janela pousando na margarida próximo a pia

O Poeta põe a bandeja na mesa e nela estava o cervo já cortado em pedaços para nós, ele também pôs grãos em vasilhas de cerâmicas para nos servirmos à vontade, os pratos estavam alinhados nos lugares e tinha a conta exata de pessoas assim também como os talheres de prata. Na frente dos pratos há xícaras e não demora muito para que ele ponha água quente saída direto do fogo dentro delas, ele disse que é chá e todos que passam por sua casa gostam muito dele

– por favor, sentem-se –disse ele

Puxamos as cadeiras nos sentando a mesa, nós nos servimos conforme nossa fome e confesso que tudo posto na mesa está chamativo demais. Huazei encheu seu prato, ele realmente está faminto aparentemente

– você realmente está com fome, Meraki

Todos paramos e nos entre olhamos confusos pois em momento algum dissemos nossos nomes a ele

– como sabe meu nome? –perguntou Meraki confuso

– eu sei de tudo. Também sei os nomes de vocês dois –diz apontando para mim e Takeshi– você é Adalia e você é o Takeshi

– isso é incrível –disse Takeshi admirado– como você se chama?

– Poeta

– você não tem nome? Apenas se chama Poeta?

– exatamente. Está boa a comida?

– sim –respondeu Meraki com as bochechas cheias e isso tirou uma risada do Poeta

– seu jardim é realmente lindo, você cuida muito bem de suas flores –digo a ele

– minhas preferidas são os lírios do campo. Já viu como eles reluzem ao raiar do sol? Simplesmente magnífico

– estamos em uma missão, resgatar exilados das cidades perdidas.  Enos nos disse que sem você não poderíamos continuar essa viagem pois não conseguiremos –prosseguiu Meraki

– Enos está certo, eu sou a peça mais essencial da viagem de vocês e, se não me rejeitarem, até depois que concluírem a missão, eu estarei com vocês, pois nossa amizade será para sempre assim como sou com Enos

– bem, estou disposto a tentar. Espero que meus amigos também estejam

Todos nós concordamos e isso deixou o Poeta muito feliz pois mais uma vez nasce em seu rosto delicado um sorriso de orelha a orelha.
Pego a xícara para provar o chá noto que há duas pequenas flores violetas boiando no líquido. Dou um sorriso de canto e provo o mesmo ficando fascinada com a explosão de sabores que se fez na minha língua

– o seu chá é maravilhoso!

– sabia que iam gostar. Podem ficar o tempo que quiserem, quando se sentirem recuperados poderão seguir sua viagem

– muito obrigado –agradeceu Takeshi

Após terminarmos de comer, fomos para o jardim no lado de fora, sempre há borboletas de diversas especies e cores voando entre as flores e as abelhas também, dias cores são mais vivas, o amarelo e o preto fazem a junção perfeita ninguém ofusca a cor da outra, todas se sobressaem

– o que acharam? –perguntou o Poeta aparecendo ao nosso lado– gostaram do jardim?

– é realmente lindo

– oh... Uma flor murchou –disse em um tom triste

O mesmo foi até a flor, que é uma rosa cor de rosa, delicadamente passa seus dedos em suas pétalas e a flor que antes estava curvada, com sua coloração quase toda preta e murcha, seu caule se levantou e ela se tornou bonita, brilhante e com uma cor mais viva do que antes fora

Nossos queixos caíram no chão e a única coisa que se passava em nossas cabeças é: quem é esse homem?

– como você fez isso? –perguntou Takeshi impressionado

– a imensidão do meu poder não cabe a vocês agora

– você deu vida ao que estava morto. O que é você? –perguntou Takeshi

– Eu Sou oque Sou. Sei oque ressoou em seu coração, Takeshi, e não culpo você, pois suas crenças são diferentes dos seus amigos, mas eu não sou um cosmo ou uma energia positiva, eu sou uma pessoa que porta uma grandeza inimaginável

Isso é incrível, tem tanto para se descobrir, tanto para ver, e não sei até onde posso ver.
Quando anoiteceu, o Poeta preparou a ceia e nós comemos com ele mais uma vez, ele nos contava as maravilhas dos reinos e que mesmo com toda maldade que infelizmente habita nele, ainda há muita beleza

Durante a noite, em seu jardim, voavam vários vagalumes entre as flores e perto das janelas da casa. Takeshi estava com sua cabeça recostada na parede enquanto estava de pé encostada na mesma, seus olhos estavam fechados e seu corpo balançava lentamente de um lado para o outro

– parecem cansados –disse o Poeta pondo sua mão no ombro de Takeshi e o mesmo abre os olhos um pouco assustado– o quarto de vocês está pronto, caso queiram descansar podem ficar a vontade

– eu vou descansar um pouco –disse Takeshi alongando seu corpo– onde fica o quarto?

– está na segunda porta a direita

Takeshi desejou boa noite a todos nós e agradeceu ao Poeta pela gentileza. Huazei e eu ainda ficamos com o Poeta por um tempo conversando sobre nossa viagem e como conhecemos Takeshi

– vocês vieram uma grande aventura, na verdade, ainda vão viver mais aventuras, porque a viagem de vocês acabou de começar

– acho que lhe contamos a parte do homem ruivo que sempre está conosco. Bem, nem sempre. Ele só aparece quando nos metemos em problemas ou quando estamos prestes a morrer. De ontem para hoje passamos por várias flores tóxicas que nos deixaram muito mal, mas ele apareceu e cuidou de nós, ainda acendeu uma fogueira para nos aquecer do frio

– eu o conheço. Um homem muito admirável em seu trabalho!

– então você sabe o nome dele? –perguntei curiosa– eu queria muito saber mas ele não nos conta

– bom, se ele não conta, nao será eu. Há coisas neste reino que deve ficar em oculto, não porque vocês não estão prontos, mas porque suas mentes ainda são muito novas para compreender

– entendi –digo desanimada

– mas não desanime. Logo logo essas coisas vos será compartilhada. Agora vão descansar, tiveram um dia bastante cheio

– você não vai dormir? –perguntou Meraki se levantando

– eu não sinto sono. Podem descansar pelo tempo que desejarem

Nos despedimos do Poeta e voltamos para dentro, Takeshi já estaba e seu terceiro sonho apenas com a cabeça para o lado de dentro de cama e metade de seu corpo para fora.
Meraki e eu demos um pequeno riso diante da cena, o mesmo consertou seu corpo na cama e foi para a sua que fica ao lado da parede.
Ao me deitar na cama, uma tranquilidade e uma paz me atinge, e ela é tão grande, que minhas pálpebras foram pesando ficando cada vez mais impossíveis de ficarem abertas

Começo a bocejar, meus olhos vão fechando cada vez mais até que caí em profundo sono.

O Soldado, O Poeta e o Rei [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora