O salão de espelhos

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Meraki narrando

Não lembro como vim parar dentro da cidade e nem como minha mochila desapareceu. Os moradores disseram que uma aura de fogo rodou rodou meu corpo e uma explosão aconteceu agatsando as criaturas das trevas que vieram me atacar. Como eu queria estar acordado para ver isso, mas infelizmente perdia consciência por tamanho poder do Poeta.
A cidade é seca, solo rochoso e rachado, cercada por montanhas sombrias cuja uma nuvem negra paira sobre nós, a luz do sol tem dificuldade de penetrar sobre elas.

A luz das várias velas iluminam a sala, nela há vários espelhos que me cercam, todos eu consigo ver meu corpo inteiro, não vejo saída, PS espelhos me cercam e onde quer que eu vá eu os encontro. Perdido olhando de um lado para o outro buscando uma saída ouço uma risada triunfante, mas não parecia ser de um ser sobrenatural e sim de uma pessoa.
Ao me virar para frente dou de cara comigo mesmo, mas com roupas diferentes. Minhas roupas estão manchadas de sangue e minhas mãos estão com sangue fresco e eles pingam da ponta dos meus dedos para o chão

Estou sujo e machucado, meu olhar vazio me encara junto com um sorriso amargo.
Olho para mim mesmo vendo que estou limpo e não sujo de sangue, mas por que no reflexo estou como antes...?

– o espelho revela meu passado –digo a mim mesmo encarando com curiosidade o espelho

– não, eu revelo oque está escondido no seu interior –respondeu meu reflexo

Assustado dou passos para trás, minhas costas tocam o outro espelho e imediatamente volto para frente, balanço minhas mãos para ver se o reflexo responde mas ele não se move, apenas me encara sem desviar seu foco

– o que é você? –pergunto assustado

– eu sou você

– não, você não sou eu. Eu sou esse Meraki, não sou esse assassino

– eu não estou no espelho, Meraki, eu estou dentro de você, morto, no fundo do abismo do seu ser. Realmente achou que poderia viver uma vida normal sem pagar pelos seus crimes?

– eu já fui perdoado

– por quem? Pelo Poeta? Ele foi uma vítima sua ou um parente?

– mas ele é a própria bondade. A alegria, esperança, ele é matéria de todas essas coisas

– ele também é a justiça, não é? Acha que ele vai te deixar impune? Não acredito que você tenha sido tão ingênuo ao ponto de achar que até mesmo a bondade poderia te absolver

– ele absolveu. Ele me curou, ele me perdoou

– mas um dia a sua conta vai chegar, Meraki. Não tem como evitar. Por que acha que ele te mandou para cá?

– para cumprir a missão

– sim, claro –ele dá uma gargalhada irônica– na terra onde a liberdade foi amarrada? Você está aqui para morrer

– é mentira! –grito

– você nunca vai deixar de ser um assassino, Meraki. É oque você é e sempre será. As suas vítimas dizem isso

Todos os reflexos de todos os espelhos se transformaram nas vítimas. Crianças, idosos, jovens, mulheres e homens, todos eles diziam a mesma coisa. "Assassino" "você deveria estar morto" "ninguém te perdoou, Meraki" "seus amigos estão fingindo, eles tem medo de você". Tudo isso foi me enlouquecendo, são vozes muito altas e por mais que eu as mande parar elas não se calam.
De repente tido ficou em silêncio, me encontro ajoelhado no chão com minhas mãos tapando meus ouvidos, as lágrimas escorrem para o canto dos meus lábios trêmulos

O Soldado, O Poeta e o Rei [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora