O Soldado, O Poeta e o Rei [Em Revisão]

O Rei

– o Rei? De qual reino? Onde estamos? –perguntou Kaizer

– no meu reino. Cidade de Liv –ele direciona sua atenção para o homem ruivo que também o olha de volta– pode voltar, você fez um bom trabalho

Dando passos para trás com um sorriso, ele curva a cabeça em forma de despedida e então some diante dos nossos olhos. Nada que já não estejamos acostumados.
O Poeta também não está mais ao lado do Rei, não sei como e nem quando ele desapareceu.

O Soldado guardou sua espada, disse que precisava voltar, e então, andou na direção oposta e sumiu com apenas um piscar de olhos. Isso é novo para nós

– como você fez aquilo? Você é um leão? De onde saiu? Como sabia que estaríamos aqui? –perguntei

– aqui é a frente do meu reino. Não gosto de balbúrdia em meu reino e muito menos que mecham com meus aventureiros –explicou o Rei– eu os trouxe para cá justamente para me encontrarem e parabeniza-los pessoalmente por tamanha coragem. Kaizer voltou a luta, não tem ideia do tamanho da minha felicidade. Takeshi conseguiu um novo companheiro de batalhas cujo nome é Ezra, o ex ladrão, e também não fugiu de una batalha é lutou como ninguém havia lutado antes. Adalia voltou a acreditar e com isso ascendeu a esperança no coração de Kaizer e quando ela deixou de acreditar, você a animou. Meraki fez um novo aprendiz cujo nome é Oli, você é digno de um líder

– como sabe disso? –perguntei

– quem acha que escolheu vocês? Tudo acontece porque eu permito

– isso ainda está confuso... O que você é exatamente? –perguntou Meraki

– vamos ao palácio. Precisamos de roupas novas e de comida também, à mesa eu contarei oque precisam saber

– realmente podemos seguir você? –perguntou Takeshi com temor

– mas é claro. Não há motivo para temer, eu salvei vocês, não é?

Com essa afirmação, o acompanhamos em silêncio ao seu palácio. Nossos corações estavam inquietos já que una tempestade de dúvidas se formou e ventos de muitas  perguntas sopram em nossa mente.
Na frente de seu reino pudemos ver as ruas impecáveis, não há um rastro de sujeira, aparentemente o sol brilha mais forte resplandecendo todo o ambiente.
O povo anda de um lado para o outro cumprindo seus afazeres, mas ao ver o Rei, todos se curvam e onde quer que ele passe todos tomam a mesma atitude.

Há jardins e fontes de águas que jorram no centro da cidade, ela não parece ter início e nem fim como um ciclo infinito cujas águas nunca vão secar.
Há várias árvores espalhadas pela cidade, suas folhas brilham e seus frutos são chamativos e aparentemente suculentos, suas flores também são lindas, eu nunca vi flores tão bonitas e brilhantes antes.

Mais a frente vimos um enorme castelo branco com detalhes tão delicados que parecem ter sido esculpidas pelas mãos mais doces e delicadas de todo o reino.
Mas passamos pelo mesmo indo para atrás dele, o Rei disse que queria nos mostrar algo, especialmente para mim. Fico curiosa pois não sabia oque era e nem oque poderia ser então comer a fazer várias perguntas esperando uma resposta

– espere e verá –respondeu ele

– só uma dica, por favor

– eu quero que você reconheça o lugar, já que obviamente não me reconhece

– a gente já se viu antes?

Ele fica em silêncio nos guiando até o caminho.

Minutos depois se termos andando um bom pedaço chegamos a um campo aberto. Ao longe vejo os aldeões trabalhando e sorrindo, as crianças correm por todo campo e algumas mulheres carregam cestas para suas casas.
A minha esquerda posso ver uma cerca, o vento que vem da mesma atinge meu rosto me deixando nostálgica.

Não é só isso que me deixou nostálgica  tudo aqui me lembra minha antiga vila. Mas essa cerca é idêntica a da minha antiga casa

– ainda não me reconhece?

Me viro de frente para o mesmo tentando entender oque ele estava querendo me dizer

– eu sei que se passou muito tempo, mas eu não mudei absolutamente nada, minha criança

De repente como se uma venda fosse tirada dos meus olhos pude ver que o Rei na verdade é Lion.
Meu coração disparou em uma velocidade indescritível, meus olhos arregalados denunciam meu espanto. Uma confusão mental se inicia, dando curtos passos para trás demosntro que não sei reagir a tal revelação.
Um nó se forma em minha garganta, minha visão começa a ficar embacada graças às lágrimas que brotam em meus olhos.

Não consigo chorar, abro a boca várias vezes para tentar dizer algo mas nada sai.
Então sinto braços calorosos me envolverem e só então as lágrimas escorrem pelo meu rosto. Estou chorando feito criança, quanto mais a dor em meu coração aperta, mais forte Lion me abraça para me confortar

– eu não queria te magoar, eu juro –digo entre soluços– me perdoa, por favor

– criança, eu já te perdoei desde o primeiro dia quando começou a frequentar a cidade perdida

– eu não voltei antes porque tive vergonha. Não sabia se ia me aceitar

– eu sempre te aceitarei de volta. Não tinha um dia sequer que eu não esperasse você voltar. Meu amor transcenderá o tempo, meu amor ficou com você mesmo quando você decidiu ir embora e ele nunca partirá

– você me esperou por tanto tempo...

– Eu sou o amor, e o amor é paciente. Estou tão feliz com a sua volta

Ao me acalmar me separo do seu abraço, com seu polegar ele enxuga minhas lágrimas e então levanta minha cabeça

– uma vez no alto da colina eu vi um grande leão não tão distante de mim. A luz da lua pousava sobre ele mas não sei para onde ele estava indo. Era você?

– sim. Agora vamos voltar, escuto o som de seus estômagos reclamando de fome

E gastamos outros muitos minutos andando até que chegamos novamente ao palácio. Os grandes portões dourados se abrem, entramos com ele e ele nos conduziu até o banheiro para tomarmos um banho. Ele me conduziu a um e os meninos foram para outros banheiros, isso me deu a entender que ele possui muitos cômodos e eu não sabia da existência deste castelo. Eu tenho tantas perguntas...
Depois de um longo, bem longo, muito longo banho, vesti as roupas que foram deixadas para mim no banheiro, ruas são brancas e com detalhes dourados por todas elas, dignas da roupa de de Soldado real.

Quando fiquei pronta, um homem me conduziu até a sala de jantar onde uma longa e farta mesa me aguarda. Takeshi e Meraki já estavam sentados, Kaizer acabou de chegar e já pegou seu lugar na frente de um enorme cervo que está servido em una bandeja de prata.
Lion sentou-se no centro, me sentei ao lado dos meninos; ao lado direito de Lion sentou o Soldao e ao lado do Soldado o Poeta. Eles nos olham com um olhar de satisfação enquanto nossa mente entrou em uma tremenda confusão, principalmente a minha, pois não sei como Lion conhece esses dois.

Todos nós comemos de tudo um pouco que estava na mesa, a comida deliciosa descia como a água mais pura de uma nascente nos fazendo bem e dando vontade de comer cada vez mais.

– Lion, como conhece o Soldado e o Poeta? –perguntei

– trabalhamos juntos. Somos uma família na verdade

– mas o Soldado disse que ele e o Poeta são a mesma pessoa...

– de fato –respondeu o Poeta– eu sou a representação dos dois em um só e também tenho minha própria personalidade e tarefa que é orientar, consolar, guiar e ajudar

– "no princípio era o Verbo. O verbo estava com o Rei e o verbo era o Rei" una moça em um dos campos do Soldado me disse isso quando perguntei algo sobre ele. O que quer dizer?

– que eu já existia antes mesmo do mundo ser mundo. Eu, nós, somos a própria existência

– já entendi que não são humanos –disse Takeshi

– eu posso ver sua forma não humana, Lion? –perguntei

– não é possível me ver e continuar viva