Os caminhos

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– não vou conseguir ficar nesta casa depois de tudo que vivemos –falei– podemos ir embora?

– sim. Vamos pegar nossas coisas e seguir viagem

Entramos novamente dentro da casa e de imediato a saudade nos atingiu o peito. Pegamos nossas armas, nossas mochilas, a comida que Uriel nos disse que poderíamos pegar e também suas ervas medicinais.
Na porta, demos uma última olhada para trás lembrando dos gritos de Uriel, com um sorriso no rosto demos adeus a casa e ao memorável velhinho rabugento que decidiu acolher três jovens aventureiros.

Seguimos colina abaixo até entrarmos em uma floresta novamente, pela trilha estreita e cheia de pequenas pedrinhas o silêncio do luto reinava, não há um traço de alegria ou algum assunto que a gente queira falar, o aperto da dor da perda esmaga nossos corações.
Talvez fosse erro nosso, nós apegamos demais a Uriel.

Ao cair da noite saímos da floresta e entramos em um campo aberto, ouvimos uma queda d'água muito forte vindo da direção em que caminhávamos. É uma cachoeira.
Descemos até a mesma para encher nossos cantis de água

– gente, podemos passar a noite aqui –disse Takeshi olhando por detrás da cachoeira

– o que tem aí? –perguntou Meraki indo até ele

– uma caverna. Podemos nos esconder até mesmo dos caçadores que querem nos prender... ou nos matar

Meraki olha por detrás da queda d'água vendo que realmente há uma caverna escondida ali

– vamos entrar e passar a noite aqui. Amanhã seguiremos nossa viagem

– é seguro? –pergunto receosa

– sim. Confie em mim

Meraki foi o primeiro a entrar, depois Takeshi, e por último eu. Dentro é úmido, obviamente, algumas goteiras pingam no centro da caverna, é escuro e frio, mas é tudo que temos para passar a noite em segurança.
Comemos aqui, e vamos dormir aqui, tremendo de frio nós ficamos grudados um no outro.

No auge da madrugada, quando a escuridão deveria estar assolando todo o ambiente, sinto uma luz em meu rosto. Não estava conseguindo dormir bem por conta do frio que está na caverna; abro meus olhos lentamente percebendo que a caverna está iluminada com diversas cores. Rosa amarela, verde, todas as cores possíveis.
Assustada olho ao redor querendo saber de onde está vindo essa luminosidade

A água que dá cachoeira que cobre a entrada da caverna também está brilhando

– Meraki, Takeshi –sacudo os mesmos- acordem

– o que!? O que aconteceu!? –perguntou Meraki assustado

– olha! A caverna está brilhando e a água também!

Maravilhados eles se levantam, saímos da caverna observando que tudo estava brilhando incluindo a grama, as plantas e até mesmo as flores.
As folhagens das árvores e dos arbustos das cores azul e amarelo, branco e rosa e até mesmo roxo e verde, emitem uma luz misturada de cores como um arco-íris. A água cristalina da cachoeira brilha em azul cigano e a grama verde ilumina nossos pés

– isso é incrível! –disse Takeshi maravilhado

De repente ecoou pelo céu um rugido assustador, nosso momento mágico terminou, corremos novamente para dentro da caverna assustados pois este som é o mesmo que ouvimos na casa de Uriel. É um dragão.
No fundo da caverna grudados um no outro escutamos o forte bater de asas que se distanciou cada vez mais a medida em que ele voava em sua velocidade. Decidimos então ficar dentro da caverna até o amanhecer, foi a decisão mais prudente e sábia que já tomamos desde que iniciamos essa viagem.

O Soldado, O Poeta e o Rei [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora