Liberdade

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As lágrimas escorrem pelo meu rosto enquanto imploro para que qualquer coisa ou alguém ouça minhas suplicas e ao mesmo torcendo para que Kairo não me veja assim.

– vento que sopra de todas as direções possíveis, leve o meu pedido de socorro, me puxe para fora do desastre! Me tira daqui... por favor, me tire daqui –digo chorando

Depois de tanto chorar, limpo meu rosto e busco a calma dentro de mim, saio do quarto e abro a porta indo em direção a festa. Kairo já estava lá, estava dançando e se divertindo com seus amigos e decido não incomoda-lo.
Me escoro em uma parte da festa perto de um tronco de árvore, olho para cima não vendo os monstros ou as cordas, acho que eles não aparecem sem a luz específica da lua batendo nas folhagens.

– você sabe que aqui não é o seu lugar –disse uma voz masculina ao meu lado

Ao olhar para meu lado esquerdo vejo um homem alto parado ao meu lado com os braços cruzados que eu não sei como e nem de onde veio, mas está aqui. Seu cabelo é ondulado da cor ruivo, e ele tem olhos verdes, comparado a aparência de um ser mais delicado e puro de todo o reino.

– por que está aqui se não quer estar aqui? –o mesmo prosseguiu com sua pergunta

– eu não sei... Me perdoe, mas de onde você saiu?

– eu venho de muitos lugares, agora me responda a pergunta que eu lhe fiz

– eu já disse que não sei, apenas estou aqui. Você costuma frequentar esse lugar? Nunca vi seu rosto por aqui

– eu só venho quando necessário. Essas manchas nunca vão apagar sua verdadeira identidade, Adalia, sabe que aqui não é seu lugar. Vá para casa

– por que você fica...? –ao olhar para o lado vejo que o homem sumiu– dizendo isso... Para onde ele foi? E como sabe meu nome?

Kairo vem até mim me tomando em um abraço perguntando se eu já estou melhor, repondo o mesmo da maneira mais seca possível porque minha atenção está voltada em achar o homen que apareceu e desapareceu do nada.
Então escutamos gritos e algo se quebra no chão, olhamos para o centro da festa vendo dois garotos brigando. Um estava por cima do outro distribuindo socos em seu rosto enquanto o outro tentava se defender. O garoto que estava por baixo pega um dos cacos do copo que se quebrou do chão e corta o rosto de seu amigo que sai de cima dele com a mão no rosto

O sangue escorre de seu rosto e isso o deixa mais irado, então o garoto aponta para ele o caco que ele usou para feri-lo deixando o outro rapaz hesitante em ataca-lo

– eu não posso... Não posso fazer isso! –diz o garoto que hesitava em contra atacar

– com quem ele está falando? –perguntou Kairo

E então seu corpo se estende no ar e em questão de segundos ele cai morto. Um alvoroço e gritaria começa por todo ambiente e então no meio de toda essa correria eu vejo o homem que apareceu do meu lado a pouco tempo atrás parado no meio de todos que pareciam não se importar com sua presença imóvel ali. Ele me encara atentamente e some em fração de segundos, o procuro por todos os cantos e não o encontro, então corri para casa assustada junto com Kairo

– o que foi aquilo!? -pergunto assustada

– eu não sei... Deve ter sido o efeito do vinho

– não, Kairo, nem venha me dizer que foi ilusão ou que foi culpa do álcool porque todos viram aquilo! Me diz oque aconteceu lá fora!

Kairo solta o ar pela boca e hesita em me contar a verdade

– apenas vá descansar, seria informação demais para uma madrugada só

– Kairo...

– por favor, Adalia, vá para cama –respondeu ele em um tom rude

Insatisfeita vou me deitar na cama, viro de um lado para o outro não conseguindo dormir pois a cena daquele garoto sendo suspenso em pleno ar e então cair morto no chão permanece na minha cabeça. Será que... Foram os kontrolluri? Sandy disse que se nos recusarmos a seguir suas ordens eles nos matam, quando aquele garoto disse que não poderia fazer aquilo com o outro ele acabou morrendo. E se isso acontecer comigo? E quando chegar minha hora? Não quero ter que matar alguém ou algo do tipo.

Estou deitada no silêncio esperando pelas trombetas que sinalizam uma invasão. Quero sinais, quaisquer sinais de que alguém virá me salvar. Ao mesmo tempo quero sinais do meu próprio corpo que diga que ainda estou viva. Eu deveria me refugiar? Ou esperar por uma ajuda que pedi ao vento?

– mas que tola –digo entre risos– ironicamente comigo mesma

Debaixo do nosso sangue ruim nós ainda temos um vestígio de bondade, mesmo sob ruínas aqui é um lar, ainda é um lar aqui
Não é tarde demais para reconstruir ele
Porque uma chance em um milhão e se ninguém vier eu prefiro apostar nessa chance.

Acabei pegando no sono por alguns minutos, então de repente ouço som de trombetas sendo tocadas e de algo explodindo do lado de fora. Me levanto assustada e Kairo faz o mesmo, ouvimos gritarias e correrias do lado de fora. Alguém abre a porta de casa e entra desesperado indo até o quarto. Esse alguém é Sandy

– estão invadindo a cidade! –disse ela assustada

Nos levantamos depressa indo para o lado de fora, pois não seria nada seguro ficar do lado de dentro, seja lá oque estiverem usando para explodir as coisas uma hora podem jogar contra a casa e estaremos aqui dentro esperando a morte. Do lado de fora tivemos a visão de soldados cortando algo em pleno ar, eles davam saltos enormes e cortavam algo, só assim pudemos ver as pessoas segurarem seus pescoços e sair por aí com sorriso no rosto

Estão libertando eles dos monstros

Um outro exército se opôs aos soldados, estão segurando espadas e são pessoas comuns como eu, Kairo e Sandy, gente que até pouco tempo estavam festejando conosco e agora estão indo guerrear em uma guerra onde eles claramente não querem participar. Então tudo ficou claro, os kontrolluri apareceram sem a luz da lua e eles estavam obrigando as pessoas a contra atacarem os soldados. Os soldados faziam de tudo para não mata-los e passavam por cima dos mesmos cortando as cordas, as pessoas livres eram direcionadas a entrar na mata junto com outros soldados que os levariam para un local seguro

Algo explodiu próximo a nós, nos abaixamos no chão protegendo nossas cabeças; meu ouvido começou a zunir e minha visão estava embaçada por conta da poeira, inesperadamente sinto alguém me puxar pelo braço e passar a espada por cima da minha cabeça

– vamos! -disse ele

Olho para trás vendo que Kairo e Sandy também estão sendo resgatados e sendo levados para direções opostas. Não consigo vê-lo direito e mesmo quando minha visão voltou ao normal não pude ver o seu rosto muito bem pois estamos focados em correr para longe daqui
Adentramos dentro da densa escuridão da mata até chegarmos a um local totalmente desconhecido no meio do nada, parecia ser um campo e nele havia uma casa, várias na verdade, então posso dizer que aqui é uma vila.
O soldado me põe dentro de uma das casas e diz para mim não sair de lá até que ele volte e então mais uma vez ele sai pela porta

O Soldado, O Poeta e o Rei [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora