Capítulo quatro

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  Droga.

  — Ah meu Deus... — eu passo a tremer mais, e é impossível controlar as lágrimas. O spray quase cai, e enquanto o seguro pego o meu celular e começo a discar os números de Amelia outra vez.

  São os mesmos olhos fixantes daquela noite, a mesma pele branca e os mesmos lábios convidativos. Os cabelos pretos são quase azulados e as mãos estão nos bolsos da calça jeans.

  O homem dá um passo em minha direção e eu grito outra vez.

  — Eu disse para não se aproximar!

  — Respire, Elie.

  Mil vezes droga.

  — Como você sabe o meu nome? — ele dá outro passo em minha direção.

  — Não se aproxime. — eu tento disparar o spray, mas esqueci de tirar a tampa e ele não funciona. O homem volta a andar e eu não hesito em correr para o meu carro, ao mesmo tempo em que ligo para Amélia.

  Então, mais uma vez e para que eu me desespere mais, ele me impede de continuar parado na minha frente. Como na outra noite.

  — Mas que droga. — tento correr para outra direção, mas ele me segura.

  — Eu só quero conversar. Só quero conversar sobre aquela noite.

  O desconhecido me solta e eu tampo o rosto com as mãos, me perguntando onde me meti.


  Eu conto até três e tiro as mãos do rosto.

  — Tudo bem, mas você pode fazer isso depois de dar três passos para trás e me entregar o meu spray de pimenta. — ele faz o que peço e ergue as sobrancelhas.

  — Eu não quis assustar você.

  — Mas assustou. Quem é você e como sabia que eu estava aqui?

  — Eu estava no mercado e te vi. — é claro que eu não acredito.

  — Você matou aqueles homens?

  — Eu não os matei. Sei que você não gostaria disso.

  — O quê? Como você sabe que eu não gostaria disso?

  — Está dizendo que quer que eu os mate? — arregalo os olhos e tiro a tampa do spray.

  — Não quero que mate eles, quero que me diga o que você fez com os dois.

  — Nós três demos um passeio e eu os deixei na cidade vizinha.

  — Por que fez isso? E o que significa um passeio?

  — Acho que você sabe as respostas para as duas perguntas. — engulo em seco.

  — Eu agradeço do fundo do meu coração por ter me ajudado, mas isso é assustador. Eu mal consigo dormir e de repente você aparece aqui.

  O estranho se aproxima e eu dou passos largos para trás, até encostar em algum carro, que infelizmente não dispara nenhum alarme.

  — Como sabe o meu nome? Você está me seguindo? Te agradeço por ter me ajudado, mas isso é assustador. — engulo em seco e olho ao redor. Ele dá mais um passo em minha direção.

  — Você... Você me disse que não se aproximaria.

  — Você não deve acreditar em estranhos.

  Mil vezes droga.

  Automaticamente, todo o meu corpo responde ao desespero que sinto, e a única coisa que consigo fazer é erguer o spray de pimenta. Estou pronta para atingir o meu ex-herói, mas ele toma o objeto da minha mão.

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