Narrado por Elie
12 de julho
Eu olho para as árvores ao meu redor e semicerro os olhos enquanto procuro por qualquer movimentação que possa ser Sloan, mas não vejo nada. Tenho certeza que ele está aqui, mesmo sem saber porquê. Suspiro e me estico no banco, deitando. Fecho os meus olhos e me lembro dos dele.
Depois de minutos com os olhos fechados pensando em tudo e ao mesmo tempo nada, eu ouço um barulho alto vindo do outro lado da mata, entre as árvores grandes e grossas. Me sento automaticamente.
— Sloan? — é impossível impedir o meu coração de acelerar.
Me levanto rapidamente e procuro alguém por perto, sentindo um fio de esperança e uma tonelada de medo. Um grito feminino e agudo ecoa até mim.
— Quem está aí? — infelizmente, é óbvio que não é quem eu quero ver, mas me preocupo porque pode ser alguém que está perdido e se machucou. De repente, um ser pequeno e bonito pula para fora das árvores. Arregalo os olhos e me pergunto se ela ouviu quando eu conversava sozinha e tinha certeza que a presença por entre as árvores era de Sloan, e não dela. A mulher de pele negra e cabelos cacheados e volumosos, sorri amarelo ao dizer oi.
— Oi. — respondo, confusa.
— Eu sou... Sou a Luce. — gagueja. Seus olhos escuros estão arregalados e enquanto ela se aproxima sutilmente, e eu reparo na sua barriga volumosa.
— Eu me chamo Elie. Você está bem? Eu ouvi um grito.
— Sim, é que eu me assustei quando vi um esquilo. — sorrio, aliviada, mas quando me lembro que ela pode ter ouvido todo o meu drama, esse sorriso vacila.
— Desde quando você estava aí?
— Ah, já faz um tempinho... — Luce coça a nuca e eu sinto o meu rosto perder a cor. Será que a presença que senti era a sua em todo momento e eu acabei falando sozinha mesmo?
Murcho como um balão.
— Sim, eu ouvi tudo o que você disse. Me desculpa, eu não sabia como agir.
— Ah... — arfo.
— Desculpa, sério. Eu acabei chegando aqui sem querer, estou sozinha e a pé, então vi o seu carro e decidi pedir ajuda.
— Você estava caminhando por aí sozinha? Como veio parar numa via deserta? — ela se encolhe e eu percebo que é uma longa história.
— É uma história complicada... Eu posso me sentar? — aponta para o banco atrás de mim, eu assinto e a ajudo a se sentar. O corpo de Luce é pequeno demais para a sua barriga enorme.
— Quantos meses? — pergunto ao me sentar do seu lado.
— Quase oito. — força um sorriso, tentando fingir felicidade. Eu franzo o cenho ao ver a sua reação e ela repara — Bom, resumindo, é uma gravidez de risco. O meu namorado me abandonou, a minha família acha que eu sou louca, literalmente, a ponto de eu ter que fugir de um "hospital" e acabar ficando perdida por não ter como sustentar o meu filho. Ah, e agora eu estou me abrindo com uma estranha que conheci no meio de uma mata. — seus olhos estão fixados em alguma das árvores ao nosso redor. Algo me diz que ela não conversa com alguém há muito tempo.
— Eu sinto muito. — digo depois de um tempo e ela parece despertar de seus pensamentos e se lembrar de mim. Luce sorri e tira os tênis com os próprios pés, ficando descalça. Ela veste uma blusa de moletom cinza e grossa, e uma calça marrom do mesmo tecido.
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A Fera
RomanceEle sempre esteve por perto. Sempre. Ele nunca parou de me observar, cuidando para que eu nunca ficasse em perigo, para que nada de mal acontecesse comigo. Se algo desse errado, simplesmente aparecia, me ajudava e, então, sumia outra vez. Ele me pr...