Capítulo trinta e quatro

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  Eu levo horas para explicar sobre como tudo começou, sobre quem (ou o que) eu sou, porque estamos aqui e quem são essas pessoas. Quando eu chego em Arthur, sinto o meu peito apertar ao contar que ele amará alguém que morrerá (ser uma descendente de Zarina me torna imune a maldições, então ele não pode se apaixonar por mim e me amar mais do que a si mesmo, o que eu devia achar bom por saber o destino que o seu amor terá). Eu interrompo a minha explicação ao ver o rosto de Cassie paralisado e sem cor.

— Cassie, tá tudo bem?

— Arthur é o rapaz de cabelo escuro e olhos azuis?

  Franzo o cenho.

— Você o conheceu?

— Elisa, Arthur é uma fera? — ela pede confirmação do que eu acabei de contar.

— Sim.

  A garota se senta na cama enquanto aperta o próprio pescoço, tentando respirar. Será que ela tem asma ou algo do tipo?

— O que foi? Cassie, respira fundo. — tento, mas parece piorar.

  Abro a porta do quarto, desesperada, e grito por ajuda.

  Arthur é a primeira pessoa a chegar no quarto e ele corre até Cassandra. August e a minha mãe chegam logo depois, seguidos de Stewart e a governanta, Jessie.

  Arthur segura o rosto dela com as mãos, uma de cada lado, e a olha nos olhos.

— Cassie?

  Eu fico sem entender, mas todos ao meu redor parecem saber o que está acontecendo. Levo mais um segundo, mas a ficha finalmente cai: ela é a mulher da maldição que há em Arthur.

  Cassandra — a minha nova irmã e única amiga, que minutos atrás me ouviu dizer sobre o que sou sem se assustar e simplesmente disse que eu sou um ser incrível, me fazendo gostar de mim por um breve e único momento na minha vida — está destinada a morrer. E Arthur, a única pessoa que conseguiu fazer o meu coração bater mais forte, foi destinado a amá-la mais do que a si mesmo.

  O pior é saber que se eu não tivesse naquela rua, naquele momento, eu não teria conhecido Cassie e a trazido para cá, e então nada disso estaria acontecendo.


~~~*~~~


Um ano se passa.

  Cassandra e Arthur ficaram cada vez mais próximos e isso dói cada vez mais em mim e, com certeza, em August também.

  Eu me afastei completamente de Arthur, e nós nos falamos apenas algumas vezes nesses meses todos, mas me aproximei mais de Cassie e passei a amá-la tanto que o meu peito parece despedaçar todas as vezes em que eu penso no destino que ela está fadada a ter.

  August e ela ainda são amigos, mas ele se distanciou um pouco também; começou a trabalhar em um comércio e agora mora sozinho, além de que está namorando uma garota chamada Rose, que conheceu no trabalho.

  Estou sentada em um banco que fica no jardim agora bem cuidado — a minha mãe e Jessica, sua nova amiga, cuidam dessa casa como se ela fosse um bebê enorme e ela se tornou a mansão mais bonita que eu já vi (como se eu tivesse visto muitas). Ouço passos amassando a grama perto de mim, e o cheiro do perfume dele antes que ele se sente ao meu lado.

— Oi.

— Oi, Arthur.

— Como você está?

A FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora