Capítulo trinta e dois

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Narrado por Elie


  Eu vejo Sloan saindo de dentro da barraca e olhando ao redor. Automaticamente me viro para o lado oposto ao dele.

— Meninas, disfarcem. — digo para as duas morenas, mas elas fazem o oposto, olhando para o Sloan, que está acompanhado por Antony.

— Elie. — Sloan me chama, inconformado.

— Surpresa! — forço um sorriso e elas sorriem ao meu lado. Luce solta o seu algodão doce (ela fez Amélia comprar porque sentiu desejo) e diz "uhu".

— Eu te disse que seria perigoso você vir até aqui.

  Eu penso em como explicar porque estamos aqui — eu queria ter vindo desacompanhada, mas Amélia nunca me deixaria vir sozinha e Luce não nos deu chance de impedi-la.

— Devemos entrar. — nós assentimos e o acompanhamos até a barraca.

  É um lugar pequeno, do tamanho das outras barracas do parque. Há uma mesa redonda no centro, um móvel (como uma cômoda), que tem recipientes sobre sua superfície, assim como algumas caixinhas de madeira, além de um frigobar no canto.

  Desperto ao ouvir o som de uma cadeira se arrastando no palco de madeira. Olho para a direção do barulho e encontro Elisa. Ela parece agitada ao me ver, colocando o cabelo atrás da orelha e sorrindo de forma alegre, eu juro que seus olhos parecem lacrimejados daqui.

— Elie! — seu sorriso aumenta, mas não sei de onde a conheço.

— Oi. Você deve ser a Elisa. — ela respira fundo e assente, ainda sorrindo.

— Sim. É um prazer conhecê-la, mas achei que você não viria.

  Há um longo minuto de tensão na tenda e todos esperam que eu responda. Tiro o que trouxe do meu bolso e decido me explicar. É que... é complicado.

— A minha mãe encontrou algo nas coisas do meu pai e eu descobri que tinha que falar com você. — eu pego a bolsa que levo ao lado do meu corpo e a abro, tirando a foto de lá. A olho por um breve segundo antes de aproximar-me de Elisa e estendê-la em sua direção.

  Revelados no papel, estão três adolescentes que se abraçam de lado, duas garotas e um garoto. A primeira tem um cabelo preto e volumoso que bate abaixo do seu peito e olhos claros, a do meio tem cabelo ondulado e claro e, por último, há um rapaz de cabelos curtos, e mesmo com a fotografia acinzentada, é quase como se eu conseguisse ver cor nos seus olhos, de um castanho-mel amarelado um pouco mais claro que o da mulher em minha frente.

  Mesmo sem os nomes deles escritos atrás da foto — Cassandra, Elisa e August, respectivamente —, eu reconheceria o garoto. É o meu pai.

— Conheceu o meu pai?

— Sim. — Elisa sorri, me sinto agitada — Não éramos muito parecidos, mas August é o meu irmão gêmeo.

  Finalmente me toco e presto atenção nos traços de Elisa, estranhamente parecidos com os meus. O meu pai me contava que o meu nome foi escolhido em homenagem à irmã do meu pai, que desapareceu quando eu ainda era bebê.

— O meu pai me falava de você, mas eu achei que você estivesse morta.

  Elisa abre a boca para me responder, mas Nico a interrompe com uma pergunta.

— Como isso é possível? Você é uma descendente de Zarina, e se você é, ela é também. — ele a olha confuso.

— O que tem de impossível nisso? — Amélia indaga. Confesso que eu não faço a mínima ideia disso também.

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