— E esse? — Amélia pergunta segurando um vestido vermelho e brilhante. Largo a blusa que segurava e forço um sorriso.
— Acho meio muito chamativo. — digo com sinceridade. O vestido chega a me dar dor nos olhos.
— Meu Deus, Elie, você não gosta de nenhum. — fica perplexa. O seu humor está completamente diferente do de ontem, mas eu tenho a certeza de que ela está só tentando fingir que não está triste.
— Ainda faltam quatorze dias pro meu aniversário, nós vamos achar algum vestido até lá. — ela me olha com a boca aberta.
— O que você seria sem mim?
Balanço a cabeça negativamente e a ajudo a procurar um vestido que me agrade. Por causa de ontem, quero que ela se sinta o melhor possível. Bom, eu não sei o que aconteceu porque ela simplesmente não conseguiu me dizer, desabou a chorar quando eu perguntei e não parou até dormir comigo na minha cama, e eu decidi não perguntar mais sobre o que aconteceu. Sei como ela é, e quero que me conte o que a deixou tão mal quando se sentir pronta para contar — por mais que eu esteja morrendo de curiosidade.
O problema é que quando ela está triste, eu acabo fazendo tudo o que ela quer só para vê-la melhor — o que na maioria das vezes se resume em passar o dia torrando o meu salário em roupas ou doces, e fazer massagem nos seus pés enquanto ela chora (assistir um filme dramático nessas horas é como uma lei). Além disso, ela me deu um nome: Nico. Eu tenho certeza de que foi alguém que partiu o seu coração, e é a primeira vez que isso acontece com ela.
— Ei. — a olho, ela coloca um vestido azul em frente ao seu corpo e faz pose. De início eu acho que é algum tipo de blusa rasgada, mas acabo percebendo que é um vestido.
— Isso é um vestido? — me aproximo e olho a etiqueta na sua barra — Meu Deus, esse é o preço dele? Não entendi, mal tem pano. — sussurro e ela segura uma revirada os olhos.
Nós ficamos em silêncio e eu fico com medo dos seus pensamentos caírem em Nico, então trato de puxar assunto.
— Tenho que te falar uma coisa. — arqueia uma sobrancelha e não me olha por nem um mísero segundo, mas me incentiva a continuar — Eu tenho um encontro. — no mesmo instante Amélia solta o vestido que segurava no chão e volta toda a sua atenção para mim.
— O quê? Você? — ela fala como se fosse algum tipo de piada e é a minha vez de revirar os olhos — Com quem?
— Lukas. Nós estudamos com ele por alguns anos. — ela ainda não sabe de quem estou falando — O loiro da biblioteca, que vimos mês retrasado.
O sorriso no rosto da morena surge lentamente e eu sei que está controlando a vontade de me apertar como se fosse uma criança, mas sua felicidade me contagia e eu sorrio a vendo tão empolgada.
— E onde vocês vão ir?
— Ele não quis dizer. Quer que seja surpresa.
— Tudo bem, vamos fingir que isso não é meio estranho, e sim romântico. Mas como você vai saber com que roupa ir?
Abro a boca para me pronunciar, mas ela me interrompe.
— Vamos procurar algo para você. Depois cuidamos do seu aniversário.
Depois de vários vestidos e conjuntos, acabo encontrando algo que gosto e que eu possa pagar. Nós vamos para uma lanchonete e estamos sentadas quando meu celular toca. Atendo depois de conferir o nome na tela.
— Alô?
— Sou eu. — Lukas.
— Oi. — sorrio.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Fera
RomanceEle sempre esteve por perto. Sempre. Ele nunca parou de me observar, cuidando para que eu nunca ficasse em perigo, para que nada de mal acontecesse comigo. Se algo desse errado, simplesmente aparecia, me ajudava e, então, sumia outra vez. Ele me pr...