Capítulo seis

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— E esse? — Amélia pergunta segurando um vestido vermelho e brilhante. Largo a blusa que segurava e forço um sorriso.

— Acho meio muito chamativo. — digo com sinceridade. O vestido chega a me dar dor nos olhos.

— Meu Deus, Elie, você não gosta de nenhum. — fica perplexa. O seu humor está completamente diferente do de ontem, mas eu tenho a certeza de que ela está só tentando fingir que não está triste.

— Ainda faltam quatorze dias pro meu aniversário, nós vamos achar algum vestido até lá. — ela me olha com a boca aberta.

— O que você seria sem mim?

Balanço a cabeça negativamente e a ajudo a procurar um vestido que me agrade. Por causa de ontem, quero que ela se sinta o melhor possível. Bom, eu não sei o que aconteceu porque ela simplesmente não conseguiu me dizer, desabou a chorar quando eu perguntei e não parou até dormir comigo na minha cama, e eu decidi não perguntar mais sobre o que aconteceu. Sei como ela é, e quero que me conte o que a deixou tão mal quando se sentir pronta para contar — por mais que eu esteja morrendo de curiosidade.

O problema é que quando ela está triste, eu acabo fazendo tudo o que ela quer só para vê-la melhor — o que na maioria das vezes se resume em passar o dia torrando o meu salário em roupas ou doces, e fazer massagem nos seus pés enquanto ela chora (assistir um filme dramático nessas horas é como uma lei). Além disso, ela me deu um nome: Nico. Eu tenho certeza de que foi alguém que partiu o seu coração, e é a primeira vez que isso acontece com ela.

— Ei. — a olho, ela coloca um vestido azul em frente ao seu corpo e faz pose. De início eu acho que é algum tipo de blusa rasgada, mas acabo percebendo que é um vestido.

— Isso é um vestido? — me aproximo e olho a etiqueta na sua barra — Meu Deus, esse é o preço dele? Não entendi, mal tem pano. — sussurro e ela segura uma revirada os olhos.

Nós ficamos em silêncio e eu fico com medo dos seus pensamentos caírem em Nico, então trato de puxar assunto.

— Tenho que te falar uma coisa. — arqueia uma sobrancelha e não me olha por nem um mísero segundo, mas me incentiva a continuar — Eu tenho um encontro. — no mesmo instante Amélia solta o vestido que segurava no chão e volta toda a sua atenção para mim.

— O quê? Você? — ela fala como se fosse algum tipo de piada e é a minha vez de revirar os olhos — Com quem?

— Lukas. Nós estudamos com ele por alguns anos. — ela ainda não sabe de quem estou falando — O loiro da biblioteca, que vimos mês retrasado.

O sorriso no rosto da morena surge lentamente e eu sei que está controlando a vontade de me apertar como se fosse uma criança, mas sua felicidade me contagia e eu sorrio a vendo tão empolgada.

— E onde vocês vão ir?

— Ele não quis dizer. Quer que seja surpresa.

— Tudo bem, vamos fingir que isso não é meio estranho, e sim romântico. Mas como você vai saber com que roupa ir?

Abro a boca para me pronunciar, mas ela me interrompe.

— Vamos procurar algo para você. Depois cuidamos do seu aniversário.

Depois de vários vestidos e conjuntos, acabo encontrando algo que gosto e que eu possa pagar. Nós vamos para uma lanchonete e estamos sentadas quando meu celular toca. Atendo depois de conferir o nome na tela.

— Alô?

Sou eu. — Lukas.

— Oi. — sorrio.

A FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora