Capítulo vinte e quatro

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  Os olhos em minha frente de imediato me lembram o do quadro na casa de Stewart, o quadro da Grande Fera. Dou um passo para trás, mas ouvir Luce gaguejar me faz perceber que não é quem eu achei que fosse.

  — Antony? — ela diz, e os olhos do homem automaticamente voltam ao normal. Ele tem cabelos cor de areia, pele clara, corpo alto e magro. Embaixo dos olhos de Antony há olheiras profundas e a sua blusa verde está um pouco suja de terra assim como a calça jeans escura.

  A fera abre a boca para se pronunciar, sem parecer notar a minha presença, e quando puxa a morena para os seus braços, eu me sinto sozinha. Olho para os lados, mas ele é o único homem amaldiçoado por aqui.

  Luce é apertada com força no abraço do namorado, mas parece não ligar. Quando se afastam, consigo ver que os dois têm olhos cheios de lágrimas. Novamente, o casal começa a falar, mas ela parece não resistir e o abraça de novo, fazendo com que ele ria ao mesmo tempo em que se permite chorar.

  — Não acredito que você está aqui. — ela funga.

  — Eu finalmente te encontrei, Luce. — ele acaricia os cabelos cacheados da namorada e a olha como se fosse a coisa mais bonita do mundo, tão emocionado e fascinado que seus gestos gritam a palavra "amor".

  — Você... Você esteve me procurando esse tempo todo? — ela parece surpresa e, de repente, percebo o quanto se mostrou forte enquanto contava a sua história. Só agora, nos braços de Antony, Luce mostra o quanto esteve sozinha, perdida. Eu dou um passo para trás, pensando em dar espaço a eles.

  Tudo isso acontece de forma estranha demais. Eu, de repente, conheço alguém que passa pelas mesmas coisas que eu como se algo assim fosse a coisa mais comum do mundo, e então ela reencontra o namorado — uma fera — que não vê há meses.

  — Ei, Elie! — me viro para trás. Antony me olha de forma curiosa e profunda, como se soubesse algo sobre mim, me conhecesse. Encolho os ombros e me sinto desconfortável.

  — Sim?

  A morena limpa uma lágrima antes de falar com um sorriso enorme:

  — Esse é o Antony, o meu namorado. Antony, essa é a Elie, a minha nova amiga. — sorrio.

  — Ah, é um prazer. — sorrio e estendo a minha mão.

  — O prazer em te conhecer é meu, Elie. — a sua ênfase me faz arrepiar. Eu o conheço?

  Então me toco que como a maldição passa de geração em geração, ele é da família de Sloan. Talvez seja algo tipo um primo de Sloan e saiba onde ele está. Eu quero perguntar a ele sobre isso, mas seria inconveniente da minha parte porque o momento é do casal em minha frente e eu não posso estragá-lo com os meus problemas. O lado positivo é que esse pensamento me leva a outra ideia que envolve a família de Sloan.

  Stewart.

  — Perdão, mas eu tenho que ir.

  — Tem algo de errado? — Luce tenta tirar o sorriso do rosto, mas não consegue. Até um cego perceberia que os dois estão loucos para matar a saudade um do outro, e Antony olha para a barriga dela com um misto de alegria e culpa.

  — Não, é que tenho um compromisso. — minto e ela pisca de uma forma estranha e discreta, como se dissesse "depois conversamos", e eu assinto. Antony finge acreditar.

  Me despeço apressada depois de trocarmos nossos números de telefone, e corro de volta para o meu carro. No caminho até a estrada onde eu estacionei, eu passo por onde vi a moto antes, mas não vejo nenhum sinal dela agora.

A FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora