Os olhos em minha frente de imediato me lembram o do quadro na casa de Stewart, o quadro da Grande Fera. Dou um passo para trás, mas ouvir Luce gaguejar me faz perceber que não é quem eu achei que fosse.
— Antony? — ela diz, e os olhos do homem automaticamente voltam ao normal. Ele tem cabelos cor de areia, pele clara, corpo alto e magro. Embaixo dos olhos de Antony há olheiras profundas e a sua blusa verde está um pouco suja de terra assim como a calça jeans escura.
A fera abre a boca para se pronunciar, sem parecer notar a minha presença, e quando puxa a morena para os seus braços, eu me sinto sozinha. Olho para os lados, mas ele é o único homem amaldiçoado por aqui.
Luce é apertada com força no abraço do namorado, mas parece não ligar. Quando se afastam, consigo ver que os dois têm olhos cheios de lágrimas. Novamente, o casal começa a falar, mas ela parece não resistir e o abraça de novo, fazendo com que ele ria ao mesmo tempo em que se permite chorar.
— Não acredito que você está aqui. — ela funga.
— Eu finalmente te encontrei, Luce. — ele acaricia os cabelos cacheados da namorada e a olha como se fosse a coisa mais bonita do mundo, tão emocionado e fascinado que seus gestos gritam a palavra "amor".
— Você... Você esteve me procurando esse tempo todo? — ela parece surpresa e, de repente, percebo o quanto se mostrou forte enquanto contava a sua história. Só agora, nos braços de Antony, Luce mostra o quanto esteve sozinha, perdida. Eu dou um passo para trás, pensando em dar espaço a eles.
Tudo isso acontece de forma estranha demais. Eu, de repente, conheço alguém que passa pelas mesmas coisas que eu como se algo assim fosse a coisa mais comum do mundo, e então ela reencontra o namorado — uma fera — que não vê há meses.
— Ei, Elie! — me viro para trás. Antony me olha de forma curiosa e profunda, como se soubesse algo sobre mim, me conhecesse. Encolho os ombros e me sinto desconfortável.
— Sim?
A morena limpa uma lágrima antes de falar com um sorriso enorme:
— Esse é o Antony, o meu namorado. Antony, essa é a Elie, a minha nova amiga. — sorrio.
— Ah, é um prazer. — sorrio e estendo a minha mão.
— O prazer em te conhecer é meu, Elie. — a sua ênfase me faz arrepiar. Eu o conheço?
Então me toco que como a maldição passa de geração em geração, ele é da família de Sloan. Talvez seja algo tipo um primo de Sloan e saiba onde ele está. Eu quero perguntar a ele sobre isso, mas seria inconveniente da minha parte porque o momento é do casal em minha frente e eu não posso estragá-lo com os meus problemas. O lado positivo é que esse pensamento me leva a outra ideia que envolve a família de Sloan.
Stewart.
— Perdão, mas eu tenho que ir.
— Tem algo de errado? — Luce tenta tirar o sorriso do rosto, mas não consegue. Até um cego perceberia que os dois estão loucos para matar a saudade um do outro, e Antony olha para a barriga dela com um misto de alegria e culpa.
— Não, é que tenho um compromisso. — minto e ela pisca de uma forma estranha e discreta, como se dissesse "depois conversamos", e eu assinto. Antony finge acreditar.
Me despeço apressada depois de trocarmos nossos números de telefone, e corro de volta para o meu carro. No caminho até a estrada onde eu estacionei, eu passo por onde vi a moto antes, mas não vejo nenhum sinal dela agora.
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A Fera
RomantizmEle sempre esteve por perto. Sempre. Ele nunca parou de me observar, cuidando para que eu nunca ficasse em perigo, para que nada de mal acontecesse comigo. Se algo desse errado, simplesmente aparecia, me ajudava e, então, sumia outra vez. Ele me pr...