Nós estamos todos sentados na sala: eu, Stewart, Jessie, a minha mãe e o casal. O clima está tenso e por algum motivo eu não consigo olhar para o rosto de Arthur.
— Se trata da criança. Ela é a chave para isso.
— Como? — Stewart pergunta para a minha mãe, mas algo me diz que ele já sabe a resposta.
— Se a criança não chegar aos nove anos completos, não há o seguimento da maldição. A nona primavera é a resposta. O Arthur continuará sendo uma fera, mas Cassie continuará viva.
— Mas como ninguém nunca pensou nisso? É óbvio demais. — Arthur pergunta.
— Outros já pensaram. O problema não é o que deve ser feito, mas como. Enquanto no ventre a criança é praticamente imortal, porque há a maldição presente nela e a maldição presente na mãe juntas.
— Então deve ser feito depois do nascimento. — Stewart conclui.
— Sim, alguém poderoso o suficiente talvez consiga.
— Alguém?
— Um descendente de Zarina.
— Você? — Arthur pergunta.
— Não, alguém melhor do que eu. — a minha mãe se vira para mim e então todos me olham — Elisa tem mais poder do que qualquer descendente que eu já conheci. Mas, ainda assim, eu não sei se ela conseguiria sozinha. Se eu ajudá-la as chances são maiores.
Eu procuro algo para dizer, mas a minha preocupação se torna só uma: Cassandra. Os seus olhos estão lacrimejados, o olhar assustado. Completamente o oposto, seu namorado parece empolgado com a notícia.
É como se Arthur não estivesse entendendo que estamos falando sobre matar um bebê inocente, um bebê dele e de Cassie. Ou melhor, ele parece não ligar, contanto que consiga o que quer.
É início de madrugada e eu não consigo dormir. Da minha cama, consigo ouvir a minha amiga fungando enquanto chora; eu sinto o meu peito apertado, mas não sei o que fazer.
— Elisa? — ela sussurra em meio à escuridão do nosso quarto — Você está acordada, né?
— Sim.
— Eu e o Arthur brigamos.
— O que aconteceu? — me viro para a direção da sua voz.
— Você acha que eu estou errada em não querer matar um bebê? Um bebê meu?
— De qualquer forma, você estará escolhendo entre duas vidas.
Ouço-a soluçar. Não imagino como deve ser ter uma decisão dessas em seus ombros.
— Você pode ter dúvidas e pensar, Cassie. Não existe uma decisão certa ou errada nessa situação.
— Eu não queria ter que escolher. — sua voz se torna mais aguda — Ou pelo menos não ter que escolher sozinha. Só que ele tem a mente tão fechada.
Eu fico em silêncio, sem saber o que dizer.
— Ele não tem que...
— Eu sei, a decisão é minha. Mas eu queria que ele conversasse comigo, eu me sinto sozinha.
— Talvez ele já esteja mais aberto a conversas agora. Por que você não tenta falar com ele?
Eu a conheço e sei que ela não conseguirá dormir sem que resolva isso antes.
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A Fera
RomanceEle sempre esteve por perto. Sempre. Ele nunca parou de me observar, cuidando para que eu nunca ficasse em perigo, para que nada de mal acontecesse comigo. Se algo desse errado, simplesmente aparecia, me ajudava e, então, sumia outra vez. Ele me pr...