Quando eu acordo, é como se algo estivesse errado. Sinto minhas mãos suarem frio e meu estômago parece ter virado de gelo. Levanto da cama, engolindo o bolo que se formava nela, e percebo que o cheiro masculino que eu esperava sentir não está mais aqui. Está tudo em seu devido lugar, como se a vida lá fora estivesse em perfeita harmonia. É com esse pensamento — harmonia —, eu me lembro do que aconteceu com Sloan e sinto uma vontade enorme de checar se ele está bem.
Pego o meu celular com a intenção de enviar uma mensagem para ele, mas então me lembro que nem tenho o seu número. É estranho, eu me sinto como uma idiota me sentindo tão próxima a uma pessoa que eu nem tenho salva na minha agenda, mas é como se nos conhecêssemos há várias vidas.
Deixo o celular na cama e vou para o banheiro antes de esvaziar a bexiga e escovar os dentes. Prendo o cabelo num rabo de cavalo enquanto encaro o meu reflexo sem graça no espelho.
Quando eu entro no corredor, vou às pressas até a sala porque ouço o som da TV ligada e automaticamente associo Sloan a ela; só que quando chego lá encontro Amélia e Nico, ela deitada em seu colo. Só de ver os seus machucados recentes, eu me lembro do seu pai e sinto o meu sangue ferver. Nico nota a minha presença.
— Oi, Elie.
— Oi. Cadê o Sloan? — me sento no sofá menor.
Ele franze o cenho.
— Eu não sei como essas coisas funcionam, mas ele já está bem de novo, né?
— Não sei do que está falando. — ele coça a nuca e eu engulo em seco, sentindo que a minha paciência não está em seus melhores dias.
— Isso de perder o controle acontece muito?
— Quê?
— Por que você não responde nenhuma das minhas perguntas? Que droga. — tento me controlar e coço a sobrancelha, batendo os pés no chão. Nico continua com o semblante confuso, então olha para a namorada como se buscasse ajuda.
— Elie, do que você está falando? — a morena finalmente se pronuncia.
— Eu quero saber sobre esses descontroles do Sloan, se são comuns, se ele se machuca, o que fazer... — o de olhos amarelados não me responde nem quando digo com todas as letras, e sinto que estou me segurando para não gritar com ele — Amélia, fala pra ele me responder! — praticamente grito e sinto meu rosto quente de raiva.
— Ei, calma. — ela força um riso — Nico, acho melhor você ir. Mais tarde eu te ligo e nós combinamos melhor. — Nico assente e trocam um selinho antes de ele se despedir de forma receosa e ir.
— Que droga está acontecendo, Amélia?
— Eu que te pergunto. — revira os olhos — Quem diabos é Sloan?
Forço uma gargalhada seca antes de a olhar furiosa.
— Você só pode estar de brincadeira, né? Não tem graça. — ela me olha com uma careta esquisita, como se eu fosse um inseto.
— Eu não sei de quem você está falando, juro. — ela anda até a cozinha e eu a sigo.
— Me fala onde o Nico te disse que ele está.
— Olha, Elie, eu te conto tudo o que o Nico me disse hoje, mas nada tem ligação com nenhum Sloan. — vê-la respirar fundo e abrir a geladeira de forma irritantemente calma, me deixa pior.
— Amélia, eu tô perdendo a paciência. Que tipo de brincadeira ridícula e infantil é essa? — então ela suspira e finalmente me leva a sério.
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A Fera
RomanceEle sempre esteve por perto. Sempre. Ele nunca parou de me observar, cuidando para que eu nunca ficasse em perigo, para que nada de mal acontecesse comigo. Se algo desse errado, simplesmente aparecia, me ajudava e, então, sumia outra vez. Ele me pr...