— Ah, preciso conversar sobre uma coisa com você. Ou melhor, duas coisas. Na verdade, acho que três. — Sloan assente enquanto tenta desembaraçar alguns fios que ficaram enrolados nos seus dedos — Eu conheci um casal. Antony e Luce. O Antony é uma fera. Eu estava na mata e os vi, eu passei o meu número para ela.
— Eu estive lá naquele dia, você viu a minha moto e eu tive que pedir para o Antony me ajudar. Ele estava seguindo os rastros da Luce desde quando ela fugiu de um hospital, e não sabia se devia ou não se aproximar.
— E você o aconselhou?
— Eu acho que sim.
— Como assim acha?
— Eu falei para ele que agora que a merda já estava feita, não ia adiantar nada ficar longe. — ele se refere à gravidez de Luce.
— Nossa, você pode virar um psicólogo. — o critico e vejo-o erguer uma sobrancelha quando desiste de desembaraçar o meu cabelo, o deixando mais bagunçado do que já estava.
— Você não concorda comigo?
— Sim, mas... Você disse com essas palavras?
— Enfim, eu avisei a eles sobre tudo o que aconteceu nos últimos dias, porque temos um objetivo em comum: dar um fim à maldição. Mas não confio neles, pelo menos não ainda.
— Eu acho que eu também não. É muita coincidência. Mas eu gostei da Luce. — ele assente.
— Qual a próxima questão?
— É justamente isso. Vocês encontraram alguma solução enquanto me faziam de louca?
Sinto-o ficar tenso embaixo da minha cabeça. Acho que jogar na sua cara o que ele fez, o perturba mais do que o esperado. Sloan leva por volta de um minuto para me responder.
— Mais ou menos. Eu e sua mãe encontramos algo, mas não é concreto e eu já tinha pensado nisso antes, só que acabou não dando certo.
— O quê?
— Uma outra maldição, só que mais poderosa.
— Uma maldição em cima da outra? Isso é possível?
— Talvez. E sobre o que você quer falar por último?
— A minha mãe. Como vocês se conheceram de verdade? Ela sabe mais sobre tudo isso do que eu, pelo visto.
A fera suspira e se prepara para um longo assunto, antes de finalmente começar a explicar.
~~~*~~~
Nós chegamos na sala e o meu olhar cai na minha mãe, sentada sozinha no sofá menor, com a cabeça baixa. Eu nunca a vi assim. Ou talvez agora veja com outros olhos. Depois de tudo o que Sloan me contou, a minha cabeça está até mais pesada, e confusão me define. Ele me disse que sete anos atrás ela descobriu sobre a maldição enquanto estava começando a superar o abandono do meu pai com Victor, eles estavam indo bem, por mais que ela fosse difícil, mas ela descobriu que ele era um descendente de Zarina e surtou. No último mês, ela se aproximou dele com o objetivo de usá-lo para dar um fim a maldição, custe o que custar — ou seja, a vida de Sloan.
É claro que essa atitude dela me faz querer gritar que ela não pode usar as pessoas assim, mas ao mesmo tempo é tão estranho saber que esse tempo todo ela esteve procurando por aí uma forma de impedir o meu destino de chegar. E talvez esse tratamento estranho dela fosse algum tipo de mecanismo de defesa seu. Perceber que ela realmente se importa comigo me surpreende mais do que o fato de que Sloan sabe mais sobre a minha vida do que eu.
Eu olho ao redor, notando que eles esperaram esse tempo todo enquanto conversávamos. Nico e Amélia estão sentados no sofá maior e Victor está parado, encostado na parede perto da porta principal, de cara fechada.
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A Fera
RomanceEle sempre esteve por perto. Sempre. Ele nunca parou de me observar, cuidando para que eu nunca ficasse em perigo, para que nada de mal acontecesse comigo. Se algo desse errado, simplesmente aparecia, me ajudava e, então, sumia outra vez. Ele me pr...