Capítulo vinte e nove

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— Ah, preciso conversar sobre uma coisa com você. Ou melhor, duas coisas. Na verdade, acho que três. — Sloan assente enquanto tenta desembaraçar alguns fios que ficaram enrolados nos seus dedos — Eu conheci um casal. Antony e Luce. O Antony é uma fera. Eu estava na mata e os vi, eu passei o meu número para ela.

— Eu estive lá naquele dia, você viu a minha moto e eu tive que pedir para o Antony me ajudar. Ele estava seguindo os rastros da Luce desde quando ela fugiu de um hospital, e não sabia se devia ou não se aproximar.

— E você o aconselhou?

— Eu acho que sim.

— Como assim acha?

— Eu falei para ele que agora que a merda já estava feita, não ia adiantar nada ficar longe. — ele se refere à gravidez de Luce.

— Nossa, você pode virar um psicólogo. — o critico e vejo-o erguer uma sobrancelha quando desiste de desembaraçar o meu cabelo, o deixando mais bagunçado do que já estava.

— Você não concorda comigo?

— Sim, mas... Você disse com essas palavras?

— Enfim, eu avisei a eles sobre tudo o que aconteceu nos últimos dias, porque temos um objetivo em comum: dar um fim à maldição. Mas não confio neles, pelo menos não ainda.

— Eu acho que eu também não. É muita coincidência. Mas eu gostei da Luce. — ele assente.

— Qual a próxima questão?

— É justamente isso. Vocês encontraram alguma solução enquanto me faziam de louca?

Sinto-o ficar tenso embaixo da minha cabeça. Acho que jogar na sua cara o que ele fez, o perturba mais do que o esperado. Sloan leva por volta de um minuto para me responder.

— Mais ou menos. Eu e sua mãe encontramos algo, mas não é concreto e eu já tinha pensado nisso antes, só que acabou não dando certo.

— O quê?

— Uma outra maldição, só que mais poderosa.

— Uma maldição em cima da outra? Isso é possível?

— Talvez. E sobre o que você quer falar por último?

— A minha mãe. Como vocês se conheceram de verdade? Ela sabe mais sobre tudo isso do que eu, pelo visto.

A fera suspira e se prepara para um longo assunto, antes de finalmente começar a explicar.

~~~*~~~

Nós chegamos na sala e o meu olhar cai na minha mãe, sentada sozinha no sofá menor, com a cabeça baixa. Eu nunca a vi assim. Ou talvez agora veja com outros olhos. Depois de tudo o que Sloan me contou, a minha cabeça está até mais pesada, e confusão me define. Ele me disse que sete anos atrás ela descobriu sobre a maldição enquanto estava começando a superar o abandono do meu pai com Victor, eles estavam indo bem, por mais que ela fosse difícil, mas ela descobriu que ele era um descendente de Zarina e surtou. No último mês, ela se aproximou dele com o objetivo de usá-lo para dar um fim a maldição, custe o que custar — ou seja, a vida de Sloan.

É claro que essa atitude dela me faz querer gritar que ela não pode usar as pessoas assim, mas ao mesmo tempo é tão estranho saber que esse tempo todo ela esteve procurando por aí uma forma de impedir o meu destino de chegar. E talvez esse tratamento estranho dela fosse algum tipo de mecanismo de defesa seu. Perceber que ela realmente se importa comigo me surpreende mais do que o fato de que Sloan sabe mais sobre a minha vida do que eu.

Eu olho ao redor, notando que eles esperaram esse tempo todo enquanto conversávamos. Nico e Amélia estão sentados no sofá maior e Victor está parado, encostado na parede perto da porta principal, de cara fechada.

A FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora