Capítulo quarenta e cinco

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Narrado por Elie


Nós fizemos uma maratona de filmes natalinos por todas as plataformas de streaming possíveis, e eu me lembro de ir dormir quando o dia estava amanhecendo; simplesmente apaguei sob um balde de pipoca, cheia de brownie e sorvete. Elisa e eu rimos muito debaixo das cobertas da sua cama, em uma noite tranquila que me fez sentir como se uma parte vazia do meu coração estivesse sendo preenchida aos poucos, e não houvesse nenhum mal que pudesse nos alcançar lá fora.

Às nove da manhã, acordei com o meu celular vibrando debaixo do meu travesseiro. Noto que dormi coberta por uma colcha mais grossa do que a de quando peguei no sono.

— Elie. — a voz de Sloan me chama do outro lado da linha, mas a interrompo.

— Bom dia para você também. — digo baixo. Ouço a sua respiração ser atrapalhada por um sorriso, e sorrio de olhos fechados.

— Hoje é o último dia de inscrições da faculdade. Tinha um post-it no espelho do banheiro. — sinto o peso ser colocado nos meus ombros logo de manhã — E eu preciso que você vá comigo até a loja de materiais de construção, e depois ao apartamento.

— Está bem, vou só escovar os dentes e já saio daqui. — ele desliga sem se despedir. Olho para o lado e vejo Elisa despertando, enroscada em um travesseiro. Sinto vontade de reclamar do jeito grosseiro de Sloan com ela, mas me contenho. Vejo-a se levantar e amarrar o cabelo em um coque.

Nós trocamos dois bons dias preguiçosos.

— Tenho uma escova que você pode usar. Quer tomar um banho antes de ir? — nego com um aceno de cabeça e vou lavar o rosto e os dentes — Está frio lá fora. — de canto de olho, a vejo olhando pela persiana da cozinha antes de abrir a geladeira e encher um copo com água. Ela deixa o copo em cima da mesa para que eu beba e vai para o seu quarto, a um metro de distância da cozinha, para voltar com uma blusa de frio depois, a estendendo em minha direção.

Eu sempre pensei que na minha relação com Rose havia carinho, mas que desde pequena fui independente no quesito de me cuidar, só que agora, vendo a preocupação de Elisa com coisas como a quantidade de água que bebo e o frio, fazem com que eu me sinta até desconfortável — não tenho o costume de deixar alguém cuidar de mim assim.

Nós nos despedimos com um abraço demorado, no qual eu com certeza poderia morar para sempre, e marcamos de repetir a nossa maratona de filmes no fim de semana. Quando chego ao estacionamento, lá está Sloan, escorado na moto segurando um capacete que provavelmente não usou.

— Elisa. — Sloan a cumprimenta com um aceno sutil — Tudo bem para você levar a minha moto depois? Meu avô me disse que você gostava de pilotar.

— Sim, mas talvez eu a devolva um pouquinho diferente, meio arranhada, talvez. — ela sorri e ele lança o seu melhor sorriso forçado, sem saber como demonstrar qualquer tipo de reação que não a indiferença — Me liguem caso precisarem, certo? Nós nos vemos de noite.

— Elisa quer testar algumas coisas comigo e Nico. — digo para a fera, que concorda.

Nós nos despedimos e eu vou até o banco do motorista com Sloan ao meu encalço. Me traz certa nostalgia ao vê-lo sentado no meu banco do passageiro, parecendo pequeno demais para ele.

— O que exatamente vamos fazer nessa loja?

— Comprar azulejos. Também tem algumas coisas de decoração, acho que você vai gostar. Ontem pintamos as paredes e descobri que gostei de ver uma casa tomando forma.

Por um breve segundo, consigo imaginar um futuro onde Sloan eu nos tornamos pessoas bem-sucedidas, o seu semblante queimado de sol ao chegar em casa após um dia de trabalho, como um renomado engenheiro — e eu viva, não importa como.

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⏰ Última atualização: Apr 21, 2023 ⏰

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