O relógio marca quase uma hora da manhã quando eu passo a me preocupar muito com o sumiço de Amelia. Ela devia ter chego aqui há, no máximo, duas horas atrás, e isso não aconteceu. Eu confiro o meu celular outra vez, mas sem esperança de encontrar alguma mensagem sua e, realmente, não há nada de novo. Segundo o aplicativo, a última vez que ela esteve online foi quando me pediu para acompanhá-la no enterro.
Sem querer, alguns minutos depois, eu pego no sono.
Quando acordo, já é de manhã. A primeira coisa que faço depois que abro os olhos é ver se Amelia não me deixou nenhuma mensagem, e isso ainda não aconteceu. Eu ligo para o seu celular e ele, quase que automaticamente, cai na caixa postal. Todas as mensagens que enviei desde que ela saiu daqui ontem não foram recebidas pelo seu celular, e eu me sinto cada vez mais desesperada. Se o homem de ontem fez algo com ela, eu nunca vou me perdoar por tê-la convencido daquilo.
Eu me levanto do sofá com o pescoço e costas doendo, vou até o banheiro escovo os dentes depois de lavar o rosto.
Antes de abrir a porta principal, tento falar com ela outra vez, mas é em vão. As minhas pernas estão tremendo levemente, estou nervosa e com medo de ter acontecido algo perigoso com ela. Como pude ser burra o suficiente para deixá-la ir andando para casa às dez da noite?
Eu destranco a porta e giro a maçaneta com o coração cada vez mais acelerado, a fecho atrás de mim e ponho os pés para fora de casa.
Quando vejo o corpo magro de Amelia andando até mim, tenho vontade de gritar com ela por ter me feito sentir tanto nervosismo, mas ao ver o seu rosto machucado, tudo muda.
O meu coração está apertado e minha garganta fechada, além dos olhos ardendo. Eu rapidamente vou até ela e a ajudo a vir até a porta e entrar comigo. Está andando curvada, com o lábio superior machucado e o olho esquerdo tão inchado que não consegue abri-lo.
Nós andamos devagar até o sofá, eu a ajudo a se sentar e sinto um frio subir pela minha espinha quando a ouço gemer de dor ao tentar esticar o seu corpo. Eu pego na barra da sua blusa, a mesma que usava ontem.
— Posso? — ela mexe a cabeça. Eu ergo o tecido para cima e olho a sua barriga com uma marca enorme roxa — Eu vou chamar uma ambulância.
— Não! — ela diz rápido e se arrepende logo depois, contraindo o lábio inchado — Eu levei uma hora até chegar aqui. Não pode deixar ninguém ver isso. — sua voz soa abafada e ela fala com cuidado, parando para tomar fôlego.
Fecho os olhos com força, tentando me manter calma e fazer o que ela pede. Eu me levanto e vou até a cozinha, pego um copo de água e volto a me sentar ao seu lado. Seus machucados estão limpos, o que não consigo entender.
— O que aconteceu? — quando ela segura o copo de água, posso ver os seus dedos tremendo.
— Ele chegou do nada, eu não vi que estava em casa.
— O Nico? — depois que pergunto, consigo ver uma lágrima escorrer pelo seu olho aberto.
— Minha vizinha me ajudou, mas quando ela disse que ia ligar para a polícia, eu dei um jeito de vir embora.
— Por quê?
Ela nega com um aceno de cabeça.
— Eu só quero tomar um banho.
— Amelia, foi o Nico? Me diz, por favor.
— Não... Não foi. Eu preciso de um banho, Elie. — gagueja.
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A Fera
RomanceEle sempre esteve por perto. Sempre. Ele nunca parou de me observar, cuidando para que eu nunca ficasse em perigo, para que nada de mal acontecesse comigo. Se algo desse errado, simplesmente aparecia, me ajudava e, então, sumia outra vez. Ele me pr...