Capítulo onze

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O relógio marca quase uma hora da manhã quando eu passo a me preocupar muito com o sumiço de Amelia. Ela devia ter chego aqui há, no máximo, duas horas atrás, e isso não aconteceu. Eu confiro o meu celular outra vez, mas sem esperança de encontrar alguma mensagem sua e, realmente, não há nada de novo. Segundo o aplicativo, a última vez que ela esteve online foi quando me pediu para acompanhá-la no enterro.

Sem querer, alguns minutos depois, eu pego no sono.

Quando acordo, já é de manhã. A primeira coisa que faço depois que abro os olhos é ver se Amelia não me deixou nenhuma mensagem, e isso ainda não aconteceu. Eu ligo para o seu celular e ele, quase que automaticamente, cai na caixa postal. Todas as mensagens que enviei desde que ela saiu daqui ontem não foram recebidas pelo seu celular, e eu me sinto cada vez mais desesperada. Se o homem de ontem fez algo com ela, eu nunca vou me perdoar por tê-la convencido daquilo.

Eu me levanto do sofá com o pescoço e costas doendo, vou até o banheiro escovo os dentes depois de lavar o rosto.

Antes de abrir a porta principal, tento falar com ela outra vez, mas é em vão. As minhas pernas estão tremendo levemente, estou nervosa e com medo de ter acontecido algo perigoso com ela. Como pude ser burra o suficiente para deixá-la ir andando para casa às dez da noite?

Eu destranco a porta e giro a maçaneta com o coração cada vez mais acelerado, a fecho atrás de mim e ponho os pés para fora de casa.

Quando vejo o corpo magro de Amelia andando até mim, tenho vontade de gritar com ela por ter me feito sentir tanto nervosismo, mas ao ver o seu rosto machucado, tudo muda.


O meu coração está apertado e minha garganta fechada, além dos olhos ardendo. Eu rapidamente vou até ela e a ajudo a vir até a porta e entrar comigo. Está andando curvada, com o lábio superior machucado e o olho esquerdo tão inchado que não consegue abri-lo.

Nós andamos devagar até o sofá, eu a ajudo a se sentar e sinto um frio subir pela minha espinha quando a ouço gemer de dor ao tentar esticar o seu corpo. Eu pego na barra da sua blusa, a mesma que usava ontem.

— Posso? — ela mexe a cabeça. Eu ergo o tecido para cima e olho a sua barriga com uma marca enorme roxa — Eu vou chamar uma ambulância.

— Não! — ela diz rápido e se arrepende logo depois, contraindo o lábio inchado — Eu levei uma hora até chegar aqui. Não pode deixar ninguém ver isso. — sua voz soa abafada e ela fala com cuidado, parando para tomar fôlego.

Fecho os olhos com força, tentando me manter calma e fazer o que ela pede. Eu me levanto e vou até a cozinha, pego um copo de água e volto a me sentar ao seu lado. Seus machucados estão limpos, o que não consigo entender.

— O que aconteceu? — quando ela segura o copo de água, posso ver os seus dedos tremendo.

— Ele chegou do nada, eu não vi que estava em casa.

— O Nico? — depois que pergunto, consigo ver uma lágrima escorrer pelo seu olho aberto.

— Minha vizinha me ajudou, mas quando ela disse que ia ligar para a polícia, eu dei um jeito de vir embora.

— Por quê?

Ela nega com um aceno de cabeça.

— Eu só quero tomar um banho.

— Amelia, foi o Nico? Me diz, por favor.

— Não... Não foi. Eu preciso de um banho, Elie. — gagueja.

A FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora