Capítulo trinta e nove

9.6K 942 195
                                    

Há um tempo eu parei de atualizar A Fera aqui por alguns motivos que, caso queiram saber, outra hora eu entro em detalhes. Há uns dias uma leitora me chamou e me pediu pra voltar e, mesmo que não tenha muita gente aqui mais, eu vou continuar por ela e por você que está lendo isso. Me perdoe se já tem tanto tempo que você esqueceu do que leu no último capítulo, então: os personagens estão observando pelos olhos de Elisa, uma descendente de Zarina (a mulher que lançou a maldição), um flashback de anos atrás, na época dos pais de Sloan. Cassandra é o nome da mãe dele, e Arthur o nome do pai.
Espero ter ajudado a não se sentir tão perdido(a). Obrigada por estar aqui e boa leitura <3

~~~~~~



  Noah está diferente de como eu me lembrava, de tempos atrás quando eu apodreci a sua mão. Não é só o cabelo maior ou as tatuagens, mas ele parece ter envelhecido uns três anos e se passou apenas um e pouco.

   Nesse exato momento, estamos sentados na mesa de jantar da sua casa, comendo uma pizza. Cassie e eu chegamos fazem uns trinta minutos e eu ainda não tive coragem de olhá-lo nos olhos ou sequer encarar o seu rosto por mais de dois segundos. Ele também não fez nenhum comentário sobre o que eu fiz a ele, mas usa uma luva vermelha na mão que ferrei.

   — O que aconteceu com os garotos? — Cassie quebra o clima tenso, ou tenta. Ergo o olhar para Noah, curiosa, me lembrando que além da minha amiga haviam outros garotos com ele.

   — Uma semana depois eles encontraram um lugar.

   — E você?

   — Também encontrei o meu lugar. — algo me diz que ele não se refere a essa casa. Ela é menor do que a sala de Stewart, há apenas três cômodos: um banheiro, um quarto e uma sala ligada a uma cozinha, divididas por uma mesa de quatro lugares.

   Eu parto para o meu terceiro pedaço e me sinto envergonhada por comer tanto, mas estou faminta. Cassie se levanta ao meu lado, deixando seu segundo pedaço pela metade.

   — Eu vou tomar um banho e dormir, estou morta de cansaço. — assinto, Noah deseja uma boa noite a ela, que o abraça pela quinta vez e anda até mim para abraçar os meus ombros com força antes de sair.

   Fungo, sentindo uma queimação passando rapidamente pela minha garganta.

   Ficamos só eu e Noah na mesa pequena. No centro, está a caixa de pizza com apenas um último pedaço, que ele pega e começa a comer enquanto olha para a madeira. Sua mão com luva está pousada ao lado da caixa vazia e me pergunto mentalmente se ela "funciona". Ele me pega olhando-a e move o braço para debaixo da mesa.

   — Você pode desfazer isso? — é a primeira vez que ele fala diretamente comigo.

   — Não sei, eu posso tentar. — vejo-o assentir lentamente — Posso ver?

   Noah hesita, mas tira a luva e ergue a mão extremamente pálida; as suas veias roxas e escuras são meio que esverdeadas e as pontas de seus dedos enrugados. É quase como se eu pudesse ver a frieza dela através dos seus tremores constantes.

   — Me desculpe pelo que fiz. — suspiro, me livrando do peso nas costas.

   — Você não tem que se desculpar, no seu lugar eu teria feito pior. — um silêncio incômodo dura alguns segundos — Naquela época eu deixei tudo tomar conta de mim.

   — Mesmo assim, peço desculpas.

   Os seus olhos fixam nos meus, tão apagados quanto profundos, e então ele movimenta a cabeça uma vez, assentindo. Terminamos de comer calados.

A FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora