Capítulo vinte e seis

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  Eu acordo e dou de cara com um teto branco. Depois de alguns segundos (ou minutos), eu realmente desperto e olho ao meu redor. Amélia ao meu lado, em uma poltrona desgastada cochilando no colo de Nico, que me olha com as sobrancelhas franzidas. Depois de analisar todo o lugar, que tem paredes brancas e móveis da mesma cor, noto que estou num quarto de hospital.

  Suspiro, e sinto uma queimação forte nas minhas costelas, olho para os meus braços apoiados nos lençóis azuis e vejo que os meus dois antebraços estão enfaixados, assim como a minha barriga, mas esta eu posso sentir, e não ver.

  Ontem cheguei aqui e antes de ficar inconsciente tive tempo o suficiente apenas para murmurar o número do telefone de Victor para uma enfermeira.

  — Olá... você finalmente acordou. — ele se aproxima, sem jeito, depois de colocar a namorada em uma posição confortável na poltrona. Pelo que me lembro, a última vez em que estivemos "a sós" assim foi na madrugada em que eu e Sloan fomos dar uma lição no pai de Amélia. Parece que já se passaram anos desde que isso aconteceu.

  — O Sloan tá aqui? — meu coração bate mais rápido em meu peito e eu ergo o meu corpo, mas sinto-o dolorido e isso me força a me deitar outra vez.

  Nico suspira antes de me responder.

  — Não.

  Eu estou preocupada com ele, na verdade, estou preocupada com todos. E se tudo isso de que ele não existe é um jogo do seu pai, e na verdade Sloan está preso em algum lugar?  

  O meu peito está apertado, mas não é só por ansiedade, eu também estou com saudades.

  — Havia um corpo lá.

  — Um corpo? — o seu maxilar se aperta embaixo da sua barba cheia — Elie, você precisa me contar o que aconteceu.

  — Foi o Arthur. Eu acho que ele até danificou o meu GPS. — eu sussurro a última parte.

  — Quê? — ele olha para trás, conferindo se a morena está bem, e então se aproxima mais — Por que você não me conta desde o começo?

  — Eu planejava ir até a casa do avô do Sloan perguntar que merda está acontecendo, eu encontrei a rua dele no Google e comprei um GPS, já que estou sem celular. Eu achei que estava indo pelo caminho certo, mas aí o GPS começou a me mandar para um lugar estranho e dizia para eu virar uma rua que nem existia. Eu ia voltar para a casa, eu acho... — aperto a minha cabeça, sentindo minhas lembranças embaralhadas — Mas do nada o Arthur apareceu com um corpo e o jogou na estrada, então saiu. Eu desci do carro, mas o Arthur voltou e fez tudo isso comigo.

  — Quem é Arthur? — ele pergunta, sem entender.

  — O pai do Sloan. — digo, impaciente.

  — Ele te cortou assim? — eu assinto, mas vejo a sua expressão se tornar dura antes de ele suspirar de forma pesada — E de quem era o corpo?

  — Acho que era do Lukas.

  — Então esse tal Arthur é quem sequestrou o seu amigo e agora ele está indo atrás de você?

  — Sim, mas eu não sei o que diabos o Lukas tem a ver com tudo isso. — tento me ajeitar, sentindo todos esses curativos me incomodarem.

  — Elie... — percebo pela sua expressão o que vem a seguir: pena e mentiras — Acharam uma faca no seu carro, tinha muito sangue nela e era muito mais do que você perdeu. A polícia está lá fora esperando que você acorde.

  — É porque eu precisei esfaquear o Arthur para conseguir fugir, essa faca era dele. — ele franze o cenho, mas nega com um aceno de cabeça.

A FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora