Eu acordo e dou de cara com um teto branco. Depois de alguns segundos (ou minutos), eu realmente desperto e olho ao meu redor. Amélia ao meu lado, em uma poltrona desgastada cochilando no colo de Nico, que me olha com as sobrancelhas franzidas. Depois de analisar todo o lugar, que tem paredes brancas e móveis da mesma cor, noto que estou num quarto de hospital.
Suspiro, e sinto uma queimação forte nas minhas costelas, olho para os meus braços apoiados nos lençóis azuis e vejo que os meus dois antebraços estão enfaixados, assim como a minha barriga, mas esta eu posso sentir, e não ver.
Ontem cheguei aqui e antes de ficar inconsciente tive tempo o suficiente apenas para murmurar o número do telefone de Victor para uma enfermeira.
— Olá... você finalmente acordou. — ele se aproxima, sem jeito, depois de colocar a namorada em uma posição confortável na poltrona. Pelo que me lembro, a última vez em que estivemos "a sós" assim foi na madrugada em que eu e Sloan fomos dar uma lição no pai de Amélia. Parece que já se passaram anos desde que isso aconteceu.
— O Sloan tá aqui? — meu coração bate mais rápido em meu peito e eu ergo o meu corpo, mas sinto-o dolorido e isso me força a me deitar outra vez.
Nico suspira antes de me responder.
— Não.
Eu estou preocupada com ele, na verdade, estou preocupada com todos. E se tudo isso de que ele não existe é um jogo do seu pai, e na verdade Sloan está preso em algum lugar?
O meu peito está apertado, mas não é só por ansiedade, eu também estou com saudades.
— Havia um corpo lá.
— Um corpo? — o seu maxilar se aperta embaixo da sua barba cheia — Elie, você precisa me contar o que aconteceu.
— Foi o Arthur. Eu acho que ele até danificou o meu GPS. — eu sussurro a última parte.
— Quê? — ele olha para trás, conferindo se a morena está bem, e então se aproxima mais — Por que você não me conta desde o começo?
— Eu planejava ir até a casa do avô do Sloan perguntar que merda está acontecendo, eu encontrei a rua dele no Google e comprei um GPS, já que estou sem celular. Eu achei que estava indo pelo caminho certo, mas aí o GPS começou a me mandar para um lugar estranho e dizia para eu virar uma rua que nem existia. Eu ia voltar para a casa, eu acho... — aperto a minha cabeça, sentindo minhas lembranças embaralhadas — Mas do nada o Arthur apareceu com um corpo e o jogou na estrada, então saiu. Eu desci do carro, mas o Arthur voltou e fez tudo isso comigo.
— Quem é Arthur? — ele pergunta, sem entender.
— O pai do Sloan. — digo, impaciente.
— Ele te cortou assim? — eu assinto, mas vejo a sua expressão se tornar dura antes de ele suspirar de forma pesada — E de quem era o corpo?
— Acho que era do Lukas.
— Então esse tal Arthur é quem sequestrou o seu amigo e agora ele está indo atrás de você?
— Sim, mas eu não sei o que diabos o Lukas tem a ver com tudo isso. — tento me ajeitar, sentindo todos esses curativos me incomodarem.
— Elie... — percebo pela sua expressão o que vem a seguir: pena e mentiras — Acharam uma faca no seu carro, tinha muito sangue nela e era muito mais do que você perdeu. A polícia está lá fora esperando que você acorde.
— É porque eu precisei esfaquear o Arthur para conseguir fugir, essa faca era dele. — ele franze o cenho, mas nega com um aceno de cabeça.
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A Fera
RomanceEle sempre esteve por perto. Sempre. Ele nunca parou de me observar, cuidando para que eu nunca ficasse em perigo, para que nada de mal acontecesse comigo. Se algo desse errado, simplesmente aparecia, me ajudava e, então, sumia outra vez. Ele me pr...